Brincando com a Mestre das Bonecas

Capítulo 14

Na manhã seguinte, arrastei Adrien para fora da cama de Jordan. Ela resmungou durante todo o caminho enquanto Jordan permanecia morta para o mundo. Meus olhos rolaram para o céu quando enfim deixei a mulher cair no chão. O barulho acordou Jordan, que se levantou da cama e olhou para nós com os olhos arregalados.

— Vocês duas calem a boca, estou tentando dormir! — Jordan disse.

— Jordan, Morgan está me sequestrando! — Adrien choramingou do chão.

— Pelo menos ela te dá algo para fazer. — A atenção de Jordan voltou-se para mim. — Vou levantar só a tarde. E após terminarem seu trabalho ela vira meu travesseiro, ok? — Assenti com a cabeça e levantei o polegar para ela. A cozinheira bocejou e se deitou novamente na cama. Adrien olhou para a mulher como se ela tivesse levado um tiro dela.

— Pensei que ela se importaria mais. — Adrien resmungou enquanto se levantava do chão. Balancei a cabeça e estendi a mão para ajudá-la.

— Ela se importa tanto com você para ser o travesseiro dela. Acho que isso seria um elogio. Além disso, ela te ama. Você sabe disso.

— Eu sei.

— Ótimo, agora vista-se. Temos que trazer aquele cara aqui, para ver Donna e então terminar este trabalho. — Adrien assentiu enquanto ela coçava a nuca.

— E como você escapou da caverna do dragão? — Ela perguntou enquanto ia em direção ao armário.

— Donna dorme como uma pedra, então não foi tão difícil.

— Ela sabe que estamos saindo tão cedo?

— Foi mais fácil deixar isso como uma surpresa.

— Por Deus.

— Vamos logo e termine de se vestir! — Eu disse. Jordan nos expulsou do quarto e Adrien pegou suas roupas do armário.

                                                                  (...)

Puxar Adrien pela manhã gélida era uma verdadeira provação, para dizer o mínimo. Ao menos os licanos que cruzavam nosso caminho não nos incomodavam. Minha arma permaneceu guardada enquanto Adrien mantinha uma faca apontada para eles, algo sobre economizar balas. Seus momentos sonolentos e embriagados às vezes me deixavam desconcertada. Ao chegarmos na torre, o sol já havia nascido e o turno diurno dos licanos havia chegado ao fim. O grandalhão lá em cima nos encarou enquanto nos aproximávamos da porta. Ele bufou, claramente frustrado, porém, não tomou nenhuma atitude. Entramos e fomos acolhidos pelo ancião sentado em sua cadeira. Inclinei minha cabeça em sinal de respeito, gesto que foi devidamente retribuído. Adrien permaneceu estática como uma escultura de gelo.

— Olá, de novo estranho! — Brincou o homem gentilmente.

— Recebemos uma resposta sobre sua proposta. — Eu disse calmamente.

— E? — Ele perguntou.

— Podemos fazer isso acontecer. Você quer ver Donna feliz antes de morrer, certo? Podemos fazer isso acontecer hoje. Você está pronto para caminhar? — O homem olhou para nos surpreso.

— Você pode fazer isso realmente acontecer? — Ele perguntou parecendo desconfiado.

— Sim, sim, vamos lá. Fui acordada de madrugada para isso. Podemos ir? — Adrien perguntou irritada. O homem olhou carrancudo para ela e eu enviei um olhar torto para minha companheira.

— Sim, podemos fazer isso acontecer. — Disse mais gentil. Sua atenção se voltou para mim e assentiu.

— Então, deixe-me pegar meu casaco e podemos ir. — Nós duas assentimos enquanto o homem se virava. Quando ele se foi, bati no braço de Adrien. Ela grunhiu em resposta.