the beginning

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Lizzie Passos

10 anos atrás


Eu me lembro até hoje o dia que conheci Anthony Camillo. Foi em uma tarde quente de sexta-feira, depois de horas de viagem presa em um carro para chegar na casa da minha avó. Comemoraríamos o Natal todos juntos, pela primeira vez em dois anos.

Eu tinha quatro anos e tinha acabado de retornar à minha família, depois de toda aquela tragédia. Quando eu cheguei na casa da minha avó, vi duas crianças correndo até mim. Os dois pareciam iguais: dois garotinhos loiros, dos olhos azuis vibrantes e marcantes, além da pele clara.

Tinham me falado alguma coisa sobre o meu cunhado ter irmãos, mas eu não prestei atenção.

─ Oi, muito prazer, eu sou o Andrew! – um dos garotinhos veio até mim. – Anthony, cumprimenta ela!

O segundo, estava mais escondido atrás do irmão. Eu inclinei o rosto de leve, afim de vê-lo um pouco melhor. Suas bochechas estavam vermelhinhas por culpa do seu irmão e ele parecia ter muita vergonha.

─ Eu sou a Lizzie. – eu disse.

─ Eu sou o Anthony... – o mais tímido disse.

Eu sorri para ele, que me olhou nos olhos e sorriu de volta.

Eu era só uma criança, era claro que não entendia bem sobre sentimentos. Eu só sei que passei a me importar mais com aqueles dois.

E passamos vários dias juntos, brincado e nos divertindo, como toda a criança fazia. Andrew era o que mais interagia comigo, enquanto Anthony era o que tinha mais medo de conversar comigo. Estava sempre quieto, com as bochechas rosadas e muito calmo. Aquilo me intrigava, já que calma nunca foi um elemento da minha personalidade.

Entendi que seríamos grandes amigos em um dos jantares na casa da minha avó.

─ É verdade que você foi adotada? – Andrew me perguntou, enquanto comia sua janta.

─ Andrew! – sua mãe o repreendeu.

─ Só foi uma pergunta!

Eu fechei a cara e resolvi não responder. Eu ainda não ficava muito à vontade pra conversar sobre o meu passado e nem explicar como fui parar num orfanato. Naquela noite, eu não tinha tanta vontade de brincar. Victor, irmão dos gêmeos, e Andrew jogavam videogame na sala, enquanto eu só assistia, quieta, o que era preocupante para uma criança tão agitada como eu.

Então, Anthony se sentou do meu lado.

─ Oi.

─ Oi. – respondi.

─ Me desculpa pelo Andrew, algumas vezes ele não sabe o que fala. – ele disse.

Eu sorri.

─ Tudo bem, um dia todo mundo ia saber. – eu disse.

Passamos mais alguns minutos quietos.

─ Você quer desenhar? – ele perguntou.

─ Pode ser. – eu sorri.

Ele pegou seus lápis de cor e alguns papéis, trazendo tudo para o tapete. Continuamos a conversar enquanto desenhávamos e algumas vezes ele me fazia rir.

─ Nossa, o que é isso? – eu perguntei, tentando entender o que era.

─ Era pra ser um cachorro. – ele disse.

─ Você quer ter um cachorro? – eu perguntei.

─ Quero, mas mamãe só vai me dar quando eu tiver doze anos. – ele disse.

─ Por que?

─ Pra eu poder cuidar sozinho.

─ Qual cachorro você quer ter?

─ Um Golden Retriver, bem grande. – ele disse.

─ O Victor tem a Lanna. – eu disse. – E ela é bem grande também, acho que ela vai chegar junto com a tia Angélica.

─ Quem é tia Angélica?

─ Mãe do Victor.

─ O que o Victor é seu? – ele perguntou.

─ Minha irmã disse que ele é meu cunhado.

─ E o que é cunhado?

─ Eu também não sei.

Olhamos um para a cara do outro e começamos a rir, com nossos desenhos horríveis e a falta de conhecimento pior ainda.

Depois daquele dia, Andrew e eu brigávamos de vez em quando, mas Anthony não. Na verdade, ele se tornou o meu melhor amigo. Chegou o dia de ele voltar para Nova Iorque e eu nunca senti tanta dor em toda a minha vida.

E ali, bem no fundo do meu coração e sem saber o porquê, eu sentia que algo novo tinha surgido entre nós dois. Talvez fossem só seus olhos azuis que me chamavam tanta a atenção ou o jeito que ele me acolhia, mas sentia que uma parte de mim ia embora pra Nova Iorque junto com ele.

E no mesmo mundo que tantas garotas se encantam pelo irmão bad boy, eu só queria os braços do Anthony Camillo me acolhendo de novo. O mesmo Anthony que se tornaria o meu melhor amigo para o resto da vida. Mas claro, isso é normal entre melhores amigos. Ou, será que não?

𝐗𝐎𝐗𝐎, 𝐋𝐢𝐳𝐳𝐢𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora