Capítulo 6

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Naquela noite ela não imaginava que aquilo poderia de fato acontecer, com certeza ela temia aquela situação todos os dias. Porém Grace se distraiu e por um momento se esqueceu de Augustus estava lá, tranquilo e alheio de tudo que acontecia ali fora, no terreno da sua família.

Ela ouviu o som da enxada, batendo no rastélo que seu pai carregava, ouviu também a voz de Simon conversando com o pai, ambos se aproximando do celeiro. Mas quando o gelo subiu pelo corpo de Grace, ela arregalou os olhos e correu na direção deles, uma tentativa em vão de impedi-los, mas então ouviu o ranger das portas do celeiro se abrindo.
O senhor Ernesto deixou cair suas ferramentas e até mesmo Simon colocou o cesto da colheita no chão, para seguir o pai.
Que naquele momento ele gritava para o desconhecido que invadiu sua propriedade e se esgueirava no seu celeiro.

- Quem é você, seu vagabundo? - O senhor Ernesto cuspia, seu rosto vermelho e uma veia aparente saltava em sua testa. - O que pensa que está fazendo na minha propriedade?
- S-senhor eu não...- Augustus tentava se explicar
Ernesto se vira para Simon e ordena
- Vá buscar o mosquete agora mesmo. - E o garoto saiu correndo no mesmo instante, obediente.
- Papai! Não. É tudo um mal entendido. - Grace segura o pai pelos braços que já tentava avançar em direção a Augustus.
- Você está envolvida nisso?- Sua voz se explode em irá.
- Querido, o que está havendo, porque Simon está trazendo o mosquete? - Indaga a senhora Elvira acompanhando Simon, já com o mosquete nas mãos. Grace nunca virá Simon assim, um garoto tão gentil e sorridente, segurando aquela arma como se estivesse decidido a matar.

Seu Ernesto toma o mosquete da mão do seu filho e aponta para Augustus.
- Suma daqui agora mesmo, vagabundo!.
O desespero toma conta de Grace, estava aflita e não poderia deixar que aquilo acontecesse. Ela se põe na frente do pai atrapalhando sua mira.
- Pai, por favor me escute. Eu o trouxe aqui, ele estava ferido, sangrando muito. Iria morrer se eu não o ajudasse. - As palavras saiam rasgando a garganta de Grace, que estava apertada de tanta angústia.
- Decidiu trazer um estranho para casa, sem nos contar, Grace você tem algum juízo? Se esse rapaz fez alguma coisa com você. - Seu Ernesto segura mosquete, com força e se move apontando em direção de Augustus que se movia com dificuldade pela cama feno, com ajuda com braços.
- Querido não se altere vamos todos conversar lá dentro, encontraremos uma solução para todo esse mal entendido- disse a senhora Elvira, que tentava acalmar o marido, mas lançava um olhar de repreendendo a filha.
Grace jamais viu sua mãe assim calma em uma situação dessas, pensava que sua mãe seria a primeira a surtar e fazer um escândalo se descobrisse tudo aquilo. Porém dona Elvira tentava mediar o conflito, mas Grace sabia que tinha desapontado profundamente, não só sua mãe, mas todos. Ela havia sido imprudente, mas como poderia não ter sido? Ela se perguntava.

***

A noite se sucederá um caos, Grace tentou ao máximo explicar todas as suas intenções e defender Augustus, ele precisava de um lugar para se recuperar. Mas aquilo parecia impossível para seu pai, que está indignado. Sua mãe estava aflita tentava aliviar o lado de Grace, mas também estava intrigada com a irresponsabilidade da filha de esconder um estranho em casa.
Mas tarde naquele mesmo dia, quando seu Ernesto estava um pouco mais calmo. Ela conversou a sós com seu pai.

- Filha, o que estava pensando? - Seu pai balança a cabeça tentando afastar o absurdo daqueles fatos.
- Já pensou no risco de trazer um homem qualquer para casa poderia trazer para essa família? Você pensou em si mesma ou em Leonor? Pensou na possibilidade da vizinhança descobrir uma façanha dessas?
-Eu não pensei e eu sinto muito. Mas me entenda eu precisei ajudar. Papai ele tinha um ferimento a bala muito grave e estava morrendo na minha frente.
- Se ele tinha um ferimento a bala, então não poderia ser um bom elemento? Já pensou que ele estava a invadir outras propriedades? Eu sei que seu coração é bom demais, querida, mas não dá para ser assim.
- Não, pai. Ele é um soldado...- Grace abaixa a cabeça repensando se poderia contar esse segredo ao seu pai, a verdade poderia comprometer Augustus, mas ela tinha que tentar.
- Ele estava fugindo da guerra pai, acho que ele jamais pediu por aquilo, ele estava assustado, com dor. E eu sinto muito se sou uma decepção para vocês, mas eu nunca vou deixar uma pessoa inocente sofrer uma violência dessas e apenas assistir morrer coberto no próprio sangue.- Ela sentiu que havia revelado muito, ela temia o pior, suas pálpebras tremiam e seu estômago esfriava, tinha ânsia.

Lilac Gale (Uma história de amor)Onde histórias criam vida. Descubra agora