Grace é uma jovem curandeira que vive com sua família no vilarejo de Lilac Gale. Fugindo da guerra Augustus, um soldado desertor tem a graça de ser encontrado por Grace que ajudará a tratar de suas feridas. Será que em circunstâncias tão complica...
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- Aonde pensa que vai irmã? - Vou ir mostrar o vilarejo para Augustus, por quê? - Vestida assim? - Diz Leonor espantada. - Eu sempre saio assim Leonor. - É exatamente disso que estou falando Grace. Inadmissível! Vamos trocar de roupa agora mesmo. - Não. Estou ótima assim. - Não. Você está péssima. Péssima para um encontro. - Encontro? - Grace apoia as mãos nos joelhos e solta uma gargalhada. - Por favor, Grace. Deixe-me te ajudar a se arrumar, vocês nunca saíram juntos antes. Precisa estar bonita. Eu sei que gosta dele. - Não é nada disso, Leonor. - Certo! Então irei te ajudar mesmo assim. - Leonor surge atrás de Grace, pega seus ombros e a empurra até a cadeira e força Grace se sentar em frente ao espelho, perto de uma mesinha onde Leonor guarda suas humildes maquiagens. A enche o rosto de Grace de pó de arroz e batata e cobre suas bochechas com pó vermelho de beterraba. E por fim colocou um adesivo de coração perto dos lábios de Grace. Os adesivos eram comuns na época em que uma doença que causava erupções de pele assolou a região, começaram a ser usados na corte para esconder as feridas, mas logo se popularizou em todos os cantos. Eram criados até mesmo códigos para eles, em eventos. Porém, como Grace não se inteirava sobre esses assuntos e nos poucos bailes que foram jamais pensou em reparar no uso de formas adesivas nos rostos femininos, sequer percebeu o que a irmã estava aprontando. Um coração no canto da boca era um sinal para flerte. Leonor ardia em emoção, por aquela traquinagem, ela esperava que Augustus fosse um rapaz que entendesse os sinais femininos de cortejo. Leonor fez a irmã tirar aquele vestido marrom de todos os dias, deixando a irmã vestida apenas com o chemise e as anáguas que cercavam sua cintura. Ela apertou mais o espartilho de Grace. - Leonor! Eu não gosto assim. - Os seios de Grace saltavam pelo decote do tecido do chemise. - É só por hoje Grace! Por favor.
Então quando abriu o guarda roupa a irmã com um sorriso de orelha a orelha, trouxe para Grace um vestido azul, lindo, coberto de rococós, um decote quadrado, mangas cheias, com babados em forma de sino. Na saia do vestido, no meio o azul se abria para um tecido branco com delicados bordados. Era um vestido que Leonor usou apenas uma única vez, mas achava magnífico. Não era muito pomposo, mas era uma peça muito bem trabalhada e delicada, combinaria perfeitamente com Grace.
Quando Grace se olhou no espelho ela nem se reconhecia, ficou com tanta vergonha de sair daquele quarto e encarar Augustus. O que ele pensaria dela naquela roupa? Grace pensava que tudo aquilo era demais. Mas sentia que não podia decepcionar a irmã, todo o esforço e toda aquela alegria de escolher tudo para ela. Era com amor que a irmã fazia aquilo, era algo que Grace jamais saberia fazer por Leonor.
- Leonor, você não acha que é demais? Eu sair assim com o Gus?- diz Grace com a cabeça baixa. - Não, Grace. Está tudo muito delicado e simples. Você só está usando uma cor diferente que normalmente usa e eu quase não passei nada no seu rosto, está vendo? Apenas tirei seu olhar de cansaço, olhe. Pensando bem Grace tomou aquilo como verdade, ela apenas não estava acostumada a usar algo diferente. Então ficaria tudo bem, não havia nada o que pensar.
