Enquanto seu Ernesto sentava-se em uma poltrona perto da lareira e Simon tratava dos animais no estábulo. Augustus e as mulheres da casa estavam na cozinha. Era possível ouvir os estalos das penas que dona Elvira arrancava do couro rosado de uma galinha que haviam matado para o almoço. Grace com os cabelos grudados no suor do seu rosto, sentava-se em uma cadeira perto de Gus, com um saco de linha aos pés, onde ela jogava as casca de milho que estava arrancando e na bacia em cima da mesa, deixava as espigas.
Como Gus não podia ser útil, em qualquer serviço braçal na fazenda, insistiu que queria fazer algo para ajudar na cozinha.
Por esse motivo, fatiava alguns vegetais que estavam sob a mesa.- Obrigada Augustus. - disse Leonor pegando as cenouras cortadas que estavam em uma vasilha na mesa e adicionou no ensopado que estava preparando.
O som alto do trotar de cavalos e uma gritaria que se aproximava da casa chamou atenção de todos ali dentro.
Um homem muito preocupado surge após muitas batidas na porta, que dona Elvira abre assustada com todo aquele alarde. Revelando então uma garota jovem, que chorava muito e agarrava seu braço, que estava aparentemente torto, seu braço parecia anormal, a cabeça do úmero parecia deslocada do local que deveria estar. E muito sangue cobria seu vestido branco.
Grace levanta, deixando de lado o saco e o milho.
- Aqui vive a senhora Fletcher? Precisamos urgente de uma curandeira.
- Oh, não, a senhora Fletcher já está... - Tenta explicar dona Elvira que sua mãe já é falecida.
- Por favor, Senhora, pagamos o quanto for necessário.
- Sou curandeira, por aqui por favor. - Mostra Grace apontando para sua sala e direcionando um sorriso acolhedor para a garota.
A menina senta em uma cadeira simples de madeira, na rústica sala de atendimento. Grace a inspeciona minuciosamente, a pele dela é clara como o leite, mostrando um mapa de veias roxas e verde em seu pulso, a mocinha parece frágil e graciosa, uma pena se encontrar nessas circunstâncias. O sangue além de manchar também suas vestes, secou em um mecha dos seu lindo cabelo loiro
- Meu deus, de onde vem tanto sangue? - A jovem curandeira pergunta mais para si mesma do que para os outros.
- Houve uma explosão de uma baleia morta no porto que causou várias vítimas. Esse sangue todo não é dela, mas o braço... - Explica o pai apontando para o braço da garota.
Grace pega uma pano e embebeda em um líquido frio e aplica a compressa gelada aliviando um pouco a dor da menina.
- Está se sentindo um pouco mais calma agora?
A garota faz que sim com a cabeça.
- Então, vou colocar de volta no lugar seu braço, tudo bem? Vai ser rápido.
- Tudo bem. - responde a mocinha com os olhos lacrimejantes, tentando ser corajosa.
Ela segura firme aquelas mãos frágeis e apoia sua outra mão em seu tronco, puxa o membro e em um estalo, a menina grita, mas seu braço volta ao lugar. Grace pede para que ela mexa os braços e depois avalia se o sangue chega bem até as pontas dos seus dedos, apertando-os, como coravam instantâneamente parecia ser um bom sinal.
Após imobilizar o membro, deu algumas orientações aos pais da garota e os mesmo lhe pagaram com muitas moedas de prata.
Decide então, ir ao porto, não tão longe dali ajudar os outros feridos. Ela não tem pretensão de prestar serviço visando lucros e sim de ajudar de fato os necessitados.
- Mamãe, você pode preparar com Leonor uma cesta de comida para viagem? Vou ir até esse porto, ver se posso ser útil.
- Claro, querida!. - Dona Elvira assente com a cabeça e Leonor a segue até à cozinha.
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Lilac Gale (Uma história de amor)
RomanceGrace é uma jovem curandeira que vive com sua família no vilarejo de Lilac Gale. Fugindo da guerra Augustus, um soldado desertor tem a graça de ser encontrado por Grace que ajudará a tratar de suas feridas. Será que em circunstâncias tão complica...