Capítulo 2

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Nesta terça feira Grace acordou cedo para ajudar o pai na fazenda. Antes mesmo que ele acordasse, ela instalou o arado no cavalo.
Fergus era um lindo cavalo, forte, de pelo castanho, com uma mancha branca em forma de folha na fronte e crina preta, seu melhor amigo era Guinef, um cão cinzento que adorava andar atrás de Fergus e até se deitar ao seu lado, nas poucas vezes que Fergus não estava dormindo em pé.
Simon, abre a porta de casa, calça suas botas, segue o som de raízes estourando no solo e encontra a irmã com Fergus arando o terreno.
- Está precisando de uma mão ?
- Não, mas talvez eu precise se não terminar a tempo.
-A tempo de? Não deve nem ser seis e meia.
-A tempo ir na casa dos Coopers. Ver como está a ferida do Willow, Charles vai sair às oito e Willow fica com menos medo quando estão juntos.
-Ah, Charles sei. Ele certamente precisa estar lá. Foi isso que ele te disse?
-O que quer dizer com isso?
- Você não lembra? De quando eram crianças brincavam juntos o tempo inteiro.
-Novidade crianças brincarem juntos e o que tem de mal nisso Simon!
-Nada demais, só que ele veio em casa pedir sua mão, não devia ter nem dez anos, papai ficou furioso, até conversou com o senhor Cooper na época.
-Você está zombando de mim?
-É sério! Simon sorrí
-Se quiser pergunte ao pai, ele deve lembrar.

Simon vai de encontro a Leonor, que está com uma cesta enorme colhendo milho, linda como uma princesa desde que acorda, assim como Simon. Loiros de cabelos esvoaçantes, puxando o pai, que perdeu a um tempo o loiro para o grisalho, diferente de Grace e Isaac o irmão mais novo, que como a mãe tem cabelos castanhos. Isaac por ser criança e gastar muita energia e os loiros da família possuem um fenótipo bem magro, mas ainda saudáveis de bochechas coradas, com um sorriso bobo de quem vê graça em formatos anormais de espiga de milho que encontram revirando o cesto, como fazem agora.
-Simon!! Grita Grace
-O que!?
-Posso contar com você, vou ir às sete?
-Pode deixar.
-Ir onde? - Pergunta Leonor curiosa para Simon
-Ver o esposo.
-Como assim!! -Berra Leonor
-Cala boca, Simon!
-Que gritaria é essa?- A mãe abre a janela da cozinha, com o cenho franzido.

***

Antes das sete como prometido o irmão assume o trabalho de Grace, que pede para Simon não deixar o pai se esforçar muito nos afazeres. Com certa frequência seu Ernesto vem pedindo a Grace, para preparar pomadas para a dor que sente nos joelhos, que vem acabando rápido, o que significa que ele está usando demais e a erva que usada é de difícil acesso, é necessário uma caminhada de mais de meia hora no bosque, subindo a colina e as vezes quando não encontra, ela precisa comprar de uma conhecida que tem uma tenda especiarias.
Apesar de Grace amar caminhadas longas e coletar ervas, folhas, raízes, suprimentos no geral para reabastecer seu pequeno estoque, além de ver um lindo campo coberto de pétalas lilases, que vem com o sopro da colina. Ela não gosta de ver a saúde do pai se deteriorando, certamente ela deseja mais que tudo preservar os que ela mais ama, a família. Simon percebe isso e faz de tudo para ajudar, é com quem Grace mais conta, apesar de Leonor ser uma garota doce, parece não ter reparado muito nisso e ambos também preferem não comentar. Aliás Leonor não seria de muita ajuda nas tarefas pesadas, assim como Isaac, que ultimamente anda dando uma mão aos cuidados das abóboras e regando o que pode.

***

Após uma cavalgada de quase quinze minutos, chega na residência dos Coopers, amarra firme o cavalo em uma cerca, pega sua maleta e se despede acariciando o fronte do animal.
A casa dos Coopers assim como a dela, não é muito grande, mas suficiente para abrigar todos confortavelmente, o terreno em si é maior que o da família de Grace, com mais espaço de área sem qualquer plantio, um espaço livre dispersado diria seu Ernesto, mas a amplitude e harmonia do local agrada bem os olhos de Grace.
Na cozinha encontra a senhora Cooper, preparando a refeição, com o rosto ruborizado pelo calor, faixa no cabelo, abrindo um sorriso acolhedor, quando bate os olhos em Grace e corre abraça-la.
-Ah, querida! Muito obrigada pelo que fez pelo meu filho. - Grace fecha os olhos e faz proveito do abraço carinhoso da senhora Cooper, já que fazia tempos que não visitava os Coopers.
-Não me agradeça, sabe que eu faria de tudo por qualquer um de vocês, principalmente Willow. Falando nisso, vim ver como ele está.
-Willow está no quarto com Charles. Você sabe o caminho, já é de casa.

Lilac Gale (Uma história de amor)Onde histórias criam vida. Descubra agora