Escondi-me no meu quarto, o único lugar onde podia escapar do burburinho da casa cheia. Tentava encontrar um argumento que convencesse ainda mais meu pai, mas, até então, só tinha uma coleção de opiniões sinceras.
Niall, sentado confortavelmente na poltrona surrada, olhava fixamente para a parede com a tinta branca descascada.
— Tenho que ir para casa — Disse ele, levantando-se em seguida. — Hazz, você vai ficar bem?
— Claro que sim. Eu já estou bem. Por que? Não pareço bem? — Disparo as perguntas.
— Bem, você está deitado de cabeça para baixo e definitivamente está um pouco pálido.
— Isso é normal quando a gente passa o dia todo correndo pela cidade e lidando com esse tipo de notícia. — Respondi, sentando-me corretamente na cama. — Vou ficar bem, Ni. Pode ir.
Niall hesitou por um momento antes de dar um passo em direção à porta.
— Tudo bem, mas se precisar de qualquer coisa, você sabe onde me encontrar.
Assenti. Quando ele saiu, fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar minha mente.
— Principezinho estúpido..
[...]
Acordei com o som insistente das batidas na porta do meu quarto. Estava escuro e eu mal conseguia distinguir as figuras, mas logo reconheci a silhueta de minha irmã.
Minha irmã, Gemma, é uma ômega da Casta Quatro. As mulheres podem mudar de casta quando se casam; por exemplo, se uma Seis se casa com um Três – o que é muito difícil, mas não impossível – ela também se torna Três. Da mesma forma, quando se casa com alguém de uma casta inferior, ela adota o título dele. Gemma conheceu um joalheiro em uma das vendinhas da cidade e, ao se casar com ele, se tornou uma Quatro. Agora, ela leva uma vida digna ao lado de seu esposo e de seu filhote.
— Harry — ela chamou. — Sei que está acordado, seu sobrinho quer te ver.
Claro que ela usaria meu sobrinho só para me fazer abrir a porta.
— Gem, se veio falar sobre a seleção, está perdendo seu tempo — Disse, levantando-me e abrindo a porta. — Pode deixar o bebê comigo e vá embora, por favor.
Estendi os braços para pegar o garotinho que estava no colo dela, mas ela o segurou mais perto de si e recusou.
— Não. Somos um pacote: leve um e ganhe dois — Respondeu.
— Só vou aceitar isso porque estou com saudades — Suspirei, deixando-a entrar.
Ela adentrou no quarto, sentou-se na cama, enrolou o filho na manta e, com cuidado, entregou-o a mim.
Peguei o bebê nos braços, sentindo a suavidade de sua pele e a delicadeza de seus pequenos dedos. Olhar para ele, tão inocente e alheio às dificuldades da vida, era como uma brisa de tranquilidade em meio a uma tempestade de horrores.
Minha irmã, sempre a mais persuasiva da família, sorriu, sabendo que seu plano estava funcionando.
— Harry, entendo sua relutância, mas pense no futuro desse pequeno também. — Disse ela, acariciando a cabeça do bebê. — No futuro dos seus filhos..
— Gemma, eu... — Comecei, mas fui interrompido pelo choro suave do bebê. Minha resistência parecia se desmanchar a cada segundo.
Ela sabia exatamente como me atingir.
Não era só a questão de mudar de casta, era sobre garantir um futuro melhor para todos que amávamos. Olhei para ela, minha irmã mais velha que sempre cuidou de mim.
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𝘛𝘩𝘦 𝘴𝘦𝘭𝘦𝘤𝘵𝘪𝘰𝘯
FanfictionO reino de Elyria se prepara para um evento grandioso: a Seleção, onde jovens competem pelo coração do príncipe herdeiro, Louis Tomlinson. Harry Styles, um plebeu comum, é surpreendentemente selecionado para participar, lançando-o em um mundo de lux...