Treze

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Cheguei ao haras e estranhei não ter nenhuma movimentação ali. Entrei pelo portão, que estava entreaberto, indo mais pra perto da sede. Os animais estavam todos em seus devidos lugares mas não tinha movimentação nem sinal de funcionários.

- Ucker! - gritei - Onde você está?

Ninguém respondeu. As portas e janelas da sede estavam fechadas. Rodei pela varanda, também vazia. Tirei os sapatos ali, ficando mais a vontade de pés descalços na grama.

Caminhei mais um pouco, talvez ele estivesse no estábulo. Olhei cela por cela, até chegar a última, onde ficava Capitão. Nada de Christopher.

- Ei amigão - alisei seu pelo - Onde está Christopher hein?

- Pensei que fosse demorar mais - a voz ecoou na entrada do estábulo me fazendo assustar. Virei dando de cara com Dulce. Ela tinha um galão com líquido e algo nas mãos na qual não consegui identificar.

- Dulce! - disse, tranquila - Que bom que está aqui. Christopher me mandou uma mensagem pedindo ajuda mas não consegui encontrá-lo. Você sabe onde ele está?

Ela riu. Os cabelos vermelhos aparentemente recém tingidos balançavam no vento.

- Fui eu quem mandei a mensagem pra você - disse, simples.

- E porque você faria isso? - franziu o cenho, confusa.

- Você está aqui não está? - riu.

- O que você quer Dulce? - suspirei, com as mãos na cintura.

- Você - ela riu entre dentes - Queimada como churrasco - Destampou o galão que tinha nada mãos, atirando o líquido pelo chão do estábulo. Meu coração começou a bater desesperado, o cheiro era inconfundível. Era gasolina.

- O que você vai fazer? - comecei a tremer, meu olhos já estavam mareados, mas ela parecia impassível - Olha Dulce, se isso é por Christopher, eu posso - ela me interrompeu, achando graça.

- Uckermann até que é bonitinho - ela fechou o galão outra vez, o atirando num canto qualquer - Mas não vale tudo isso - riu, tranquila.

- É dinheiro? Posso lhe dar! Posso lhe dar todo meu dinheiro, só me deixe ir! Não faça nada Dulce! - implorei, já tomada pelas lágrimas.

- Alfonso não disse nada a você? - pediu, achando graça.

- O que ele teria pra me contar? - alisei os braços, fungando.

- O que ele veio fazer em Nova Jersey, talvez? - disse, provocativa.

- E o que ele veio fazer? - pedi incerta sobre se queria ou não saber a verdade.

- Não sei, que tal matá-la? - disse simples, os olhos ardendo pelo cheiro do combustível.

- Isso é mentira! - gritei - Você está com raiva do seu irmão e está tentando prejudicá-lo - chorei.

- Anahí, Anahí - ela balançou a cabeça, risonha - Como você é ingênua! Alfonso nunca foi meu irmão. Já transei inúmeras vezes com ele aliás, além de que ele é muito bom no que faz - gargalhou, irônica - Mas isso você deve saber né? Já que vem de deitando com ele a algum tempo. Sabia que Alfonso era um galanteador, mas não achei que fosse tão bom assim.

- Cala a boca! Eu não quero ouvir mais nada - chorei, soluçando - Porque Alfonso iria querer me matar? O que foi que eu fiz?

- Você nada, mas seu pai - balançou a caixa de fósforo entre os dedos - Ele foi um homem bastante mau e infelizmente os bons pagam pelos ruins - ergueu os ombros, num falso lamento - Aliás, Alexandre quer seu dinheiro e ele pagou uma grande quantia pra fazermos esse servicinho.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora