capítulo 10

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— POV: Cristal

Já é a manhã do dia em que a Renata vai conversar comigo. Não dormi nada essa noite, esperando que talvez ela aparecesse na porta do nosso quarto, mesmo depois que Selena mandou mensagem avisando que Renata dormiria com ela.

Tento me concentrar em outras coisas, me oferecendo para ajudar Coral com algumas questões do hotel. Me arrependo disso no minuto em que vejo Renata e Selena saindo do quarto, o olhar de Renata cruzando o meu. As duas se apressam para pegar o carro de Selena e saem do hotel.

- Tudo bem, patroa? — Escuto Coral perguntar e percebo que fiquei distraída por um tempo.

- Tá sim — Respondo e continuo organizando a papelada.

Passo as horas seguintes me ocupando com qualquer coisa que acho. Opino sobre as ideias de Mabel para o próximo paredão da furiosa, escuto Diana falar sobre como Malu e Melina têm sido úteis na Braba, me junto com Nalla e Cecília para coletar informações sobre as parceiras na venda de armas... faço cada vez mais coisas e o tempo não passa.

Pelo menos, com isso, sei que a Selena falou com as meninas. Não acho que ela revelou algo, mas parece que ela "plantou a semente" sobre mim e a Renata. Enquanto estava na Braba, escutei Malu, Melina e Helena conversando e tanto o meu nome quanto o de Renata foram mencionados, e elas estavam com uma expressão curiosa, como se estivessem questionando algo.

Na garagem, logo que cheguei, Mabel e Ayaka falaram exatamente "algo entre Renata e Cristal", mas elas mudaram de assunto quando me viram.

Quando estava no carro com as manipuladoras, o celular de Cecília estava largado no banco, aberto, e vi uma mensagem enviada para maju que falava sobre "crisnata" ser real.

Selena já havia falado que boa parte das meninas desconfiavam de algo, mas não pode ser coincidência que praticamente todas elas decidiram falar disso justo hoje. Será que a Renata falou algo pra ela? Isso significa que ela quer voltar, ou é só a Selena esperando o melhor, assim como fez comigo?

Minha linha de raciocínio é cortada quando Renata me manda mensagem, pedindo para me encontrar no Hell Hotel. Peço para Nalla e Cecília me deixarem lá e elas fazem isso sem questionar, o que é estranho, principalmente para Cecília.

Quando chegamos, Renata está encostada em seu carro, olhando impacientemente para os lados. Não sei dizer se o fato de ela estar nervosa é algo bom ou não, mas eu espero que sim.

Libero as meninas e ando até Renata, que me cumprimenta e logo entra no banco no motorista. Entro no do passageiro e ela começa a dirigir.

- Pra onde a gente tá indo? — Pergunto.

- É melhor conversar sobre isso em outro lugar.

O tom de seriedade entrega tudo. É improvável que eu acabe esse dia sem estar solteira e acabada. Sinceramente, se for pra ser assim, eu preferia que ela fizesse isso logo, arrancasse o band-aid de uma vez.

Depois de um tempo, reconheço o caminho que Renata está seguindo. Os morros, as árvores... não tem como ser outro lugar. Renata está me levando pro farol.

- Vai me exonerar, é? — Brinco, esquecendo toda a situação por um minuto.

- Achei que você que fazia as exonerações — Ela responde, entrando no jogo.

- Então você tá me levando pra a sua própria exoneração? — Eu falo e noto ela segurar o riso.

- Você não conseguiria me exonerar — Ela responde, sorrindo levemente. Não via esse sorriso a muito tempo. Ela não tem noção de o quanto eu senti falta dele.

cristal escreveu algo - crisnataOnde histórias criam vida. Descubra agora