capítulo 13

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— POV: Renata

Acordo dentro de um helicóptero, amarrada no assento. Dois homens e uma mulher estão sentados na minha frente, conversando entre si. Tento relembrar tudo que aconteceu. Eu e Cecília conseguimos sair do meu carro antes que ele capotasse e seguimos os bandidos, parti para cima do carro deles e troquei tiros com o cara. Ele me derrubou de alguma forma. Talvez uma pancada na cabeça, considerando a dor que estou sentindo.

     Acho que antes de vir para o helicóptero eu ainda estava um consciente, pelo menos um pouco. Lembro de ouvir a voz de Cristal bem abafada, os gritos de Cecília, tiros frequentes. Agora eu estou aqui. Acho que é possível concluir que eu fui sequestrada.

- Acho que alguém acordou — Uma voz feminina e debochada me tira dos meus pensamentos.

Ela ainda está usando a mesma máscara branca, que não mostra quase nada. Consigo ver seu cabelo escuro com mechas coloridas escapando capuz.

     Um dos caras, que estava segurando a cintura da mulher, me observa através dos dois buracos da sua máscara. Eu conheço ele? Não tem como saber.

- Não vai falar com a gente? — Ele pergunta. A voz não é familiar, pelo menos eu acho.

Continuo em silêncio, tentando olhar através das janelas. Estamos voando alto demais, não consigo ver nada além de nuvens.

     Não sei quanto tempo demora até pousarmos, mas acho que não muito. Provavelmente ainda é na Cidade dos Anjos. A mulher mascarada me desamarra e me arrasta para fora do helicóptero. Um dos homens abre uma porta de ferro que dá para uma sala pequena, as paredes cinzas meio sujas, algumas caixas, mesas e cadeiras de metal espalhadas. A mulher me larga em uma dessas cadeiras - a que está no centro da sala - e força meus braços pra trás, me algemando.

- Que jeito de tratar uma mulher, hein — Eu falo, sentido gosto de sangue na boca.

- Fica quietinha que daqui a pouco a gente vai te tratar com um jeitinho diferente — Ela fala com um tom debochado e bate na minha nuca, fazendo minha cabeça doer mais.

     Ela tira a máscara enquanto se afasta de mim. Vejo os outros fazerem o mesmo, mas não reconheço nenhum deles. O que estava segurando a cintura da mulher no avião se aproxima dela novamente e fala algo em seu ouvido, o que a faz sorrir. Deve ser namorado dela.

     Eles conversam um pouco entre si e depois o namoradinho se vira para mim.

- A gente vai te deixar aí um tempo, mas não esquenta viu — Ele fala sorrindo e sai da sala junto com os outros.

     Um deles me encara antes de sair. Não sei o que significa, mas mantenho em mente que devo observar ele.

     Eles não saem pela mesma porta que entramos, e sim por uma na lateral da sala, que provavelmente dá para outra área, e não para o lado de fora. Quando a porta se fecha, a sala parece mais escura e silenciosa, tirando pelo barulho das minhas algemas enquanto tento ficar mais confortável.

     Eu só queria entender que porra tá acontecendo.

— POV: Cristal

De volta à garagem, o clima está pesado. Selena ainda está soluçando, com uma Ayaka também chorosa tentando consola-la. Peço para que todas peguem mais munição para sairmos em busca de Renata. Não tem nada que eu possa fazer além disso: abastecer o meu carro e torcer para que ela não tenha sido levada para fora da cidade.

Passamos no hospital antes para tratar os ferimentos. Cecília, Mabel e Nalla vão precisar ficar internadas por pelo menos um dia, mas estão estáveis.

cristal escreveu algo - crisnataOnde histórias criam vida. Descubra agora