capítulo 14

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— POV: Renata

Não demora muito para que Cristal chegue, ou pelo menos é isso que eu acho que aconteceu, porque os três que estavam comigo saem da sala, chamando outros dois caras para ficar de olho em mim. Um deles é o que me encarou mais cedo. Novamente, procuro por traços reconhecíveis, mas nenhuma lembrança vem à mente. O outro parece ser um mais velho e tem a pele um pouco mais escura, além de ser mais sério.

     O primeiro treme com a arma grande em sua mão, provavelmente por raiva ou ansiedade, não por medo. Decido provoca-lo.

- Tudo bem com você aí? — Pergunto e ele me olha com raiva, apertando a arma com mais firmeza.

- Ninguém mandou você falar — O outro fala.

- Mas ninguém me mandou ficar quieta — Eu respondo e ele atira no pé da cadeira, que treme com o impacto.

- Agora eu tô mandando — Ele fala e se vira para o colega — Relaxa, irmão.

     Opto por ficar em silêncio, torcendo para que esteja tudo bem com a Cristal do lado de fora. Espero que ela acabe com aquela putinha debochada.

— POV: Cristal

Chego no local marcado e vejo dois homens e uma mulher, todos usando preto, sem máscaras. Faço o que pediram e saio do carro com as mãos para cima. A mulher se aproxima de mim, me revistando e pegando minha pistola. Ela gira a arma em suas mãos, um sorriso exibido em seu rosto.

     Observo seu cabelo, preto com mexas roxas. Eu pensei nessa possibilidade no caminho, mas agora é mais claro ainda. Os cristais deixados no meu escritório, a maioria eram ametistas. Pedras roxas.

- Você era mais bonita quando tinha o cabelo azul, sabia? — Eu falo e ela ri, cruzando os braços — Roxo não é bem a sua cor, Mirelinha.

Ela me olha de cima a baixo e retorna para o lado de seu namorado, que agora suponho ser marido, levando em conta os anéis que os dois estão usando. Diferente de Mirela, Cabelo ainda está com o mesmo mullet roxo, só que na época em que o conheci a cor estava mais desbotada.

- Vocês vão me explicar o motivo de tudo isso ou só me convocaram para me matar? — Eu pergunto.

Cabelo coloca as mãos no bolso, sorrindo de lado.

- Você não entende mesmo, não é? — Ele começa a falar, andando lentamente em minha direção — Vamos do começo, Cristalzinha. Você fez alianças com a minha facção, e então ignorou esse fato para entrar na do seu namorado, pra depois abandonar tudo e criar a sua própria facçãozinha de merda que zaralhou a cidade.

- Então, me deixa entender... isso tudo é porque eu criei uma facção melhor que a de vocês? — Eu pergunto e vejo Cabelo se enfurecer.

- Melhor? Tudo o que você e aquelas vagabundas fizeram foi atrapalhar toda a cidade. Todos os negócios e os roubos, vocês fuderam com tudo — Ele fala, agora cara a cara comigo.

- É claro, nós crescemos e vocês continuaram pequenos, insignificantes — Eu sorrio — E aparentemente tiveram que se juntar com os seus inimigos para vir atrás de mim.

Eu olho para trás de Cabelo, onde Mirela está parada, ao lado de Souza.

- Essa é uma amizade que eu não esperava — Eu falo ao ver Souza sorrir e andar até onde estamos.

- Nós tínhamos um objetivo em comum, então por que não nos juntar para realiza-lo? — Souza fala e agora reconheço que é a mesma voz com quem conversei ao telefone. Foram tantos anos sem ouvir que acabei esquecendo como esse stronzo soava.

cristal escreveu algo - crisnataOnde histórias criam vida. Descubra agora