Capítulo Dez

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Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida.

- Sêneca.

Pirro encarava o navio sendo carregado pelos homens de Odisseu e Menelau e alguns de seus próprios homens, a respiração do ruivo estava calma, mas não era como se ele estivesse satisfeito com o que estava acontecendo, não quando seu irmãozinho estava agarrado ao seu braço com uma expressão que parecia agonizantemente próxima do pranto.

- Você realmente tem que ir Neo? - Hedi perguntou com olhos grandes e escuros nele.

O ruivo suspirou e encarou aquele rostinho que pedia silenciosamente para ele ficar e o garoto não queria, realmente não queria ter que dizer a ele que não podia. Desviou o olhar para o mar sendo arrastando aos acontecimentos que o levaram até ali.

Um dia antes

Foi quase engraçado como tudo mudou de repente, como a calmaria se transformou em caos e pressa absoluta dentro do acampamento grego. Pirro adormeceu na noite anterior com seu pequeno irmão entre os braços e nenhuma preocupação a não ser mantê-lo seguro em seu sono agora ele acordava com um Automedonte estranhamente agitado dizendo que Agamenon convocou uma reunião urgente.

- É melhor ser urgente mesmo. - o garoto ruivo resmungou enquanto saia da cama com cuidado para não acordar o irmão.

Se vestiu mais adequadamente para encontrar os reis e príncipes mais uma vez e marchou descontente para a tenda central com uma expressão desgostosa no rosto. Pelo menos Agamenon não pediu a presença de Heleno, isso diminuía o desgosto do ruivo. Pirro entrou na tenda e antes que seu desgosto desaparecesse ele se transformou em raiva; Heleno estava sentado numa cadeira do lado direito do rei Micenas, como se fosse um conselheiro com mais alta honra, e não um homem que teria sido torturado e morto se não fosse por Pirro.
O que Agamenon tinha feito sem que o ruivo soubesse para que Heleno estivesse sentado ali? Ele se perguntou, o que havia acontecido para que Heleno estivesse disposto a cooperar com os gregos na guerra? Pois Pirro era muitas coisas, mas não tolo nem inocente, ele sabia que estavam ali porque o troiano finalmente decidiu dizer lhes o que fazer para vencer a guerra. Mas como? Por alguma razão o olhar de Pirro caiu em Odisseu. Só podia ter sido ele, de todos os homens naquele acampamento o mais perigoso era aquele, o rei de Ítaca, mais perigoso que o próprio Pirro, embora de uma maneira diferente do filho de Aquiles.

Neoptolemo ocupou seu lugar e recebeu um olhar meio culpado de Heleno que fingiu não notar. Com a sua chegada a mesa estava completa e Agamenon começou seu costumeiro discurso de introdução/incentivo a lutar a guerra e vencer, no qual Pirro nunca prestava atenção, que dessa vez terminou com a afirmação de que agora eles tinham nas mãos as informações sobre como chegar a vitória.

- Heleno. - Agamenon disse observando o ex príncipe troiano, como se fosse um convite a falar e não uma ordem como todos sabiam que era.

- Toda guerra precisa de um herói, um grande herói. - Heleno começou. - Sua guerra se estendeu por muito tempo e continua se arrastando derramando o sangue de heróis, os maiores heróis que seu povo conheceu. Muitos deles jazem no Hades agora, onde preocupações mundanas como as nossas não existem. - Heleno inclinou a cabeça pra frente de uma forma meio pesarosa e seu cabelo escuro escorregou para a frente de seu rosto. - Para vencer a guerra vocês precisam desses heróis, do legado deles. - disse e seus olhos pareceram adquirir um tom mais escuro de preto. - Um príncipe herói nascido de outro/ Um mestre de armas lendário agora sem missão/ As flechas envenenadas de um herói morto/ A perspicácia de um herói sem despretensão

Silêncio, todos continuavam a encarar o vidente sem realmente entender o que de fato havia sido dito por ele.

- O que isso significa Heleno, pode nos explicar? - Odisseu perguntou com um tom gentil.

O Coração de PirroOnde histórias criam vida. Descubra agora