𝒞𝒶𝓅𝒾́𝓉𝓊𝓁ℴ 7

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Helena demorou a pegar no sono, as lembranças do beijo com Dylan estavam predominando seus pensamentos.

{...}

Um novo dia, uma nova semana, uma nova oportunidade para colocar tudo em seu devido lugar. Helena se levantou, tomou um banho, vestiu um conjunto social, fez uma trança em seu cabelo e desceu as escadas. Fez o café da manhã e acordou Thomas e Olívia.

— Mamãe, cadê o papai?

— Meu amor, precisamos ter uma conversa sobre algumas coisas que aconteceram enquanto vocês estavam na casa da vovó.

Olívia comeu seu cereal e Thomas se sentou.

— Assim que vocês chegarem da escola hoje, vou explicar tudo combinado?

— Se o papai não está aqui, quem vai levar a gente?

O barulho da companhia ecoou pela casa. Thomas correu e abriu a porta.

— Oi tio Dylan.

— E aí cara, pronto para mais um dia?

— Só vou terminar de comer.

Dylan entrou, Helena não sabia como reagir.

— Bom dia Helena.

— Bom dia Dylan.

— Espero que não tenha problema em levar as crianças para a escola.

— Não, claro que não. Na verdade me ajudaria bastante.

— Eu imaginei.

— Oi Olívia, não vai dar um abraço no seu tio preferido?

— Oi tio.

Olívia disse abraçando-o. Terminaram de comer e subiram para pegar as mochilas. Helena e Dylan trocaram olhares rápidos, ambos estavam sem saber o que fazer ou falar.

— Dylan, sobre ontem...

— Estou pronto tio.

Olívia e Thomas saíram na frente.

— Depois a gente conversa.

Helena assentiu e Dylan saiu com as crianças. Estava se sentindo como uma adolescente, com frio na barriga e coração disparado.

A confusão de sentimentos era óbvia. Havia acabado de se separar e beijou o melhor amigo de seu ex marido. Se sentia estranha, sentia que o que estava fazendo era errado.

Mas deixou os pensamentos e sentimentos de lado e arrumou a sala e a cozinha. Pegou suas coisas e saiu de casa.

Ficou surpresa quando olhou para o seu carro e percebeu que o pneu havia sido trocado. Sabia que tinha sido Dylan, só não sabia quando ele havia feito isso.

Entrou no carro e se dirigiu ao trabalho.

{...}

— Pegaram tudo?

— Sim mamãe.

— Então coloquem o cinto. Como foi a aula?

— Normal.

Conversaram no caminho para casa sobre o dia de cada um.

Helena organizou suas coisas enquanto as crianças faziam o mesmo. Deu um banho em Olívia e em seguida Thomas entrou.

Como havia sobrado comida do dia anterior, não foi preciso se preocupar com a janta. Esquentou tudo e colocou a mesa.

— O papai ainda não chegou?

Thomas perguntou se sentando à mesa. Olívia fez o mesmo.

— Não filho, e é sobre isso que temos que conversar. Lembra quando a tia Eloise começou a morar em uma casa diferente do tio Bill?

— Sim, ela disse que eles estavam separados.

— Isso mesmo. Acontece que as vezes as pessoas se separam, e isso nem sempre é uma coisa ruim. Vocês viram como a Tia Eloise continua sorridente?

Apenas concordaram com a cabeça. Olívia não entendia muito bem onde Helena queria chegar. Já Thomas estava ficando preocupado com o que mãe estava querendo dizer com tudo aquilo.

— Vocês sabem que eu e o seu pai amamos muito vocês não sabem? E que nada que aconteça vai mudar isso.

— Vocês vão se separar?

— Sim Thomas, eu e seu pai vamos continuar amigos, mas morando em casas diferente.

— Porquê? O que aconteceu?

— Não foi nada demais filho, é só que as vezes as pessoas decidem que querem seguir um caminho diferente.

— E onde papai vai morar? E a gente? Ele vai parar de ir nos meus jogos?

— Não filho, é claro que não. Isso não vai mudar, eu prometo.

— Tudo vai mudar.

Thomas estava ficando irritado.

— Os pais do meu amigo se separam e ele disse que está sendo uma droga.

— Thomas, sem xingamentos, por favor. Seu pai vai conversar com vocês também, não vamos deixar que nada disso afetem vocês, eu prometo.

— Tanto faz.

Thomas se levantou e subiu para o quarto. Olivia olhava aquilo sem entender o que estava acontecendo.

— Então o papai não vai mais morar com a gente?

— Não filha, agora seremos só nós três.

Olívia continuou comendo e Helena respirou fundo. Queria conversar com Thomas novamente, mas sabia que o filho precisava de um tempo para processar.

Pegou o celular e mandou uma mensagem para George, dizendo que havia contado à eles e que era sua vez de conversar.

Tirou a mesa e subiu com Olívia. Deixou que brincasse um pouco e foi tomar um banho.

Depois de algum tempo voltou ao quarto dos filhos, mas já estavam dormindo.

Voltou para o seu quarto e aproveitou o silêncio da noite para tentar dormir um pouco, afinal os próximos dias seriam conturbados.

Ter que lidar com George e como os filhos reagiram com a notícia. Como isso poderia impactar em suas vidas. Com as explicações que teria que dar para todos sobre a sua repentina separação, com toda a sua rotina e com acordos sobre a guarda dos filhos. E com Dylan... Ah esse nome agora surte um efeito diferente em Helena.

Nunca o viu de outra forma, a não ser como o melhor amigo do marido e o melhor tio para os seus filhos. Agora está diferente, se beijaram e Helena não consegue tirar isso de sua cabeça.

Sentia que era errado, mas se sentia pior ainda por querer mais daquele momento. Acabou de se separar, não devia se sentir assim, não devia querer se envolver com alguém tão cedo, principalmente por ser quem é.

Mas deve-se viver um dia de cada vez, um problema de cada vez. Nem mesmo se quisesse, conseguiria resolver tudo em um só dia.

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