Almoço em família aos domingos, é de longe o programa favorito de Thomas e Olívia. Apesar de não haver nenhuma criança presente além deles, é tão divertido quanto um dia no parque de diversões.
Olívia adora ajudar a mãe na preparação da sobremesa, torta de pêssego. Enquanto Thomas, se diverte jogando bola no quintal.
— Olívia, pode pegar o chantilly por favor?
— Claro mamãe.
— Na idade dela eu estava comendo terra no quintal de casa.
Dylan disse se encostando no balcão da cozinha.
— Porque será que isso não me surpreende?!
— Também não sei Helena.
— Que estranho. O Dylan sempre foi uma criança tão tranquila...
Helena ouviu a voz de George e o observou descer as escadas.
— Exatamente George... Acabou a água da casa? Por isso tomou banho de perfume?
— Isso não é perfume meu amigo, é meu cheiro natural.
— É... Claro que é.
Helena votou seu foco para a sobremesa enquanto George e Dylan discutiam como crianças. Se abaixou na altura de Olívia e sussurrou em seu ouvido:
— Filha, porque não pede ajuda para o papai e vai colocar a mesa?
— Tá bom mamãe.
Olívia seguiu o pedido da mãe e desceu as escadas da varanda com George.
— Dylan, posso te perguntar uma coisa?
— Imagino que seja uma pergunta seria, já que pediu ajuda da Olívia para tirar George da cozinha.
A fala de Dylan a pegou de surpresa, sempre se esquecia de como ele é observador.
— Fui tão transparente assim?! Quer saber, esquece, isso não importa...
Puxou seu braço e o escondeu atrás a da pilastra.
— Como você está? Sabe, depois de tudo?
— Tudo, você quer dizer o exército?
— É.
— Ah Helena, eu não sei. Bem na maior parte do tempo, eu acho. Porquê?
— George está estranho.
— Estranho como?
— Ele não tem dormido bem, acorda no meio da noite, tento conversar com ele, mas ele diz que precisa correr um pouco para melhorar. Eu falei para ele procurar ajuda, mas ele não faz nada do que eu digo.
— Há quanto tempo isso está acontecendo?
— Eu não sei, uns dois meses?! Desde que voltaram eu acho.
Helena respirou fundo. Dylan olhava pela janela e observava George alegre brincando com Olivia e Thomas, enquanto um relatório sobre seu bem estar estava sendo discutido na cozinha.
— Eu já tentei falar com ele várias vezes, para ele procurar ajuda, mas ele diz que não precisa, que eu estou exagerando ou imaginando coisas.
Dylan a olhou e percebeu o quanto estava aflita. Conhece bem seu amigo, cresceram juntos, sabia o quanto era teimoso.
— Vou falar com ele.
— Sério? Obrigada Dylan, muito obrigada mesmo.
— Não precisa agradecer, somos família, é para isso que estamos aqui.
Helena se sentia um pouco mais aliviada, a esperança de que seu marido ouvisse Dylan a deixava mais calma.
Colocou a torta na geladeira e desceu os degraus ao lado de Dylan.
— Estavam falando mal de quem ?
— De quem mais seria? Do Thomas. Cara essa camisa é horrível.
Dylan tomou a bola de Thomas e começaram a correr. Helena terminou de organizar a mesa com a ajuda de Olívia e George.
Depois de um tempo todos se sentaram e esperaram a hora da oração para comerem.
— Papai do céu, obrigada pelo frango, pelo suco de uva, pela torta da mamãe e por trazer o papai e o tio Dylan de volta, amém.
— Você está cada dia melhor nisso Olívia. Pode ser a representante da turma.
— Eu sou a mais inteligente da minha turma tio.
— Não tenho dúvidas disso.
O dia continuou tranquilo. Almoçaram, conversaram e para a felicidade das crianças, Dylan tinha energia de sobra para brincar até anoitecer.
{...}
— Tudo bem crianças, acho que o tio Dylan precisa descansar e vocês precisam de um banho.
Thomas e Olívia insistiram para ficar mais um pouco, mas a noite havia chegado e em algumas horas chegaria o começo de uma nova semana.
Helena entrou para cuidar dos preparativos para o banho e sono dos filhos. Enquanto isso, Dylan e George aproveitavam a brisa da noite para conversar.
— Então... Tem dormido bem?
George o olhou confuso, havia desconfiado que Helena e Dylan falavam sobre ele no almoço e agora teve sua confirmação.
— Helena te disse algo?
Perguntou tomando um gole de cerveja.
— Nada demais... Ela só está preocupada com você.
— Já disse a ela que não precisa se preocupar.
— Ah qual é George, nós dois sabemos que não é fácil esquecer tudo o que passamos.
— Você tem dormido bem Dylan?
— Claro que não, acho que não durmo uma noite inteira há semanas. É por isso que também estou preocupado.
— Bom, eu estou bem Dylan. Não precisa se preocupar ou dar ouvidos ao que Helena diz, ela gosta de exagerar.
— Cara, você sabe que não precisa esconder nada de mim não é? Estou aqui para tudo. Você é meu irmão.
— Eu sei disso Dylan, mas confie em mim quando eu digo que está tudo bem. Tive alguns pesadelos e só.
Dylan suspirou, queria ajudar Helena, mas George sempre foi muito teimoso, sabia que se continuasse a conversa acabariam brigando. Decidiu terminar ali e tentar a conversa novamente em outra oportunidade.
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Redescobrindo a Vida
RomanceApós um divórcio repentino, Helena se vê em um turbilhão de emoções e responsabilidades. Com dois filhos para cuidar e uma carreira para manter, ela não esperava que o amor fosse surgir de um lugar inesperado: o melhor amigo de seu ex-marido. Agor...