01| Piloto

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Meus olhos flutuam, suavemente fechados diante ao acolchoado duro que estava deitada.  Meus sentidos brincam em leveza de acordo com o aroma saliente que se faz presente, causando um suor a qual escorre quente e silencioso. A paz parecia uma chama fria, sem som ou textura.  Portanto, lentamente, meus dedos se enrolam no chão, a qual percebo pequenos buracos padronizados. Sua textura me traz aflição, um acorde delicado em meus músculos doloridos. Um barulho ecoa distante,  longe suficiente para estar tão abafado quanto minha consciência que tentava ainda se fazer presente.

Sinto minha cabeça revirar em uma canção dolorida, que parecia soar tão alta quanto uma  bomba, porém nada se fazia tão real quanto o o metal que restringia meu descanso. Tateio o chão em busca de algo que eu possa reconhecer, portanto nada pude tocar.

Noto em meio da confusão e desvaneio a instabilidade, percebendo que o que quer que eu esteja sobre, estava tremendo, como um pequeno terremoto.

Meus olhos se abrem ainda em uma penumbra de cansaço e retardo em curiosidade, e um ambiente escuro se apresenta em um tom luminoso de vermelho, o qual que oscilava na sala, fazendo a iluminação ser instável.  Minha visão ainda vacila, mas me mantenho de olhos abertos, ganhando a consciência gradualmente.

Espremo meus olhos, e lentamente a sensação de náusea começa a se postergar, e assim percebo 4 caixas de madeira empilhadas com pequenos sacos jogadas no canto de um cubo que também me continha em estoque com letras garrafais W.I.C.K.E.D.

Onde caralhos eu estou?

Não compreendo, portanto, ao redobrar a consciência com um baque forte do ambiente que estava, como consequência me fazendo tremer na aparente plataforma, meus sentidos auditivos sentem o som vibrar em um soar desesperado.

Estava subindo, e um barulho atônico do metal rasgando a parede de pedra me faz desconfortável. Me levanto sem precedentes, perdendo o equilíbrio e apoiando em uma caixa de madeira de forma fracassada. Me sinto desorientada, como se tivesse acabado de levar uma batida repentina.

Um elevador? Como?

Ele não para de subir, e me sinto atônica por não saber onde iria chegar. Me arrasto para trás das caixas empilhadas, agarrando um saco de pano que parecia conter objetos redondos, provavelmente frutas pelo tato.

Eu não sei para onde estou indo parar, e esse pensamento me deixa ansiosa, assim como força uma necessidade agressiva de atacar ou fugir.

Me abstenho no canto inferior da plataforma, aguardado meu veredito enquanto o barulho de uma sirene ecoa como um tormento em meus ouvidos doloridos.

A caixa estoura em um baque e finalmente para, forçando um pequeno pulo com sua velocidade e parada abrupta. A sirena para de soar como uma dor de cabeça e o silêncio se torna meu maior inimigo, cutucando minha ansiedade com uma vara flamejante. A luz desaparece e tudo que sobre é o nada, porém, isso não me faz afagar e baixar a guarda, pois se está parado, chegamos no destino.

Os pequenos segundos pareciam se tornar horas, até um barulho excruciante de alto aperta contra a parede, fazendo com que meus olhos sigam a direção do som. Observo o "teto" se abrir de forma fadiga enquanto minhas pernas vacilam contra a grade, forçando meus dedos mais fortes contra o pano da da sacola.

O teto finalmente termina de abrir, e então posso ver uma luz grande, mais conhecida como o céu e grandes nuvens brancas que brilham em sintonia com o azul. Meus olhos ardem com a luz nova, me deixando ansiosa e com bile prestes a me fazer vomitar.

—Vocês estão vendo o que eu estou vendo?—

A voz me paralisa por alguns segundos, portanto me vejo preparada para bater em alguém com a sacola. Logo em seguida, vemos cabeças curiosas e cabelos no teto me encarando com curiosidade, me sinto desprotegida, nua e extremamente vulnerável. Me sinto irritada e extremamente insegura, então me encolho mais no canto, me vendo sem saída.

Psycothic | NewtOnde histórias criam vida. Descubra agora