06| Indigente

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O ar se inspira com dificuldade pela minha narina quase dolorida, rasga minha pele com um calafrio incessante e irritante.

Me encontro do lado de fora da enfermaria, com minhas costas quase que doloridas apoiada na parede de madeira velha, com braços cruzados e um apoio a mais de pernas na parede. Cabisbaixa, ainda espero por alguma notícia do lado de fora, sentindo uma faísca de ansiedade mastigar meus ossos lentamente. Pequenos berros e gemidos sôfregos de dor carregam um soar terrível, mordendo meu ouvido forte. Seus pedidos de ajuda ressoam como uma música dolorida, assim como palavras altas dos garotos ao seu redor enjoam em um eco nada silencioso.

Um suspiro se encaixa em minha boca ressecada, escapando em um humor cansado e tenso. Cansada de esperar, eu revivo como os olhos de Newt se chocaram com um horror emergente de sua mente, assim como seus lábios se espremem em uma linha fina de negação. Bem como sua reação rápida, a forma que seu corpo automaticamente se levanta ardente e tenso, correndo manco em dificuldade para a enfermaria. Eu e Zack acompanhamos Newt como pudemos, assim chegando no destino final da enfermaria.

Minha sobrancelha se contorce ao lembrar que meus acesso foi limitado, assim como tentaram me expulsar para o mais longe possível do som. Isso me incomoda, fazendo morder minha bochecha dolorida, cansada de segredos podres que escondem para o meu "bem". Talvez seja inútil minha espera do lado de fora, já que de nada irei saber, pois é "sigiloso".

Essa espera por um talvez nada me deixa irritada, chateada de toda essa ânsia que me separa das respostas. Assim como me deixaram de fora como um cachorro sem dono, e sem delongas evitaram e esquivaram das minhas perguntas excessivas sobre a situação.

As pontas do meu dedo traçam as letras garimpadas na base da faca em um ritmo delicado, sem nem mesmo que eu note bem ou mesmo que me importe com sua presença o e aparência em minhas mãos para com outras pessoas. Meus olhos caem sobre a faca que acabará de ganhar de Newt, ainda sem acreditar tamanha gentileza e bondade do garoto loiro.

Não consigo não questionar sua bondade e gentileza, pois não consigo compreendê-lo.

Como alguém pode ser tão gentil assim? Prestativo e atencioso? O que ele ganha com isso? Não faz sentido, não tem sentido sua bondade excessiva e sua preocupação, por que ele faz isso se o atrapalha?

Os gritos de Ben se tornam mais frequentes, alugando um espaço em minha mente para o que houve com o garoto em plena luz do dia.

Picado.

O que seria picado? Picada de insetos é improvável, já que a forma que a notícia foi dada não foi de acordo.

Muito menos de cobra...

Meus pensamentos são nublados, e meus dedos cutucam o nome do loiro ainda em silêncio, pensativa sobre meu dia e como eu não gostaria de estar aqui. Tudo me volta para o momento que Gally se sentiu no direito de expor sua delicada opinião. A forma que meus dentes se apertam novamente me trás uma força de irritação e rancor nova.

Meus olhos repuxam pela faca brilhante pela luz do sol, a que reflete meus olhos sobre suas lâminas quentes. Eu desejo nunca precisar utilizá-la, muito menos pensar nela.

Mais tarde ou não, vejo Newt sair com uma expressão seria, quase que pavorosa. Suas mãos se apertam em um punho dolorido, olhar firme em seu caminho e mandíbula tensa. Estava muito mais que tenso, parecia ser até mesmo cúmplice de um assassinato.

—Newt? — Eu o chamo automaticamente, minha voz enrolando em meus dentes quase em um sussurro tímido, mas sim incerto. Seu olhar duro que encarava mais que o chão se desvia de um nevoeiro apenas dele, agora me encarando em confusão.

Psycothic | NewtOnde histórias criam vida. Descubra agora