04| Olhos não mentem

200 23 16
                                    

Meus pés sustentam meu peso quando faço o favor de ficar em pé, assim como o loiro o qual começa a liderar o caminho para o destino esperado. Meus pés sambam pelo chão, passo a passo enquanto meus olhos observam como meus pés ficavam esquisitos na bota de couro, não compreendendo o motivo da estranheza com tal calçado.

-Está tudo bem? - Me surpreendo pela sua pergunta, virando meus olhos na direção do garoto que me observa com um cuidado a mais. Eu sorrio, sem dentes e apenas cansada do dia.

-Sim, sim claro, apenas cansada. - Comento sendo realista, passando as mãos sobre meus braços nus que acomodam o frio da gélida passagem de vento da clareira, enquanto um suspiro escapa pelos meus lábios suavemente secos. - E com frio. -

Ele parece também perceber como meu corpo tenta acomodar seu resquício de calor que tenta submergir em minha pele. Porém é complicado se manter quente visto que uma regata não é o suficiente para o aquecimento do corpo.

Seus olhos parecem se remoer antes que o garoto alcança com uma de suas mãos meu pulso. Seu agarro delicado é quente, carrega um resquício que meu corpo procura veemente no ambiente, o calor, principalmente o humano. Sua mão me puxa, me guiando de acordo com o caminho não muito extenso.

-Espere, você irá gostar. - Afirma me encarando pelo ombro, me guiando pela penumbra da noite fria para uma pequena luz que se aproxima cada vez mais de nós dois. Meus pés andam rítmicos com os de Newt, quebrando alguns galhos de acordo com nossos passos e caminho que noto não ser íngreme.

Ainda sinto pequenos choques flutuarem sobre a pele que o loiro toca, enquanto meu rosto também aquece como se um cobertor estivesse sobre minha cara. Minha mente vaga sobre seu contato, assim como vaga pelo todo meu dia e pelos muros que me assombram a mente. O soar do muro ainda parece perambular como um mosquito em meus ouvidos, o zombado comendo grave meu cérebro e tremendo sob meus pés.

Meus olhos capturam um enorme fogo vermelho e laranja que come a madeira em um soar satisfatório, assim como ilumina a noite com um teor alaranjando. Sua imagem dança sobre o vento, balançando em ritmo de uma canção silenciosa, já que o que restava eram risadas e brincadeiras dos clareamos que rodeavam a grande fogueira. A madeira pouco barulhenta queima cada vez mais alta enquanto meus olhos passeiam em direção de alguns garotos que riam alto. O vento não era tão frio quanto antes, o calor lentamente à medida que nos aproximávamos, parecia me abraçar como um cobertor macio.

A mão do loiro cai da minha, deixando meu pulso sozinho com o calor da fogueira. Sinto que não é a mesma sensação, mas não reclamo.

Olho em volta, observando como as pessoas apesar de estarem em um local tenebroso, sorriem animadas e riem como se estivessem em um acampamento no meio de uma floresta. Gostaria de estar acampando, de não estar aqui, de não saber o que seria a clareira. Minha cabeça ainda se enrola, enquanto noto Newt se virar em minha direção, com seus cabelos balançando como o fogo ao vento que bate agora já não tão gélido quanto anteriormente, podendo ser comparado como uma brisa no verão. Seus olhos brilham de acordo com a luz alaranjada da fogueira, pintado com a cor do outono enquanto seus lábios me entregam um sorriso alto, convidando minha presença ao seu lado. Desorientada, não demoro, logo estou ao seu lado enquanto ele levanta sua mão para chamar minha atenção.

-Vou pegar algo, me dê um tempo. - Informa cutucando meu ombro. - Fique à vontade, já estarei de volta. De preferência não fique à vontade a ponto de se matar, fedelha. - Ele ri, fazendo um sinal com seus dedos demonstrando que estava de olho em minha pessoa.

-Pare com isso, não sou tão tonta assim. - Brinco com ele, formando um sorriso em meu rosto enquanto abraço meus braços com o calor da brisa da enorme fogueira do centro. Ele ri, balançando a cabeça negativamente.

Psycothic | NewtOnde histórias criam vida. Descubra agora