Nessa noite, minha mente se passa em branco.
Não há sonhos, não houve perturbações ou um aviso prévio de confusão. Desta vez, o sol me acorda com um beijo claro pela manhã, banhando meu rosto de forma delicada e natural. Meus olhos se esforçam para se abrir, se acostumando com o ambiente claro enquanto tento me recompor grogue do sono.
Não há muito o que eu possa observar, ou muito o que pensar, apenas posso me sentar com leveza na cama improvisada, sentindo meu corpo ainda pesado. Eu esfrego meus olhos com o punho, me preparando para acordar enquanto me viro para procurar o loiro ao meu lado.
Mas para minha surpresa, apenas posso encontrar uma cama vazia, com lençóis bagunçados e uma promessa vazia de companhia.
Eu me levanto, sabendo que mesmo que ainda não seja tarde, ainda não é cedo como eu acordará quando estava na função da cozinha. Pelo que entendo, hoje estou encarregada do med-jacks, então não preciso acordar antes de todos para exercer minha função.
Rapidamente eu me troco, vestindo uma calça longa e marrom, enquanto uma blusa preta com caimento justo faz parte do meu vestiário. Minha jaqueta está sobre meus ombros, e minha bota faz caminho para fora da cabana de Newt.
O ar não é forte, é a brisa é gelada de acordo pela qual o sol nasce. Os raios ainda estão tímidos, e meus passos caminham em direção aos muros, pronta para observar em solidão a abertura dos gigantes. Contanto, ao me aproximar, uma figura familiar se faz presente na torre de vigia, no mesmo horário e local que o encontrei da última vez.
Ele parece não me enxergar, ou pelo menos é o que eu acho, pois quando eu noto, estou subindo as escadas da torre, atrás de Newt.
Talvez eu esteja passando mais tempo que o necessário com Newt, e talvez seja irritante para ele. Mas não é como se eu pudesse o evitar.
É muito difícil.
— Admiro sua coragem de acordar cedo. — Falo me apoiando no mesmo lugar que anteriormente me apoiei, encarando a clareira em um processo de admiração introspectiva, notando como as árvores pareciam mais verdes que o normal, assim como o céu parecia por algum motivo mais deslumbrante e colorido que poderia estar.
— Tive uma noite tranquila. — Ele fala, relacionando o acordar cedo com dormir bem, e eu agora desvio meu olhar do lago para o loiro, que aperta o corrimão com uma pressão chamativa.
— Então dormiu bem? — Pergunto e ele assente, agora me encarando com um olhar reconhecedor, brilhantes como sempre e completamente perdidos em seu pensamento.
— Graças a você. — Seu olhar se volta ao chão, enquanto eu ouço aquilo com um pouco de calor em minhas bochechas. — Obrigado por me escutar ontem. Eu acho que eu poderia matar alguém se caso não tivesse tido aquela conversa. —
— Pare com isso. — Falo sorrindo sem dentes, agora desviando o olhar rapidamente para meus dedos que brincam sobre a outra mão. —
Newt ri suavemente, um som breve que quase se perde na brisa da manhã. Ele balança a cabeça, como se estivesse se livrando de um pensamento pesado, e volta a olhar para o horizonte.
— Eu sei, eu sei... — ele diz, a voz baixa e tranquila. — Mas é verdade. Você fez mais por mim do que imagina. —
Eu poderia dizer que não foi nada, que qualquer um faria o mesmo, mas há algo no tom de Newt que me impede. Ele não está buscando conforto ou respostas; ele está simplesmente compartilhando algo importante. E isso, por si só, tudo isso me aparenta mais importante que posso imaginar.
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Psycothic | Newt
Teen Fiction"Mês a mês uma alma é sacrificada ao ser enviada a clareira, uma alma sem memórias, um casco vazio. Mês a mês é menos uma alma que desfruta da liberdade da sua terra, os frutos da sua mente e oportunidades de viver a elegância da vida fora do labiri...