cansaço

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Acordo com um leve movimento na cama. Abro os olhos lentamente, sentindo a leve brisa fria da noite que invade o quarto. Me deparo com Cesar, sentindo o calor do seu corpo próximo ao meu. Ainda que a luz da lua mal tenha começado a se infiltrar pela janela, percebo um sorriso discreto em seu rosto. Aquele olhar me diz muito, mesmo em meio à penumbra.

— Decidiu descansar um pouco, detetive? — pergunto, sorrindo enquanto ele se aproxima. Meu coração bate mais rápido, antecipando o que pode vir a seguir.

— Algo assim — ele responde, com um sorriso leve que não consegue esconder o brilho divertido em seus olhos.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Cesar beija meus lábios. O que começou como um beijo calmo, rapidamente torna-se desesperado, com nossas línguas se misturando e sons abafados saindo de nossos lábios. Levo minhas mãos até sua nuca, acariciando seus longos cabelos, enquanto sinto Cesar apertar minha cintura. Ele separa nossas bocas, causando um leve estalo, e começa a dar chupões e mordidas em meu pescoço. Isso me faz agarrar seus ombros fortemente, tentando controlar os gemidos que insistem em sair da minha boca. Não demora muito para que sinta as grandes mãos dele desabotoando minha camisa.

Cesar começa a fazer trilhas de beijos em minha pele, cada toque enviando arrepios por todo o meu corpo. Ele percorre meu peito, barriga e finalmente minha cintura. Nossos corpos começam a suar, a tensão sexual tornando o ar ao nosso redor quase palpável, sinto um nó no estômago quando percebo as mãos do detetive indo em direção à minha calça.

— Espera! — exclamo com um nervosismo perceptível, fazendo Cesar interromper os seus movimentos de maneira abrupta.

— Fiz algo errado? — Cesar pergunta com uma expressão de preocupação atravessada no rosto.

— Não, eu só... — começo a falar, sentindo-me ligeiramente constrangido. — É que saímos faz pouco tempo daquele cenário horrendo de massacre.

— É, pessoas morreram, as fazem isso mesmo . — Cesar dá de ombros com uma indiferença casual.

— Cesar!

— O que?! Vou ficar de luto por pessoas que mal conheço. — Ele fala com uma certa frieza, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Você deveria ter mais empatia. — Digo, sentindo a necessidade de me apoiar nos cotovelos para me expressar melhor.

— Sou um detetive, ver pessoas falecidas vai ser algo recorrente na nossa rotina. — Cesar fala, enquanto se ajeita de maneira mais confortável no colchão, um leve sorriso atravessa seu rosto. — Vou ter que esperar quantos dias úteis para conseguir transar com você?

— Linguagem! — Digo, sentindo-me extremamente envergonhado. — Mostre mais respeito com as pessoas!

— Oh! Perdão. — Cesar diz, fazendo um sinal de cruz irônico que só serve para me irritar ainda mais.

Dou um leve empurrão no seu ombro, numa tentativa vã de mostrar o meu descontentamento. Ele só ri e se deita completamente na cama, sem se importar com a minha reação.

— Desculpe, professor. — Ele diz, se alinhando comigo na cama.

Aconchego-me nos braços de Cesar, ainda tentando absorver e compreender completamente o que quase ocorreu entre nós. Um turbilhão de sentimentos e pensamentos invade minha mente. Meu rosto esquenta, uma ruborização visível ao pensar na possibilidade daquilo que quase aconteceu. Cada detalhe do momento, cada toque, ainda vaga em minha mente. No entanto acabo adormecendo. Me sinto extremamente confortável em seus braços, como se fosse o único lugar no mundo onde eu realmente quisesse estar.

Sinto pequenos raios de sol incomodando meus olhos. Abro-os lentamente e percebo que estou sozinho na cama. Olho para o lado e vejo que Cesar já se levantou. O quarto está silencioso, apenas o som suave do vento lá fora. Espreguiço-me, sentindo os músculos se alongarem, e, em seguida, levanto-me para abotoar minha camisa, ainda meio sonolento. Vou até a sala e percebo que, além de Cesar, há mais alguém ali. Paro na porta e vejo o pequeno Bian. Os dois estão sentados em cada poltrona, e Bian parece cansado, suas olheiras estavam mais visíveis.

— Bom dia, professor! — cumprimenta Bian. — Vejo que se divertiram.

— Como?! — indago, confuso.

— Deixe de enrolação, pirralho. Conte de uma vez o estado do corpo! — diz Cesar, impaciente.

Bian revira os olhos, descontente.

— O corpo apresenta sinais anormais de decomposição ao redor daquele símbolo, e, de acordo com minha análise, aquele símbolo foi feito bem antes da morte, como uma tatuagem. A causa da morte foi constatada como esfaqueamento — relata Bian, orgulhoso.

— Só isso? — Cesar indaga.

— Se contente com isso. O corpo já não está mais no hospital — diz Bian, irritado.

— Como assim? Ninguém deu permissão para a retirada do corpo — digo, confuso.

— Bem... o corpo estava apodrecendo. Não iria manter ele lá por muito tempo! — fala Bian, cruzando os braços.

— O que fizeram? — Pergunto curioso.

— Cremaram — responde Bian, com um sorriso estranho.

— Tudo bem, agora caia fora daqui — Cesar fala grosseiramente.

— Não fale com ele assim! — o repreendo.

Bian mostra a língua para Cesar e sai do apartamento irritado. Sento-me no braço do sofá, olhando para Cesar.

— Bem… e agora?

— Nada mais — responde Cesar.

— Como assim? — indago.

— É isso, não quero mais perder tempo com isso. Parece um episódio de sobrenatural — diz Cesar, impaciente. — Os policiais já têm a descrição daqueles desocupados. Eles que vão atrás.

— Vai abandonar o caso? — pergunto, incrédulo.

— Sim, está ficando cada vez pior. Não consigo achar um motivo para eles matarem dezenas de pessoas do nada — diz Cesar, apoiando a cabeça nas mãos.

— Talvez simplesmente não haja um motivo — sugiro.

— Sempre tem um motivo. Vou ligua para o Arthur, perguntar se há um caso sem magia ou rituais de um bando de satanistas — diz Cesar, suspirando. — Estou cansado desses joguinhos do Gal. Se um dia eu pôr as mãos nele, vou enfiar uma katana no peito daquele desgraçado.

Faço um leve carinho nas costas de Cesar, tentando confortá-lo.

— Tem certeza? — indago.

— Absoluta. Esse caso está demorando demais, tenho mais o que fazer — responde Cesar, firme.

O silêncio toma conta da sala por alguns instantes. Ele se levanta, pega o celular e começa a discar o número de Arthur, enquanto eu o observo, pensando no que está por vir.

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⏰ Última atualização: May 24 ⏰

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