traquilidade momentânea

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Uma voz suave chama meu nome, interrompendo meu sono. Abro os olhos levemente e me deparo com a figura familiar que me convoca. Ofuscado pela claridade, fecho os olhos rapidamente e, ao abri-los novamente, vejo Cesar agachado ao lado da cama, chamando-me e fazendo um carinho suave.
— Bom dia, professor — diz Cesar com um sorriso, deixando um leve beijo nos meus lábios.
— Bom dia, detetive — respondo, sorrindo ainda sonolento. Cesar se levanta do chão e se deita ao meu lado na cama, me presenteando com outro beijo no rosto.
— Que horas são? — indago, coçando os olhos.
— Faltam vinte minutos para o seu despertador tocar — ele responde, acariciando meu rosto.
— Por que me acordou? — pergunto baixo, quase fechando os olhos pelo sono.
— Eu... desejava compartilhar um momento contigo antes que fosse para o trabalho — confessa Cesar, levemente envergonhado.
— Ah, que romântico — digo, sorrindo suavemente. — Não esperava isso de você.
— O que quer dizer? — pergunta Cesar, semicerrando os olhos.
— Nada — respondo, rindo.
Olho mais atentamente para Cesar e percebo que suas olheiras estão mais profundas que o normal.
— Você dormiu? — inquiro.
— Sim... — Cesar diz, escondendo o rosto na curvatura do meu pescoço.
— Está mentindo — afirmo, conseguindo ler perfeitamente Cesar. — Está preocupado?
— Só estou assim por causa do caso. Está demorando muito para resolver, e ainda por cima aquele pirralho vem com histórias "paranormais" — responde Cesar, apertando o abraço ainda mais. — Só estou cansado.
— Você acha que o que Bian diz é verdade? — pergunto, enquanto afago seus cabelos negros.
— Lógico que não. Sou movido pela razão, apenas persigo a verdade — responde Cesar, mantendo o rosto em meu pescoço.
— Entendo — digo. — Que tal enquanto estiver no trabalho, você descansa um pouco?
— Não estou com sono! — protesta o detetive, finalmente olhando nos meus olhos.
— Cesar, olhe para seu semblante! — exclamo. — Está na cara que está com sono.
— Tudo bem, eu vou dormir — diz o detetive emburrado, me fazendo rir. — Posso... dormir aqui?
— Claro.
Apenas solto um sorriso e o puxo para um beijo, que Cesar aceita de bom grado. Ele me puxa pela cintura, aproximando nossos corpos, e aos poucos, aprofundamos o beijo. As mãos de Cesar começaram a percorrer timidamente por debaixo de minha blusa, suas mãos geladas em minha pele me fez arfar durante o beijo.
Cesar notou minha respiração, o que fez com que ele explorasse mais animadamente por debaixo da blusa, sua língua se mexia com maestria e uma de suas mãos apertam com vigor a carne da minha cintura, me fazendo perder completamente minha sanidade.
— Cesar — Me separo do beijo relutante e extremamente ofegante; meu rosto provavelmente está corado. — Preciso ir para o trabalho.
Cesar abre os olhos lentamente, suas pupilas dilatadas capturam a luz, me hipnotizado completamente.
— Precisa mesmo? — Cesar sussurra, começando a espalhar beijos pelo meu pescoço.
— S-sim — Gaguejo, apertando seus ombros para me controlar.
— Tudo bem — Ele se afasta do meu pescoço, dando um leve sorriso. — Bom trabalho, professor.
— Trate de descansar — Digo ainda envergonhado, depositando um beijo tímido em Cesar.
— Você é uma graça, sabia? — Cesar responde, elogiando-me com um sorriso encantador, me deixando desnorteado.
Me levanto da cama acanhado, indo rapidamente me arruma para o trabalho, peguei minhas roupas no guarda roupa e sai do quarto para ir em direção ao banheiro. Enquanto me arrumava percebi o quanto me sentia um adolescente bobo e apaixonado, só de pensar em Cesar ou em como seus raros sorrisos, sentia diversas borboletas no estômago.

[ ... ]

No final da semana, propus aos meus alunos que discutissem sobre as histórias extraordinárias de Edgar Allan Poe. Ao solicitar resumos e reflexões, alguns demonstraram uma eloquência notável, enquanto outros pareciam simplesmente repetir trechos encontrados no Google.

Ao soar do sinal, indicando o fim da aula, organizei meus pertences antes de dirigir-me à sala dos professores. Imerso em meus pensamentos, mal percebi o ambiente ao meu redor.
— Jouki! Bom dia! — Uma voz animada interrompeu meus devaneios.
Olhei na direção da voz e avistei a conhecida figura esguia da Sra. Hoffmann, professora de química, com seus cabelos ondulados e dourados, heterocromia nos olhos intensamente azul e verde, carregando sua típica animação.
— Bom dia, Sra. Hoffmann. Que prazer revê-la! — Cumprimentei, sorrindo.
— Somos amigos, não precisa de tanta formalidade. Notei que anda bastante pensativo. — Ela disse, sorrindo travessa. — Meu filho caçula falou muito sobre você!
— Bian? O que ele disse? — Perguntei, curioso.
— Não gosto de fofocas, mas o que ele disse é surreal e ele parecia tão feliz — Frida revelou com entusiasmo, Frida era conhecida por não ter filtro nenhum, falava qualquer coisa que vinha em mente sem medo. — Contou que você acalmou a fera, que "o detetive sociopata tem coração" e que “ele está perdidamente apaixonado pelo professor de literatura do seu trabalho, mãe!”
— Tudo bem — Respondi, visivelmente envergonhado.
Ela riu suavemente por causa do meu embaraço, ajustando seu casaco. Frida, é mancar da perna esquerda e usar uma bengala para a auxiliar, mas ela sempre evitava fala sobre sua perna, ela irradiava bondade e coragem, sendo extrovertida e muito alegre.
— Você conheceu Bian através do Cesar, certo? — Perguntou Frida, sorrindo.
— Sim, mas... você permite que seu filho auxilie policiais em casos? Isso não é perigoso para ele? — Questionei.
— Eu sei, mas não consigo impedi-lo. Culpo meu irmão por isso; ele fez Bian se tornar obcecado por mistérios, transformando meu bebê em um nerd. — Frida revelou, seu sorriso desapareceu aos poucos. — Fico preocupada, muito preocupada, mas mesmo que eu o trancasse em algum lugar, ele sempre encontraria uma maneira de escapar.
— Oh! — Exclamei, sem saber o que dizer. — Seu irmão é detetive?
— Não, ele é policial, mas introduziu o mundo de detetive para meu filho. Agora vive reclamando que Bian não o deixa mas em paz. Mas pelo menos ele está seguindo seu sonho
— Ela disse, mudando rapidamente de humor, voltando a ter seu sorriso costumeiro.— Eu sempre o manterei por perto; tenho medo de que algo ruim aconteça a ele.
— Ele é uma criança fascinante; certamente se tornará um grande detetive no futuro — Afirmei, olhando para Frida com gentileza.
— Disso eu tenho certeza! — Ela disse, rindo. — Bem, acho que Bian ficaria feliz em vê-lo.
— E onde o pequeno está? — Perguntei.
— Na biblioteca. Me ligue caso ele ameace matar alguém. — Frida disse, afastando-se e gargalhando, deixando-me perplexo.
conhecido, me aproximo para o comprimenta bastante alegre.
Quando Frida se afastou, segui em passos tranquilos em direção à majestosa biblioteca da universidade. O local, sereno e silencioso, irradiava uma calma profunda, envolto pelo suave perfume dos livros. Caminhei entre as prateleiras, onde cada obra parecia sussurrar promessas de aventuras e descobertas.
A quietude da biblioteca, com seus cantos acolhedores, proporcionava uma atmosfera de paz que se entranhava em cada canto. O aroma característico dos livros, uma fragrância de sabedoria acumulada ao longo do tempo, impregnava o ar.
Em meio a esse oásis de conhecimento, finalmente avistei Bian. O menino estava lá, imerso na leitura de um livro amplamente conhecido, absorvido pelas páginas que se desdobravam diante dele. Aproximei-me com um cumprimento caloroso, compartilhando sua alegria infantil na descoberta das maravilhas contidas nas páginas que se desvendavam diante de seus olhos curiosos.

Detetive solitário - joesar Onde histórias criam vida. Descubra agora