15. amores pela metade

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Antes de qualquer coisa, a fanart do cap foi feita por um leitor, o Va_sifude (genial seu arroba KKKKKK). É uma ilustração do capítulo passado, e eu achei que capturou certinho o quanto o Tweek tava murchinho. LINDÍSSIMA, deem muito amor, viu?

Agora sobre o capítulo em si, era pra ele ter saído ontem KKKKKKKKK mas eu travei em uma certa cena e acabou não rolando. Porém, veio aí, e realmente gostei demais de escrever ele.

Admito que me perdi um pouco porque ficou bem maior do que o planejado, mas valeu muito a pena.

Enquanto eu escrevia esse capítulo, duas músicas me ajudaram muito no desenrolar dele, que são Warning Sign, do Coldplay, e Everything Will Be Alright, do The Killers. As duas estão na playlist da fic e eu sinceramente acho que resume bem o sentimento do Tweek e do Craig com tudo. Recomendo as duas.

Enfim, espero MUITO que gostem, porque esse capítulo agora é meu queridinho.

**

O ar do lado de fora estava tão frio que os dedos gelados de Tweek haviam perdido a sensibilidade. Ele cheirava a cachorro molhado, e parecia que tinha acabado de escapar de uma nevasca. Ou pulado de cabeça em uma das poças lamacentas do lado de fora.

Seus sapatos certamente estavam estragados além do conserto a esse ponto, encardidos demais para que uma simples lavagem ajudasse. Ele precisaria de um par novo, e não seria capaz de comprar um novo tão cedo.

Esfregando o nariz vermelho com o nó dos dedos que estavam tão vermelhos quanto, Tweek teve uma clareza; um dejá vu de muito tempo atrás.

No pleno auge de seus 10, 11 anos, ele pegou uma chuva quase tão forte quanto essa no caminho para casa, e voltou com tanto frio que não se lembrou de tirar os sapatos, cheios de lama, ao entrar.

Seu pai, ao ver a cena, o levou até o tanque pelos cabelos, arrancando até mesmo alguns fios no processo, e o observou lavar os sapatos, não deixando que Tweek subisse para o quarto até que estivessem completamente limpos. O engraçado era que, agora, Tweek usava o mesmo modelo de sapatos, no mesmo estado.

Mas dessa vez, ele se lembrou de tirá-los.

Um suspiro cansado deixou seus lábios ao cuidadosamente posicioná-los ao lado do tapete, do lado de fora. O choque do assoalho quente com o gelo que seu corpo estava o fez estremecer, e ele não podia nem imaginar como seu rosto deveria parecer naquele momento. Devastado, talvez.

A madeira rangeu em algum lugar, e Tweek recuou instintivamente, esperando que não fosse seu pai. Não era um bom momento e Tweek não queria se dar ao trabalho de se explicar ou preparar seu emocional para outra briga. Sua fadiga há muito já não era mais física.

— Querido? Por que está todo molhado? — Ah, era sua mãe. Tweek não sabia se isso era melhor ou pior.

Ele se enrolou no próprio casaco, e seus dentes bateram juntos.

— P-peguei chuva no caminho pra casa — respondeu. Sua mãe lançou um olhar para o enorme guarda-chuva localizado ao lado da porta. Tweek puxou uma respiração pelos dentes, desanimado. — Eu e-esqueci, ngh, de l-levar. Não imaginei que f-fosse chover tanto.

O assoalho rangeu outra vez quando ela foi até ele e retirou o roupão quente bege que usava para passá-lo ao redor dos ombros dele, alisando seus braços arrepiados.

— Você podia ter me ligado. — Karen ajeitou melhor o roupão em sua forma pequena e trêmula. — Eu poderia ter ido buscar você.

O corpo de Tweek se sacudiu com outro arrepio. Sua visão estava oscilando nas bordas, o canto dos olhos queimando, e ele percebeu, com horror, que estava prestes a chorar.

Sobre (não) se encaixar, creekOnde histórias criam vida. Descubra agora