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Mohamed entregou o chocolate no galpão, então não precisei explicar nada para os meninos daquele mundo de chocolate, que até então iria para a casa deles.
No momento eu encarava a tela do celular com a foto da serpente de Mohamed, tentando encontrar um modo de fazer a escultura.
Decido parar de pensar muito e começar a derreter aqueles chocolates. O que eu mais gosto de fazer, o cheiro que fica é ótimo.

Quando estava terminando de derreter uma quantidade me veio uma ideia, e iria ter que derreter muito mais chocolate. Estou vendo que não irei sair daqui tão cedo.

Com o serviço na cozinha da mansão, só conseguia vir para o galpão depois do almoço, então iria demorar para conseguir fazer tudo, mas pelos meus planejamentos, conseguiria entregar no dia do evento.

Enquanto derretia o chocolate coloquei alguma música pra tocar, para não ficar no silêncio, mas acabo me descuidando e encostando o pulso na travessa quente, na hora sentindo a dor e vendo ficar vermelho.

◇◇◇

Era quase uma da manhã quando cheguei na mansão. Tudo estava apagado e o silêncio reinava naquele lugar.
Meu corpo implorava por algum lugar quente depois de ter ficado no galpão. A queimadura no pulso ardia e estava roxo, mas nada que uma pomada não resolva.

Vou até a cozinha, pegando um kit de primeiros socorros na dispensa, começando a procurar a pomada para queimaduras que havia visto no outro dia.

  - Isso são horas? - me assusto com a voz, me viro para a porta, vendo San ali.

Ele usava um pijama, seu cabelo estava bagunçado, diferente das outras vezes, que estava sempre arrumado. Seu rosto denunciava que ele tinha acabado de acordar.

  - Vai assustar outra pessoa, assombração - digo voltando a atenção para a caixinha a minha frente - Aish - fecho a caixinha ao ver que a pomada não estava ali.

  - O que está procurando? - vi ele se aproximar, sentando no banco à minha frente no balcão.

  - Não é da sua conta - me viro para sair dali, porém ele segurou meu braço para me impedir, me soltei rápido dando um gemido de dor por ter apertado um pouco a queimadura.

Percebi San olhando para meu braço por um tempo, mas logo voltou a atenção para meu rosto.

  - Espere aqui - após dizer levantou saindo da cozinha em direção aos quartos. Apenas guardei a caixinha de volta na dispensa e logo pude ver ele voltar - Me dê seu braço - dessa vez sentou no banco ao meu lado.

  - O que vai fazer? - pergunto desconfiada, vi ele revirar os olhos antes de pegar meu braço, dessa vez senti um certo cuidado em seu toque.

  - Eu peguei hoje de manhã - mostra a pomada de queimadura, vi ele colocar um pouco sobre meu pulso, espalhando com os dedos com cuidado por toda a região queimada.

Seu toque parecia tão delicado em minha pele. Ele estava concentrado em meu pulso, me pego observando os traços definidos de seu rosto e novamente percebo o quão bonito conseguia  ser.

  - Obrigado - digo quando termina de passar a pomada. San olhou para mim e sorriu, não era o típico sorriso de canto, e sim um sorriso mais sincero. Percebi que ao sorrir, formava covinhas em suas bochechas, o que o deixou muito fofo - Deveria sorrir mais vezes - assim que disse seu sorriso se desfez.

  - Onde estava para chegar a essa hora? - ele levantou, indo até a pia, lavando a mão, tirando os resquícios da pomada.

  - Trabalhando - pego a pomada - Ainda irá usar, ou posso guardar de volta no lugar?

  - Pode guardar - vou para a dispensa, guardando a pomada na caixinha, mas ao virar para sair dou de cara com San muito próximo - Está cheirando a chocolate - senti sua mão levantar meu rosto, aproximando o seu do meu pescoço. Meu corpo se arrepia ao sentir sua respiração ali.

  - O que está fazendo? - meu corpo estava travado no lugar, não conseguia o afastar.

  - É um aroma viciante - sua voz saiu em um quase sussurro, porém o que me arrepiou mais ainda foi sentir seus lábios na minha pele, dando breves selares em meu pescoço - Eu tenho que me manter longe de você, Garotinha - seu sotaque falando em inglês causava sensações no meu corpo que sequer conseguia explicar - Wooyoung iria me matar se nos visse assim - senti sua mão descer para minha cintura, puxando meu corpo para mais perto de si.

Minhas mãos subiram para seu cabelo, acabei apertando seus fios ao sentir San dar uma leve mordida ali.

  - Liz? - nós afastamos rápido ao ouvir a voz de Wooyoung se aproximando da cozinha. Vi San se esconder na porta da dispensa e logo Wooyoung estava ali - Demorou para chegar hoje - vi ele ir até a geladeira pegando uma garrafa de água - O que está fazendo aí? - olhei rápido para San.

  - Vai lá antes que ele venha - sussurra, para que acordasse para a vida e saísse da dispensa.

  - Eu acabei me queimando derretendo o chocolate - informo me aproximando um pouco de Wooyoung - Fui pegar uma pomada para passar, antes que piore - ele olha para mim e mostro a marca que havia em meu pulso.

  - E lá vamos nós de novo com você chegando toda arrebentada em casa - vi ele revirar os olhos - Apenas tenha cuidado - veio até mim, segurando minha mão - Não quero ter que te levar de novo para o hospital por hipotermia.

  - Eu era nova e não sabia que a porta estava ruim.

Quando eu tinha quinze anos eu já fazia algumas esculturas com o chocolate, então papai fez um lugar para eu poder "brincar". Era uma espécie de câmara fria, porém ele disse que só poderia ir para lá se estivesse com ele.
Um dia eu o desobedeci e fiquei na sala sozinha, porém quando fui sair a porta não abria, e a temperatura parecia abaixar cada vez mais.

Papai e Wooyoung conseguiram arrombar a porta e me encontraram desmaiada. O médico informou que por pouco eu não tive uma hipotermia severa.

  - Não vamos ter essa discussão de novo - diz e coloca o copo na pia e a garrafa de volta na geladeira - Vou voltar a dormir, amanhã irei acordar cedo - veio até mim me dando um beijo no rosto - Boa noite.

  - Boa noite, Oppa - ele sai da cozinha - Pode sair - digo baixo e vejo San sair da dispensa - Isso que aconteceu não irá se repetir - digo seria sem conseguir olhar diretamente para ele - Fique bem longe de mim.

  - Não foi o que seu corpo dizia a segundos atrás - novamente se aproximou, dessa vez desviei, indo para o outro lado da bancada.

  - Não se aproxime - vejo seu sorriso de canto voltar - Eu vou para o meu quarto e vamos esquecer que essa noite um dia aconteceu - não deixei ele responder, apenas sai dali, indo para meu quarto.

Chocolate - Choi San (ATEEZ)Onde histórias criam vida. Descubra agora