Capítulo 6

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Ultrapassadas as questões legais, Juliette tinha feito a sua primeira campanha publicitária.

Os outdoors estavam espalhados por todo e lado e quem passava não deixava de elogiar a beleza da modelo.  Escusado será dizer que foi um sucesso absurdo.

Entretanto Juliette começou por dividir um apartamento com Fanny, modelo também da agência.   A princípio ia tudo bem, mas Juliette não gostava de certos amigos que por vezes as visitavam.  Aproveitava para ficar no quarto ou sair para passear enquanto Fanny tinha lá os seus rolos.

Foi num desses passeios que viu um cartaz " aluga-se"

O local era agradável.  A pequena casa parecia muito acolhedora por fora.  Viu uma senhorinha no quintal do lado e foi pedir informações.   Para sua sorte ela tinha a chave e foi mostrar-lhe o interior da casa.

- A minha amiga teve que ir para um lar, então a filha resolveu reformar a casa e alugá-la.

- Parece muito aconchegante.  Tem como eu falar com essa senhora?

A senhora ligou para ela e ali mesmo pelo telefone acertaram o preço e condições.   Juliette podia mudar imediatamente pois a casa estava habitável.

Fanny não gostou muito, pois contava com ajuda nas despesas, mas isso não demoveu Juliette.

Com o tempo passando e os trabalhos chegando em força, Juliette já era a queridinha da agência o que causava satisfação da direcção,  mas muita inveja por parte de algumas modelos que estavam há muito mais tempo no ramo.

Miguel,  o fotógrafo,  sempre que surgia oportunidade insinuava-se a Juliette.

- Porque não podemos sair, Juliette?

- Porque eu sei das tuas reais intenções.   Não estou afim de relacionamento e muito menos com colegas de trabalho.

- Achas-te superior às outras?  Será que todo esse sucesso é só mérito teu ou tiveste a ajuda do patrãozinho?  Já percebi que ele te olha diferente.

Juliette pregou um valente tapa na cara de Miguel.

- Respeita-me assim como eu te respeito.

- No início são todas assim, mas depois vêem cá parar.  Paciência e tempo eu tenho de sobra.  Lembra-te que quem fotografa sou eu.

Juliette saiu dali rapidamente.   No corredor cruzou-se com Rodolffo e os corpos chocaram.  Ela soltou um desculpe e seguiu a correr.
Rodolffo parou, olhou para trás e ficou sem entender nada.

Rodolffo entrou no estúdio fotográfico e Miguel arrumava as lentes da câmara.

- Miguel, precisamos... o que foi isso na tua cara? 

- Nada de mais.  É só uma gata assanhada que precisa ser domada.

- Cuidado.  Sabes que a política da agência é não misturar prazer com trabalho.

- Eu sei e tu, sabes?

- Não entendi.  Explica lá isso.

- Eu vejo os olhares que lanças à Juliette.  Vais dizer que nunca pensaste numa boa transa com ela?
Ninguém aqui quer casar, mas que passava uma boa noite com ela, isso passava.

- Olha como falas dela.  Não te esqueças que ela é a protegida do meu pai.  E o que eu sinto não é para aqui chamado.

- Ah!!! Então temos homem apaixonado!

- Vamos acabar a conversa.  Vim dizer-te que amanhã começamos a fotografar a colecção de Verão da Beloca.

- A Juliette faz parte da campanha?

- Claro.  Quem mais vende nesta agência?

Uma dose de saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora