Capítulo 10

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Terminei a reunião e o meu desejo era conduzir até casa dela, mas em vez disso mandei uma mensagem.

Bom dia princesa

Espero que tenhas tido um bom acordar.  Quando posso ver-te?

Beijo

Esperei um pouco e como não veio resposta, guardei o telemóvel e segui com o meu dia planeado.  Sabia que ela não tinha gravação agendada e esperava passar tempo com ela.

Era já noite quando a notificação de mensagem chega.

Oi

Estava ocupada.  Obrigada pelos agrados.  Adorei.   Preciso alinhar as ideias.  Como não tenho trabalho nos próximos dias decidi viajar.
Vemo-nos no meu regresso
Beijo

Uma bofetada tinha doído mais.  Como vai viajar assim do nada?  Com quem, para onde?

As últimas palavras do meu pai começaram a fazer eco na minha cabeça " não estão na mesma onda".
O que será que ele sabe que eu não sei?

Saí do meu quarto e procurei o meu pai.  Estava no escritório terminando um telefonema.

- Pai, porque é  disseste que eu e a Ju não estamos na mesma onda?

- Sei lá.  Na hora saiu, mas eu nunca vi ela assim dando mostras de estar interessada em ti.

- E noutra pessoa?

- Nunca vi nada, Rodolffo.   Agora diz-me o que te está a angustiar.

- Perguntei-lhe quando nos podíamos encontrar e ela respondeu que precisava de arejar as ideias e ia viajar.  Falou contigo?

Não,  e nem precisa.  Só precisa de estar disponível quando for convocada.  Relaxa, vais ver que ela só precisa pensar na vida.

Durante uma semana Juliette não deu notícias, mas Rodolffo também não a incomodou.  Estava demasiado decepcionado depois da atitude dela e decidiu que ia deixar andar.
Se ela quisesse que o procurasse.

Soube do regresso dela, mas evitou os locais onde poderiam encontrar-se.  Fazia questão de estar sempre no escritório.

Numa manhã bateram à porta. - entre.

- Bom dia,  Rodolffo.   Sou eu.

- Entra e fecha a porta.

- Vim saber como estás.

- Muito bem.  Obrigado pela preocupação após tantos dias.  A viagem romântica foi boa.

- Que viagem romântica?  Fui sózinha.

- Como não disseste para onde ias e como quem, pensei que fosse tipo lua de mel.

- Estás a ser sarcástico, não?

- Achas?  Fugir depois do que aconteceu connosco, achas bem?

- Eu não fugi.  Só precisava pensar.

- Depois de conversares comigo eu até entenderia a viagem.  Assim como aconteceu, não me entra.

- Paciência.   Eu também falho.  Fiz o que me pareceu melhor para mim.

- Ok.  Para ti.  Estás certa em pensares só em ti.  Os outros são só os outros.

- Porquê esse azedume, Rodolffo? Transámos uma noite, não casámos!

- Tens razão,  desculpa.  Obrigado pela transa, mas quando sentires vontade, procura outro.  Agora se fazes favor podes sair que eu tenho que fazer.

- Rodolffo...

- Não digas mais nada, Juliette.   Sai.

Juliette saiu furiosa e bateu a porta.

Uma dose de saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora