Juliette percorreu meio corredor e resolveu voltar atrás. Ao fundo de uma das portas saiu Miguel que parou a olhar para ela.
Juliette entrou novamente no gabinete de Rodolffo sem bater à porta. Entrou e fechou-a de seguida.
- A nossa conversa não terminou, Rodolffo.
- O que foi que não disseste?
- Entende que foi confuso para mim. Eu nunca tive este comportamento. Nós nem éramos íntimos.
- E então, no que isso muda?
- Eu fiquei confusa. Tive que me afastar para me entender. Desculpa porque devia ter partilhado contigo.
- Se te fez bem, óptimo. Sigamos em frente.
- Mas eu não quero estar zangada contigo.
- Eu estou bem. A raiva já passou.
- De certeza? Dás-me um abraço?
Rodolffo levantou-se da cadeira e veio abraçá-la. Inspirou o aroma do cabelo dela e abanou a cabeça. Juliette passou os braços pela cintura dele e apertou-se de encontro ao seu peito.
- Vou fazer umas fotos. O Miguel está à minha espera.
- Vai lá. Fica bem.
Miguel permaneceu na entrada da porta e viu Juliette sair da gabinete do Rodolffo. Esperou ela entrar e seguiu-a.
Juliette estava inquieta e as fotos não saíam como esperado.
- Assim não, Juliette. Mais naturalidade. Está muito forçado.
- Bolas! Hoje implicas com tudo e descontas em mim a tua frustração.
Miguel pediu ao assistente de iluminação que fosse tomar um café e este saiu de imediato.
- Vamos lá ter uma conversa. Eu fotográfo quase há tantos anos como tu tens de idade. Quem está frustrada aqui és tu. É o quê? O chefe não te satisfez o suficiente? Podemos resolver isso imediatamente.
- Respeita-me, Miguel. Não te dei liberdade para tanto.
- Aproveitemos que estamos sózinhos. Depois eu garanto uma sessão fotográfica bacana. Cada dia me deixas mais doido, Juliette.
Miguel aproximou-se dela tentando agarrá-la. Ela fugiu contornando a mesa que estava no canto. Miguel rodou a chave na fechadura e meteu-a no bolso.
- Abre a porta senão eu grito. Socorro!!.
Aqui ao fundo ninguém te ouve.
Fica assanhadinha que ainda me dás mais tesão.Juliette ia correndo e derrubando todo o equipamento de fotografia.
- Cabra, destruiste a minha câmara. Agora é que vais ver.
Juliette segurou o suporte da câmara e enfrentou-o. Conseguiu atingi-lo na cabeça mas foi logo agarrada.
Gritou com todos os pulmões mas parecia que não havia mais ninguém no prédio.Miguel rasgou a blusa de Juliette e deu-lhe um tapa na cara.
- Resiste agora, vai.
Prendeu-lhe os braços e começou a tentar beijá-la quando um estrondo se ouviu e Rodolffo mais o assistente de iluminação entraram.
O assistente havia regressado do café e ao ouvir os gritos de Juliette foi chamar Rodolffo. Este sem nem pensar, meteu o pé na porta e abriu-a de vez.
- Larga-a, seu animal. Igor, chama a polícia.
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