Capítulo 11

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Juliette percorreu meio corredor e resolveu voltar atrás.  Ao fundo de uma das portas saiu Miguel que parou a olhar para ela.

Juliette entrou novamente no gabinete de Rodolffo sem bater à porta. Entrou e fechou-a de seguida.

- A nossa conversa não terminou, Rodolffo.

- O que foi que não disseste?

- Entende que foi confuso para mim.  Eu nunca tive este comportamento.  Nós nem éramos íntimos.

- E então,  no que isso muda?

- Eu fiquei confusa.  Tive que me afastar para me entender.  Desculpa porque devia ter partilhado contigo.

- Se te fez bem, óptimo.  Sigamos em frente.

- Mas eu não quero estar zangada contigo.

- Eu estou bem.  A raiva já passou.

- De certeza?  Dás-me um abraço?

Rodolffo levantou-se da cadeira e veio abraçá-la.  Inspirou o aroma do cabelo dela e abanou a cabeça.  Juliette passou os braços pela cintura dele e apertou-se de encontro ao seu peito.

- Vou fazer umas fotos.  O Miguel está à minha espera.

- Vai lá.  Fica bem.

Miguel permaneceu na entrada da porta e viu Juliette sair da gabinete do Rodolffo.   Esperou ela entrar e seguiu-a.

Juliette estava inquieta e as fotos não saíam como esperado. 

- Assim não,  Juliette.   Mais naturalidade.  Está muito forçado.

- Bolas!  Hoje implicas com tudo e descontas em mim a tua frustração.

Miguel pediu ao assistente de iluminação que fosse tomar um café e este saiu de imediato.

- Vamos lá ter uma conversa.  Eu fotográfo quase há tantos anos como tu tens de idade.  Quem está frustrada aqui és tu.  É o quê?  O chefe não te satisfez o suficiente?  Podemos resolver isso imediatamente.

- Respeita-me, Miguel.  Não te dei liberdade para tanto.

- Aproveitemos que estamos sózinhos.  Depois eu garanto uma sessão fotográfica bacana. Cada dia me deixas mais doido, Juliette.

Miguel aproximou-se dela tentando agarrá-la.  Ela fugiu contornando a mesa que estava no canto.  Miguel rodou a chave na fechadura e meteu-a no bolso.

- Abre a porta senão eu grito.  Socorro!!.
Aqui ao fundo ninguém te ouve.
Fica assanhadinha que ainda me dás mais tesão.

Juliette ia correndo e derrubando todo o equipamento de fotografia.

- Cabra, destruiste a minha câmara.  Agora é que vais ver.

Juliette segurou o suporte da câmara e enfrentou-o.  Conseguiu atingi-lo na cabeça mas foi logo agarrada.
Gritou com todos os pulmões mas parecia que não havia mais ninguém no prédio.

Miguel rasgou a blusa de Juliette e deu-lhe um tapa na cara.

- Resiste agora, vai.

Prendeu-lhe os braços e começou a tentar beijá-la quando um estrondo se ouviu e Rodolffo mais o assistente de iluminação entraram.

O assistente havia regressado do café e ao ouvir os gritos de Juliette foi chamar Rodolffo.  Este sem nem pensar, meteu o pé na porta e abriu-a de vez.

- Larga-a, seu animal.  Igor, chama a polícia.

Uma dose de saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora