Assim que Rodolffo saiu, Juliette percebeu que ele estava magoado pela conversa da noite anterior.
- Bolas, mas é o que eu penso. Eu gosto dele, mas não me vejo por ora presa num casamento. Sinto que não estou nessa onda.
Preciso conversar com ele.Arrumou-se e foi ter com ele ao escritório. Encontrou-se com Vivi mas Rodolffo ainda não tinha aparecido. Ligou para ele mas o telefone estava desligado.
- Vivi, a que horas é a leitura da minha sentença?
- Às 16 horas, vais?
- Talvez. Se o Rodolffo ligar ou aparecer diz-lhe para falar comigo.
- Estão zangados?
- Mais menos. Vivi, quando conheceste o Francisco, como foi?
- Como foi o quê?
- Namoraram muito tempo?
- Não. Em 3 meses namorámos e casámos.
- Há quanto tempo estão juntos?
- Este ano faz 15 anos. Eu estava praticamente a dar os primeiros passos na moda. Ele é arquitecto. Conhecemo-nos num evento onde ele acompanhava a irmã mais nova que tinha a minha idade.
Foi amor à primeira vista.- E quiseste logo casar?
- Sim. Foi vontade dos dois.
- Não tiveste medo de não dar certo?
- E daí se não desse certo. Pior era nunca saber isso, mas felizmente deu muito certo. Logo depois veio o nosso Hugo e a seguir a Madalena que são os nossos xodós.
- Queria ser assim segura como tu.
- Quando encontramos a pessoa certa, ela traz-nos essa segurança.
- Deixa eu ir, agora. Tchau.
Sai dali a pensar em tudo o que tinha acontecido. Não tinha clima para compras, então voltei para casa. Liguei de novo para ele e ainda mandei mensagens. Nada. Não havia sinal de Rodolffo.
...
Deixei Juliette e conduzi até à beira mar. O cheiro a maresia, o bater das ondas e o silêncio à minha volta, acalmavam-me, pois àquela hora e naquele local não havia ninguém.
Tinha desligado o telemóvel pois não queria ser incomodado.Deixei-me estar ali por algumas horas, mas precisava voltar para o trabalho.
Entrei no escritório e logo Vivi me disse que Juliette tinha estado lá e pedido para a contactar.
- Está bem. Já ligo.
- Rodolffo, o melhor das zangas é depois fazer as pazes. disse Vivi e eu sorri para ela.
- Vivi, o que dizes de ir para Paris com a Juliette?
- Eu, mas não eras tu que ias?
- Era, mas não quero mais.
- Só se puder levar o meu Francisco.
- E as crianças?
- Ficam com os avós. Já estão habituados.
- Eu falo com o meu pai e bancamos também a viagem do Francisco.
- Ai meu Jesus Cristo que ainda venho de lá buchuda. Isso é sério? Posso ligar ao Francisco?
- É sério sim. Podes ligar.
- Agora a sério Rodolffo. A vossa briga foi assim tão grande?
- Não teve briga. Só estamos em fases da vida diferentes. O que eu quero, não é bem o que ela quer, mas podes programar a viagem. Troca o meu bilhete e vê se dá para incluir o Francisco. Vê também o hotel. Depois diz se conseguiste, porque eu não quero ir mesmo.