Capítulo 20

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Assim que Rodolffo saiu, Juliette percebeu que ele estava magoado pela conversa da noite anterior.

- Bolas, mas é o que eu penso.  Eu gosto dele, mas não me vejo por ora presa num casamento.  Sinto que não estou nessa onda.
Preciso conversar com ele.

Arrumou-se e foi ter com ele ao escritório.  Encontrou-se com Vivi mas Rodolffo ainda não tinha aparecido.   Ligou para ele mas o telefone estava desligado.

- Vivi, a que horas é a leitura da minha sentença?

- Às 16 horas, vais?

- Talvez.   Se o Rodolffo ligar ou aparecer diz-lhe para falar comigo.

- Estão zangados?

- Mais menos.  Vivi, quando conheceste o Francisco, como foi?

- Como foi o quê?

- Namoraram muito tempo?

- Não.  Em 3 meses namorámos e casámos.

- Há quanto tempo estão juntos?

- Este ano faz 15 anos.  Eu estava praticamente a dar os primeiros passos na moda.  Ele é arquitecto.  Conhecemo-nos num evento onde ele acompanhava a irmã mais nova que tinha a minha idade.
Foi amor à primeira vista.

- E quiseste logo casar?

- Sim.  Foi vontade dos dois.

- Não tiveste medo de não dar certo?

- E daí se não desse certo.  Pior era nunca saber isso, mas felizmente deu muito certo.  Logo depois veio o nosso Hugo e a seguir a Madalena que são os nossos xodós.

- Queria ser assim segura como tu.

- Quando encontramos a pessoa certa, ela traz-nos essa segurança.

- Deixa eu ir, agora.  Tchau.

Sai dali a pensar em tudo o que tinha acontecido.   Não tinha clima para compras, então voltei para casa.  Liguei de novo para ele e ainda mandei mensagens.  Nada.  Não havia sinal de Rodolffo.

...

Deixei Juliette e conduzi até à beira mar.  O cheiro a maresia, o bater das ondas e o silêncio à minha volta, acalmavam-me, pois àquela hora e naquele local não havia ninguém.
Tinha desligado o telemóvel pois não queria ser incomodado.

Deixei-me estar ali por algumas horas, mas precisava voltar para o trabalho.

Entrei no escritório e logo Vivi me disse que Juliette tinha estado lá e pedido para a contactar.

- Está bem.  Já ligo.

- Rodolffo,  o melhor das zangas é depois fazer as pazes. disse Vivi e eu sorri para ela.

- Vivi, o que dizes de ir para Paris com a Juliette?

- Eu, mas não eras tu que ias?

- Era, mas não quero mais.

- Só se puder levar o meu Francisco.

- E as crianças?

- Ficam com os avós.  Já estão habituados.

- Eu falo com o meu pai e bancamos também a viagem do Francisco.

- Ai meu Jesus Cristo que ainda venho de lá buchuda.  Isso é sério?  Posso ligar ao Francisco?

- É sério sim.  Podes ligar.

- Agora a sério Rodolffo.   A vossa briga foi assim tão grande?

- Não teve briga.  Só estamos em fases da vida diferentes.  O que eu quero, não é bem o que ela quer, mas podes programar a viagem.  Troca o meu bilhete e vê se dá para incluir o Francisco.   Vê também o hotel.  Depois diz se conseguiste,  porque eu não quero ir mesmo.



Uma dose de saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora