Capítulo 4

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- Boa noite família.  Desculpem não avisar que não vinha jantar.  Jantei pelo caminho.

- Boa noite, pai.  Temos um problema.  A empresa dos cosméticos está a pressionar para iniciarmos a campanha.  Temos que achar uma modelo urgentemente.

- Já tenho.  Caiu-me uma hoje na estrada.

- Não brinques, pai.  O assunto é sério.

- Eu sei, Rodolffo.   E não estou a brincar.  Encontrei a moça.  Está neste momento entregue à Vivi.

Contei a história que Juliette me tinha contado.   Rodolffo ouvia com atenção e a cada relato arregalava os olhos.

- Bolas, pai!  Há vidas bem difíceis.

- Mas ela pareceu-me bem determinada.  E brava.   Pensa numa mulher brava.

- Deve ter muitas cicatrizes.  Pelo que contaste, a vida foi madrasta para ela.

- Amanhã fazemos um teste e depois se for o caso fazemos o contrato.

Enquanto isso, Juliette olhava tudo à sua volta.  Abriu a àgua do chuveiro, retirou a roupa e deixou-a deslizar pelo corpo.
Pensou na mãe, mas tinha prometido que não ia chorar mais.

- Eu vou vencer, mãe.  Isto é uma promessa que eu te faço.  Ainda vou brilhar.

Desligou a água e enrolou-se na toalha.  Secou o cabelo e vestiu a única camisola que tinha.  Assim que se aninhou na cama logo foi acometida por um sono profundo.  Estava cansada fisicamente e o psicológico não estava melhor.

Acordou cedo como era seu hábito.  Viu as horas e deixou-se ficar no quentinho dos cobertores.

Levantou-se cerca das 7 horas e olhou para a roupa que tinha e que não era muita.  Resolveu-se por uns jeans, só tinha dois, e por uma blusa branca.  Nos pés colocou umas sandálias rasteiras.
Escovou os cabelos e tentou fazer uma ligeira ondulação com o secador.

Vivi veio chamá-la ainda não eram 8 horas.

- Vem ao meu quarto.

Juliette não usava maquilhagem e Vivi colovou-lhe apenas um blush e um batom suave.

- Nunca usei isso.

- Vais ter que te habituar.  Neste negócio precisamos estar sempre bonitas e arranjadas.   Mais tarde vamos arranhar as unhas.

- Vivi, eu tenho um pouco de dinheiro.  Queria comprar umas roupas.

- Não te preocupes. Depois de fazeres o teste e decidir essa parte, vamos fazer compras.

- Isto é a sério?  Eu estou tão assustada.

- Não estejas.  Se o Joaquim te trouxe é porque ele viu potencial em ti.  Ele nunca se enganou nas modelos que contratou.

- Pode ser, mas para mim as coisas sempre foram difíceis.   Nada do que consegui foi de mão beijada.

- Nem aqui vais ter.  A profissão de modelo requer muito trabalho e cuidado.  Vais ver que vais gostar.

Desceram para o café.  Juliette foi apresentada a mais três modelos que já se encontravam à mesa.
Logo a seguir, Juliette reparou que entrou o senhor Joaquim acompanhado de um jovem alto, porte atlético e muito bonito.
Quando os seus olhares se cruzaram ela baixou o rosto.

Uma dose de saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora