Capítulo 2 / Presente

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      Estava um dia ensolarado lá fora, e o som dos pássaros ecoava por todo o lar de idosos. Vitória abriu a janela da cozinha, deixando a claridade e o vento entrarem. Hoje era um dia especial para ela: completava um ano desde que se formara em nutrição. Quem a olhava, não sabia das suas dificuldades e do que enfrentou até concluir o curso. Desde a primeira vez que estagiou, no início de seu curso, no lar de idosos, foi amor à primeira vista. Naquele dia, ela soube que era aquela profissão que queria seguir para a sua vida.

Fazia oito meses que ela conseguira esse emprego. Vitória ia duas vezes por semana prestar seus serviços na casa de idosos "Lar dos Sábios". Ela amava seu trabalho e o realizava com muito amor e carinho para cada um que residia no local. Todos ficavam animados quando Vitória vinha. Com sua bela voz, ela cantava músicas que os idosos lhe pediam. Era uma festa toda vez que ela soltava a voz. No começo, Vitória tinha vergonha de cantar em público, mas seus amigos no lar a incentivaram a continuar.

— Vitória, minha filha, já estava me esquecendo. Hoje é o dia em que aquele grupo de jovens vem cantar aqui na casa. — disse Dona Laura, ainda com seu roupão azul claro com pequenas flores amarelas.

— Então hoje eu vou conhecer meus concorrentes. Vou poder ver se eles cantam tão bem assim. — falou Vitória, cruzando os braços e olhando para Dona Laura.

— A gente adora sua voz, Vitória. Não tem ninguém que canta melhor que você, isso todo mundo diz. O bom é que, desta vez, você vai conhecer esse grupo da cidade. — Enquanto Dona Laura falava, ela se servia de café e bolo de fubá que Dona Carmem tinha preparado no dia anterior. — No mês passado, foi o dia da sua folga quando eles apareceram aqui. — continuou a idosa, dando uma mordida no bolo.

— Vocês me deixaram curiosa para conhecer essas pessoas que cantaram para vocês. Só ouço isso nesta casa. — falou Vitória de forma descontraída para sua amiga.

— Que horas eles vão vir aqui? — perguntou Vitória.

— Agora são oito e vinte e cinco. Eles vieram no mês passado por volta de quinze para as dez. — respondeu Dona Laura com a boca ainda cheia. — Quer um pedaço de bolo, minha filha? Foi a Carmem que preparou. Pode ficar tranquila que ela fez seguindo as suas dicas de substituição de ingredientes por opções mais saudáveis. Ficou mais gostoso do que a receita original que ela fazia aqui.

— Agora fiquei curiosa para provar essa nova receita. A senhora corta uma fatia fininha para mim? — Vitória sentou-se ao lado da amiga para provar o bolo de fubá.

                                                ***

— Luís, você já conferiu se todos os cabos de som estão no carro? — perguntou Larissa.

— Claro, maninha, pode ficar sossegada. Confia no pai que ele não brinca em serviço. — Luís deu uma piscadela para a irmã e levou a maleta para o carro.

— Eu fico tão ansiosa quando a gente vai se apresentar para os outros, minhas pernas já tremem só de pensar. — Larissa falou olhando para Cristian, que estava recolhendo sua guitarra e os fios.

— Você sempre fala isso e dá um show. Lari, sua voz é incrível, você precisa acreditar mais no seu potencial. — disse Cristian, já com sua guitarra e os fios dentro do suporte.

— Concordo com o Cris. Você tem um vozeirão; todo mundo fica impressionado com o seu timbre. Eu mesmo, toda vez que vamos nos apresentar para outras pessoas, também sinto um friozinho na barriga. Isso é normal, só não é quando você duvida do seu potencial. — falou Miguel, tocando no ombro de Larissa.

— Tá bom, vocês me convenceram. Agora venham todos aqui ao meu lado. — Larissa chamou Cristian, que estava no carro, para dentro. Com todos do grupo ao seu lado, ela ergueu as mãos em sinal de oração e disse:

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