𝑵𝑶𝑩𝑶𝑫𝒀 𝑩𝑼𝑻 𝒀𝑶𝑼, madison beer

two

z a r a

— Treino pesado esse hein, Z! — reafirma Zendaya, tocando na palma da minha mão.

O mesmo toque que sempre fizemos como comprimento.

— Nem me fale!

  Estava louca por um banho! Era o que mais desejava naquele momento. Enquanto todas faziam isso, se vestiam e se perfumavam, eu estava fingindo trocar mensagens com meu pai.

Como se algo sério tivesse acabado de acontecer! Sério, até quando?

Ter um pênis nunca foi fácil, ainda mais quando você tem biologicamente o corpo de uma garota. Ser intersexual fora sempre meu pesadelo e é de se provar;

Eu nunca podia usar roupas muito apertadas, — nisso não vejo problema, já que não é meu estilo — banheiro das mulheres? Era sempre uma incógnita para mim.

Se o treino acabou e todas foram juntas tomar banho, eu tinha que esperar. Do contrário, todos tomariam consciência do que havia no meio das minhas pernas.

Viver com esse segredo vinha sendo um inferno desde sempre. Apenas meu pai, minha melhor amiga Siena e a mulher que me gestou sabiam disso, inclusive, foi por isso que fui abandonada por ela.

Nunca cheguei a ir um pouco mais "além " com as garotas que fico, se sou virgem ainda hoje é por esse motivo. Em hipótese alguma deixaria que alguém descobrisse este segredo, essa é a minha maior insegurança...

— Vai tomar banho, capitã! — Brooke, uma das atacantes do time, implica.

Passando por mim.

— Apenas aos sábados! — rebati, ouvindo sua risada.

Fingir que meu pai falava algo sério no celular realmente funcionou, logo o vestiário foi se esvaziando e Claudia, a assistente do time, me deixou totalmente só.

Era o meu momento!

  Arranquei aquele uniforme cheio de suor e soltei meus cachos, antes de correr para aquele chuveiro enorme dei uma espiada na porta, prendendo a própria de um jeito que se qualquer um fosse entrar, eu poderia ouvir e correr pro banheiro.

— Finalmente! — arfo, deixando a água cair sobre o meu corpo.

Não sei por quanto tempo mais iria suportar aquilo, praticamente tem virado motivo de piadinhas o fato de que eu sempre sou a última a sair do vestiário...

Enquanto passava as mãos entre os fios do meu cabelo embolados, me senti vigiada, como se alguém me olhasse e esse olhar me queimava;

— Zara? — meu coração gelou quando aquela voz ecoou o vestiário.

— Madison?

Me apressei em esconder meu pênis, a garota estava com os olhos arregalados, estática. Em que momento ela entrou que eu não ouvi?

— Sai, sai daqui! — grito apreensiva, correndo para o banheiro.

A porta do vestiário se bateu, indicando que ela tinha ido e às pressas.

Merda!