Primeiro Capítulo: Memories

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     Era apenas mais uma tarde de uma segunda-feira, assim pensava Jeong Yunho. Com seus 18 anos, o garoto era alguém inteligente e com um coração enorme, porém tinha um problema dos grandes que ele jurava que não iria conseguir dar conta: sua agora ex-namorada- estava grávida. O jovem Jeong não entendia como aquilo era possível, mas acreditou fielmente nas palavras da amada.
     Assim que o pequeno Sunghoon nasceu, a sua mãe Park Jihyo, o entregou sem mais, nem menos, para Yunho criar sozinho. O motivo seria que Jihyo teria conquistado um homem milionário que teria vindo diretamente dos Estados Unidos para buscá-la. A Park afirmava que ter um bebê de outro relacionamento iria atrapalhar sua nova vida, então que deixaria o pequeno com o Jeong.

      Yunho agora tinha um bebê recém-nascido nos braços, contas pra pagar- já que seus pais o expulsaram de casa quando descobriram que teriam um neto, e o jovem foi obrigado a ir morar de aluguel- e um emprego que pagava muito mal.

      Choi San era melhor amigo de Yunho desde a escola, sempre andavam juntos por todos os lados, alguns alunos naquela época suspeitavam que talvez os dois teriam um caso, algo que não era condizente com a realidade. San vinha de uma família rica, já Yunho vinha de uma mais humilde, apesar das diferenças, os dois eram inseparáveis.
      Assim que o Choi abriu sua empresa, resolveu chamar o melhor amigo para trabalhar com ele. San sabia que o jovem não conseguia manter ele e o filho com o salário que ganhava até então.

     Ao passar dos anos, a empresa de San foi crescendo cada vez mais, tudo com a ajuda do Jeong e seus amigos que também trabalhavam ali. Agora, Yunho tinha a vida estabilizada, e um filho adolescente pra sustentar. Sunghoon era o típico filho perfeito na frente do pai, mas quando estava longe, era considerado o próprio capeta. Isso porque, segundo todos que viviam ao redor do adolescente, Sunghoon podia ser bem persuasivo quando queria, como a vez em que o garoto pegou escondido as chaves do carro do pai, dirigindo sem habilitação por ser menor de idade e acabou batendo o carro no poste. Naquele dia, o adolescente mentiu para Yunho dizendo que quem tinha batido o carro era San, já que o Choi teria pegado o carro emprestado um dia antes mas devolvido no mesmo dia, mas Yunho não sabia dessa parte da história pois estava trabalhando.
       Depois de toda a confusão, o carro ainda estava amassado já fazia uma semana do ocorrido, mas Yunho não tinha cabeça pra aquilo no momento.

    —Não acha que deveria mandar o carro para o Chan consertar? — dizia o Choi sentado em sua enorme mesa do seu escritório, enquanto folheava alguns documentos. Bang Chan era mecânico e também era amigo de infância dos dois.

   —E 'pra que? 'Pra no final de tudo, o Sunghoon acabar pegando de novo? — eu estava exausto, não sabia o porquê do meu filho ter feito aquilo e ainda ter mentido.

     San suspira pesado, logo largando os papéis para olhar a expressão cansada que o Jeong fazia, se sentia triste pelo amigo.

    —Entendo, mas já tentou conversar com ele? Você sempre foi compreensivo, deve ter algo que tenha feito ele mentir. —San diz pensativo, ele sabia que talvez tenha sido algo do tipo, mas outra parte de si dizia que era a fase de adolescente rebelde.

       Yunho parecia uma criança emburrada sentado na poltrona que tinha ali, ele pensava sobre o assunto e se questionava o que teria feito Sunghoon fazer tudo que fez.

     —Eu... não consegui ainda, mas hoje vou conversar com  ele. — temia que acabasse ouvindo algo que não gostaria do filho.

      Por conta desse incidente, San acabou dispensando-o mais cedo, para que assim eu pudesse conversar com Sunghoon.
     Eu caminhava tranquilo pelas ruas de Itaweon, já anoitecia e eu sabia que logo meu ônibus iria passar ali, já que estava usando transporte público  para ir e vir do trabalho por causa do incidente do carro. Após finalmente chegar ao ponto de ônibus, eu pego meu celular, enquanto mandava mensagem perguntando para meu filho se o mesmo estava em casa, ouvia o som alto que vinha de um bar ao lado. A mistura de vozes altas e a música que tocava me deixavam tonto, acabo me distraindo com aquilo, quando um homem um pouco mais baixo que eu acaba passando correndo e roubando meu celular que estava em minha mão.
       Logo depois do susto, ouço gritos e logo outro homem corria, esse tinha cabelos loiros com algumas partes laranja que eu me esforcei pra entender do porquê o outro havia pintado assim, seus olhos eram pequenos, mas a sua voz era grossa. Acabou reparando demais no homem, percebendo o que estava acontecendo, eu também corro em direção aos outros dois homens.
         Aquela cena parecia um filme de ação, o homem loiro dava socos no rosto do homem que acabara de o assaltar, alguns civis ligavam para a polícia e outros encaravam a cena com receio. Após poucos minutos a polícia havia chegado, eles algemavam o ladrão, mas acabaram por algemar também o outro homem.

  - Esse filho da puta me roubou e é eu que vou ser preso? Era só o que me faltava.- O loiro gritava furioso, mas parou de gritar assim que bateu os olhos em Yunho.

     Antes que os policiais pudessem de fato, colocar o loiro dentro da viatura, Yunho que só estava ali para tentar recuperar seu celular, começou a falar:

    — Esse homem também meu roubou, o celular que 'tá na mão dele é meu! —  digo para os policiais, tendo um sorrisinho de canto do loiro que estava algemado.

    —Então você também vai 'pra delegacia, prestar seu depoimento. — o policial que estava no banco do motorista diz, fazendo com que eu entrasse na viatura no banco traseiro e sentasse ao lado do loiro que ainda estava algemado.

     Yunho fitava cada parte do rosto do homem, não podia mentir, acabou achando o outro bastante atraente, e por um momento acabou duvidando de sua sexualidade. O loiro percebendo que estava sendo praticamente secado pelo outro, solta uma risadinha.

      —O que foi playboy? Me achou bonito? —o loiro pergunta em tom de deboche.

     A pergunta repentina fez com que Yunho desviasse o olhar para a janela da viatura, tendo seu coração acelerado e uma vergonha enorme tomando conta de seu ser.

    —Vai se fazer de desentendido? Pô, até que te achei bonitinho, esse terno deixa você charmoso, mas pelo visto você é daqueles desumildes que gostam de humilhar pobres fudidos que nem eu. —o loiro dizia com uma tranquilidade que ninguém sabia de onde vinha, pelo cheiro que emanava do menor,  tive a certeza de que o outro estava bêbado.

      Tirando coragem de onde não tinha, o moreno respondeu:

   —Não sou desumilde, não gosto de humilhar ninguém. Só queria saber se te conhecia de algum lugar... — Era mentira, mas foi o que consegui dizer naquele momento.

    O loiro se calou, desviando o olhar pra janela, vendo que já tinham chegado na delegacia.

         Depois de prestar depoimento, finalmente fui liberado, meu celular também foi devolvido, o que já era um problema a menos. Assim que saí pela porta da delegacia, acabo dando de cara com o loiro, que também havia sido liberado, ninguém sabe como, mas foi.

     —Meu vulgo é Mingi, e o seu, playboy? — Mingi pergunta em um tom de voz tranquilo, nem parecendo que minutos antes poderia ter sido preso por agressão.

    —Eu não tenho um vulgo, meu nome é Jeong Yunho. Dá 'pra parar de me chamar de playboy? — Aquilo já estava irritando.

      O loiro olha para mim, logo deixando um sorrisinho escapar.

     — Você é engraçadinho, é corajoso também, admiro isso. Mas, diz aí, por que me defendeu lá dentro? Disse até que ia chamar seu advogado 'pra me defender. Achei chique. —o loiro estava curioso e confuso.

     Eu não sabia o que responder, naquele momento só restava a vergonha.

     —Por que só não agradece? Você faz umas perguntas muito difíceis. — suspiro pesado, não queria responder aquilo.

      O loiro se aproxima, apertando o ombro do outro com delicadeza. Yunho o encara sem entender o porquê daquilo, mas logo Mingi diz:

     —Eu 'tô vendo que você tá tenso desde a hora que estávamos lá na rua. Sei que não tenho nada a ver com a sua vida, mas se quiser conversar... — o loiro sorri tentando parecer amigável, fazendo com que o outro fique timido. Yunho nunca diria em voz alta, mas achou aquela atitude fofa.

    —Problemas com meu filho, mas não importa. Aliás, eu tenho que ir, tá tarde e não posso deixar ele sozinho. — eu queria fugir do assunto, não queria que o outro perguntasse demais, não tinha cabeça para aquilo no momento.

    —Ah, tudo bem então. Quem sabe um dia nós se tromba por aí, valeu aí pela ajuda. Até outro dia, quem sabe... – Mingi se despede, logo saindo correndo rua abaixo, deixando o moreno confuso, mas ao mesmo tempo aliviado.

    Na volta pra casa, Yunho pensava em tudo que havia acontecido, logo seus pensamentos voltavam ao loiro. Jeong sentia seu coração bater mais rápido, logo fazendo-o perceber o que acontecia.

   —Eu 'tô muito ferrado. —o moreno diz pra si mesmo, enquanto encostava a cabeça na janela do ônibus e fechava os olhos. Não queria pensar no que seria dali para frente, mas pelo menos, nunca mais iria ver Mingi novamente. Bom, era o que Yunho pensava.
       

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