capítulo 5

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     Uma maquina essa autora né?

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— POV: Cristal

Ontem, depois que Renata finalmente largou aquele jetski e voltou para o quarto, tivemos que conversar sobre umas coisas de trabalho. Foi meio desconfortável, mas pelo menos não brigamos. Dormimos cada uma em seu lado da cama, como se estivesse tudo bem. Foi isso que eu pedi, quando disse que era para ela esquecer tudo, mas... enfim.

     Demorei para dormir pensando em como lidar com essa situação. Não dá pra ficar desse jeito, principalmente considerando que amanhã é a nossa última noite aqui. As meninas vão fazer perguntas se nós chegarmos lá sem nos falar direito. E, bem, eu quero resolver isso por mim também. Por nós.

     É por isso que, hoje, chamei Renata para jantar comigo. É um dos melhores restaurantes do hotel, Lobster & Champagne. Passamos o dia juntas mas não tivemos nenhuma conversa longa, então é isso que eu planejo fazer agora. Não necessariamente conversar sobre as nossas discussões, na verdade, vou evitar esse tópico. O que eu quero é apenas conversar com ela, como sempre fazemos. Renata é, entre muitas outras coisas, a minha melhor amiga e eu preciso disso de volta.

Sentamos de frente uma para a outra, Renata deixa seus óculos na mesa, mas continua mexendo nele, ela faz isso quando está nervosa ou inquieta. Isso me conforta um pouco, saber que eu não sou a única.

Penso em começar com o clássico "tudo bem?" mas, francamente, eu e Renata não funcionamos dessa forma. Conheço ela a muito tempo e muitas vezes nós sequer damos oi uma para a outra antes de começarmos a conversar.

- Você viu que o cara da Villa do nosso lado tá dando em cima do garçom? — Eu pergunto e ela desvia sua atenção dos óculos para mim.

- O que? — Ela pergunta, parecendo confusa.

Aceno com a cabeça para a mesa na nossa diagonal, onde o nosso vizinho, que está sozinho, está flertando descaradamente com o garçom que deve ter no mínimo 15 anos a menos que ele.

Renata começa a rir e vira a cabeça para disfarçar. Sorrio com a vitória e tento continuar o assunto.

- Será que o garçom gosta de homem? Ele tem um jeitinho — Eu falo e Renata me repreende com o olhar — O que? Quero saber se vamos ver algo diferente na nossa varanda hoje. Ou pelo menos ouvir.

- Cristal! — Renata ri — Ele tem uns 50 anos e o garçom é um menino.

- Não exagera, deve ter quarenta e poucos — Falo enquanto analiso melhor a cena — Quem sabe ele curte cara mais velhos.

Renata balança a cabeça e ri. Vejo seu seu rosto ficar coberto de vergonha quando o mesmo garçom vem à nossa mesa para anotar o nosso pedido.

Peço por nós duas já que Renata não está em condições de formular uma frase. Rio dela quando o moço se retira e, a partir disso, as coisas parecem fluir naturalmente.

Continuamos falando sobre a vida dos outros hóspedes, sobre como o casal no quarto da frente usar roupas horríveis, como um cara que Renata conversou ontem caiu do jetski, como vimos uma das massagistas flertar com o aparente marido de outra massagista...

A comida chega pouco depois de terminamos uma taça de champagne cada. A medida que comemos, mais duas. Continuamos conversando, mais uma. Alguns dizem que não é possível ficar bêbada com champagne, mas estão totalmente errados. Ao longo da noite, eu e Renata falamos cada vez mais, contornando inúmeros assuntos e rindo de besteiras. Até que chegamos do estado de embriaguez em que começamos a ser... bem, descaradas. Não deveríamos, principalmente na situação em que estamos, mas tudo corre tão naturalmente que eu não penso nas consequências.

minha preferida - crisnataOnde histórias criam vida. Descubra agora