capítulo 20

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— POV: Renata

     Maldivas se parece bem mais com um paraíso quando eu e Cristal estamos nos dando bem. Estamos no nosso segundo dia e, pelo menos até agora, tudo está perfeito. Ok que um dia não é muita coisa, mas é mais tempo do que ficamos bem da última vez.

     Estávamos exaustas quando chegamos no quarto, então apenas deitamos nas espreguiçadeiras que davam para o mar e conversamos. Apesar do cansaço, conversamos por mais de duas horas. Em certo ponto não estávamos falando nada com nada, mas acho que essas são as melhores conversas, cheias de risadas, só apreciando a companhia uma da outra.

     Não lembro de quando nos trocamos e fomos para a cama, só sei que acordei hoje com o braço de Cristal em volta da minha barriga e o seu rosto enterrado na curva do meu pescoço. O dia começou bem.

     Agora, estamos em um dos restaurantes do nosso hotel. Escolhi um diferente do anterior porque não queria correr o risco de encontrar com... certas pessoas. Enfim, Cristal está pedindo uma sobremesa com nome estranho, "Saagu Bondibay."

- O que é isso? — Eu pergunto depois que o garçom se retira.

- Não sei, gostei do nome. Parece que é pudim de sagu, seja lá o que isso seja — Ela responde.

- Eu não vou comer isso aí.

- De que adianta ir pra um lugar diferente e não experimenter o que eles tem pra oferecer? — Cristal pergunta.

- Eles só tem peixe — Eu falo — E acho que você tem bem mais a me oferecer.

- Renata! — Cristal me repreende. Ela finge ter se irritado, mas não consegue tirar o sorriso do rosto.

     Espero que ela termine de comer para irmos até a praia. Não fiz muitos planos dessa vez, quero apenas curtir esse tempo a sós com a Cristal. Ando atenta ao seu lado, com medo de que ela perca o equilíbrio. Ela já afirmou diversas vezes que já consegue andar perfeitamente bem mas, porra, ela levou um tiro. É melhor não arriscar.

- Melhor sentar logo, Cri — Eu falo, fazendo ela revirar os olhos.

- Já falei que tô bem, Renata — Cristal responde, apesar de estar começando a mancar.

- Vamos sentar aqui, naquele lado tem mais gente.

     Depois de insistir mais um pouco, Cristal cede e nós sentamos na areia, próximas o suficiente do mar para que a água molhe nossos pés de tempos em tempos. Cristal coloca a mão no meu joelho, mexendo os dedos aleatoriamente.

     Esse é o tipo de paz que nós não temos normalmente. É compreensível, afinal, fazemos parte de uma facção criminosa em uma cidade cheia de outras gangues e facções. Nós mesmas não somos pessoas muito pacíficas, especialmente Cristal. Mas as vezes é bom ter um momento assim, sem muito barulho e com uma pessoa importante.

     Cristal questiona o porquê de eu estar sorrindo e eu apenas balanço a cabeça e coloco minha mão em cima da sua. Conversamos por um tempo até que, antes mesmo da noite cair, Cristal decide que quer beber.

- Você não pode conseguir uma folga que já quer se embebedar né? — Eu pergunto enquanto entramos no quarto.

- Não — Cristal fala, sentando na cama.

Eu rio e sigo para o banheiro. Quando estou de volta, Cristal está fechando a porta do quarto, duas garrafas de vodka em suas mãos.

Ela sorri ao passar por mim e ir em direção a varanda. Dessa vez não temos piscina, mas ainda temos o mar. Sento ao seu lado na beira, a água quase chegando aos joelhos. Cristal abre uma das garrafas e dá um gole antes de passa-la para mim.

minha preferida - crisnataOnde histórias criam vida. Descubra agora