minha preferida - crisnata

capítulo 11

— POV: Renata

     Não sei descrever o que eu sinto quando Mafe é anunciada como a nova - e última, por enquanto - recruta. Eu não tenho nada diretamente contra ela, quer dizer, Mabel sempre fala bem dela. A questão é que é estranho que tenha outra pessoa que Cristal ficou aqui na facção. E o pior de tudo é que as pessoas sabem sobre a Mafe, mas Selena é a única que sabe sobre mim. Sei que algumas das meninas têm suas suspeitas sobre mim e a Cristal, mas não podem afirmar nada. Quanto a Mafe, a própria Cristal falou sobre como elas tinham ficado. Mesmo que ela tenha dito que não significava nada e não ia acontecer de novo, machuca.

     Durante essa reunião, uma das meninas - acho que Cecília - comenta sobre a retirada da regra. Novamente, Cristal nega a possibilidade. É incrível como ela é irredutível em relação a isso. Eu entendo que ela tem medo por conta do que aconteceu no passado, mas as coisas mudaram, sabe? Somos pessoas diferentes.

     Quase chamo Cristal para conversar sobre o assunto mas lembro que, além de eu e ela ainda não estarmos nos falando muito, tenho outras coisas para resolver. Me despeço das meninas e pego meu carro para encontrar Mimi.

     Marcamos na praça central, já que ninguém nunca vai lá. Espero Mimi na estátua que Cristal disse que deveria ser dela e, depois que ela chega, andamos um pouco até achar um banco para sentar. Jogamos conversa fora por um tempo até que consigo juntar coragem para ir direto ao ponto.

- Acho que a gente precisa conversar né? — Eu pergunto e Mimi concorda com a cabeça — Já faz um tempo que eu venho pensando e... sabe, eu gosto muito de você, de verdade. Você me faz muito bem mesmo, mas... não dá certo.

- Eu imaginei que isso iria acontecer — Mimi fala, parecendo um pouco chateada — Você já ia terminar comigo naquele dia que você voltou, não ia?

Hesito antes de responder. Eu não quero magoar ela, mas não quero terminar as coisas entre nós mentindo. Eu me importo com a Mimi e ela mereça que eu seja sincera.

- Acho que eu ia, sim — Eu respondo.

- Eu me precipitei sugerindo que a gente tirasse um tempo. Acho que eu só... sei lá, queria dar uma última chance pra gente — Ela fala.

- Desculpa mesmo. Mas mesmo que a gente não tenha mais nada, você sabe que pode contar comigo né? Se precisar conversar com alguém de fora da sua família e tudo, eu to aqui — Eu falo e ela sorri.

- Eu sei. Você pode contar comigo também.

Foi mais fácil do que eu esperava. Não que eu achasse que nós iriamos brigar ou enfim, mas foi tão... simples? Bem, nós não éramos namoradas, então talvez isso torne a situação menos complicada.

Conversamos mais um pouco antes de levantarmos para ir embora. Quando estamos chegando nos carros, Miranda faz uma pergunta.

- Deixa eu te perguntar... não precisa responder se não quiser, mas... você tá ficando com a Cristal?

Paro de andar imediatamente.

- O que... como assim? — Eu pergunto, tentando manter minha expressão neutra (e falhando).

- Sei lá né, vocês tavam em Maldivas juntas e depois você decidiu que não queria mais ficar comigo... não to te acusando de nada, é só uma curiosidade mesmo.

- A gente não tá ficando- eu acho. É complicado.

Ótima explicação, Renata. Muito bem. Mas o que eu iria falar? Na verdade a gente ficou umas vezes, passou a viagem toda com ciúmes e fizemos as pazes na última noite - que inclusive passamos juntas - mas brigamos de novo porque ela descobriu que eu tinha dado um tempo com você em vez de terminado. E, apesar disso tudo, ainda não estamos juntas e provavelmente nunca vamos ficar porque nunca daria certo.