Venenum

Pseudechis.

Capítulo 22. Pseudechis - O garoto na Câmara.

Parte I

Ele a beijou.

A princípio pareceu mais como esmagar os lábios contra os dela, um ato desesperado para suprir um sentimento desconhecido e os lábios dela estavam firmemente juntos, embora ele não tenha percebido. Persistindo mais, ele deixou de segurá-la pelos braços preferindo os ombros, em uma forma de ter mais controle sobre ela, enquanto passava a beijar o canto da boca dela, de uma forma mais suave.

"Deixe-me entrar." Tom sussurrou, em uma pausa da respiração, sem saber se estava pedindo acesso a língua ou a mente. Ele tomou o suspiro que ela deu, com uma leve abertura dos lábios, como permissão e então ele pegou o que podia. A língua dele se entrelaçou com a dela, com certa urgência e dominância, arrancando um breve gemido dela. Ousadamente, mais do que deveria, ele pressionou o corpo dele contra o dela, as linhas duras e angulosas que o faziam ter a forma masculina, contra linhas mais curvas, suaves e opostas às dele.

Um pequeno som de surpresa, quase imperceptível, escapou quando ele puxou ela para mais perto, o beijo era intenso, como se ele estivesse tentando provar algo para si mesmo ou para ela. Era como se ele estivesse descobrindo um novo mundo naquele simples toque de lábios.

Ao beijá-la, ele sentiu uma explosão de sensações em seu corpo. Seu coração acelerado e o calor em suas mãos. Ele nunca havia sentido algo assim antes, era como se todos os seus sentidos estivessem amplificados. O perfume dela invadiu suas narinas e ele se sentiu tonto por aquele aroma envolvente .Ele poderia sentir sua respiração ofegante e o calor de seu corpo contra o seu, mas então, ela o empurrou para longe e se afastou, andando de costas.

Os olhos de corça, ampliados e uma expressão de pavor tomou conta das feições dela. Ela levantou a mão, os dedos trêmulos tocando os lábios inchados que acabaram de ser beijados. Ele podia ver a confusão em seus olhos quando ela balançava a cabeça, tentando processar o que acabara de acontecer.

"Não..." Ela sussurrou, negando, pálida como giz, lágrimas acumuladas no inferior dos olhos. Se Tom pudesse se ver, também encontraria a mesma expressão de surpresa, embora menos pesarosa, no rosto dele.

"Não-" Hermione repetiu, dessa vez mais resoluta, ainda balançando a cabeça. Se ela soubesse interpretar ele melhor, teria entendido o comportamento dele, mas era, no momento, exigir demais dela, quando no mesmo momento ela estava confusa. Confusa com ele, confusa com ela e com os calafrios que sentia, com o coração acelerado e as ondas de adrenalina que ameaçavam consumir o estômago dela por dentro.

"Não." A voz dela soou mais forte, mesmo que uma lágrima solitária houvesse descido pelo rosto dela quando ela tentou ignorar todos os sinais em seu corpo, por que tudo o que ela podia ver era que ele estava sendo deliberadamente mau. Torturador.

A voz dela era quase um grito sufocado. "Eu não posso fazer isso." E Tom percebeu, essa última frase não era nem direcionada a ele, era mais como uma reflexão dita em voz alta.

Ele ficou observando enquanto ela andava, tentando colocar alguma distância entre eles, podendo ver o conflito interno no rosto dela. Ele nunca havia beijado alguém dessa forma antes. Com cuidado, ele se mudou novamente, mas ela recuou ainda mais. A clara rejeição que ela transmitia deu a ele ânsia, deixando um gosto amargo na boca dele.

A expressão dele modificou de surpresa para desgosto muito rapidamente.

"Eu desprezo você." Ele falou com tom de voz moderado, nem gritando, nem alarmado. Para ser sincero, ele próprio estava lutando contra suas próprias emoções desconhecidas. Ele não conseguiu entender por que ela o rejeitava com tanta veemência e isso o deixou ainda mais irritado.Mesquinho como era, Tom foi a última voz, pois não admitiria ser rejeitado nem por ela e nem por ninguém. "Eu odeio você tanto, que você nem imagina o que quero fazer." Ele desdenhou. As palavras soavam duras e frias, mas refletiam apenas a raiva e a frustração que ele sentia. O ego dele estava ferido e ele não sabia como lidar com tudo aquilo.