Dendroaspis

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Capítulo 3. Dendroaspis O leão ou a cobra.

As pernas dela tremem, a garganta dela fica seca, o coração dela martela fortemente contra o peito dela, o pulmão dela parece doer a cada ingestão de ar e os olhos dela ardem com as lágrimas que começam a se formar. Hermione acha que ela está no início de um ataque de pânico ou que está hiperventilando.

Oh, ela lembra dele agora. O garoto que tentou ajudar ela e Harry. Oh, ela lembra. Lembra dele lutando e como ela protegeu ele do Fiendfyre. Ela não tinha ideia de quem ele era na época, mas se ela soubesse... Se ela soubesse que este era o causador de tanto sofrimento e terror que atormentou ela e seus amigos, se ela soubesse que ele era um assassino e terrorista, se ela soubesse que ele era o futuro Lorde das Trevas, se ela soubesse que ele era Lorde Voldemort...

Ela não teria pensado duas vezes antes de deixar o Fiendfyre acertar ele. Que irônico seria ver o Lorde das Trevas sendo carbonizado por um de seus Comensais. Oh, ela teria gostado. Merlin sabe que ela teria. Ela iria dançar e sapatear nas cinzas dele, ela soltaria fogos de artifício como os Wildfired Whizz-Bangs, beberia um barril de hidromel e um de Firewhisky e iria rir como uma bêbada. Merlin, ela nadaria nua no Grande Lago. Tudo isso, para comemorar a morte do Lorde das Trevas. Mas não, ela tinha salvado ele, tinha se colocado na frente dele para proteger ele do ataque.

Na defesa dela, ela achou que teria sido um ato digno, se sacrificar e proteger um aluno que tentou ajudar ela e Harry - mesmo que este aluno não soubesse no que estava se metendo. Era a coisa correta a fazer e Hermione não queria ver mais mortes.

Teria sido a coisa correta a se fazer...se este aluno não fosse o próprio Voldemort!

Hermione chutou a si mesma mentalmente. Se ela tivesse deixado o Fiendfyre acertar ele, então todos os problemas dela e os problemas do mundo bruxo teriam sido resolvidos. Ainda que fosse contra ao conselho que Dumbledore deu a ela, ainda que a morte precoce dele mudasse toda a trajetória do tempo, por um momento a ideia foi tentadora para ela.

"Senhorita...?" Ele inclina a cabeça para o lado, sua voz doce e com as sobrancelhas unidas, como se ele estivesse preocupado.

Hermione até agora não disse nada, ela estava petrificada no lugar, ainda tentando absorver a ideia de estar cara a cara com o jovem Voldemort e seus seguidores mais fiéis. Isso só pode ser karma. Uma lágrima rebelde escorre por seu rosto e ela enxuga rapidamente, tentando se recompor para enfrentar ele. Para todos presentes, não passou despercebido o semblante e a palidez que a garota estava, nem mesmo a lágrima.

"Perdoe-me" Ela diz, engolindo fundo. "Eu recordei algumas lembranças da luta."

"Oh sim, é compreensível que esteja assustada." Riddle coloca a mão no ombro dela, abaixando ligeiramente para que estivesse na altura dos olhos dela. Os olhos de Hermione se ampliam com a visão dele tão perto. Não é um garoto de dezesseis ou dezessete anos que ela consegue ver, tudo o que ela vê é o monstro pálido, sem nariz e de olhos vermelhos com uma cara de cobra.

A mão dele está no ombro dela e Hermione acha que logo assim que tiver a oportunidade de tomar banho, ela esfregará o ombro por no mínimo trinta minutos.

"Mas tenho certeza que você está segura em Hogwarts." Ele sorri, tentando transmitir segurança.

"Hm...hã, obrigada." Ela gagueja.

A atenção deles é atraída para mais dois garotos que vem se aproximando. Um era tinha o cabelo loiro como Draco que quase parecia branco, com olhos verdes e pele branca, andava de forma serena e ainda assim, arrogante. Seus lábios eram estranhamente rosados, como se ele tivesse passado batom, mas Hermione supôs que era somente o contraste de cor com pele dele. O outro tinha um rosto um pouco longo, cabelos escuros assim como as sobrancelhas, seu nariz parecia um pouco torto, como se ele tivesse quebrado e nunca foi curado direito ou ele nunca se preocupou em ir ver uma medibruxa, entretanto, não pareceu tirar sua beleza e ele não parecia se importar com isso. Ele era um pouco mais corpulento e estranhamente familiar.

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