Capítulo 22 - Um ex rei e uma ex rainha

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Terminando de se alimentar de mais um espírito animal, o Góin estava quase em sua forma original antes de ser condenado ao vazio

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Terminando de se alimentar de mais um espírito animal, o Góin estava quase em sua forma original antes de ser condenado ao vazio. Ainda assim, sentia algo faltando. Entretanto, o que faltava seria impossível de conseguir: Um corpo físico.

Sua racionalidade também havia retornado e a extrema fome já não incomodava tanto, embora ele soubesse que nunca sentiria satisfeito do mesmo jeito que nunca sentiu no mundo mortal quando vivo.

Suas memórias estavam retornando ao mesmo tempo com antigos sentimentos como: a lembrança de sua impiedosa mãe; o pai que o abandonou ainda pequeno; as outras crianças da vizinhança que lhe jogavam pedras e o zombavam por ser diferente; os mais velhos que o chamavam de demônio.

Se sentia muito injustiçado, afinal, ele não pediu para nascer daquele jeito. Então, quando tornou-se adulto, veio a fome. Não adiantava comer grãos, legumes, verduras, frutas, massas, ovos, doces ou carnes de todos os tipos. Nem em grandes quantidades. Ele sempre estava com fome.

Um dia, em um surto compulsivo alimentar, ele assassinou um indivíduo que o provocava. Movido pelo instinto, provou da carne daquele humano sem nenhuma culpa ou remorso. Percebeu que, não só se saciou mais do que a comida comum, como se tornou um ser de força sobrenatural e foi nesse dia que tudo mudou.

As pessoas passaram a temê-lo, passaram até a reverenciá-lo, pois além de se tornar Rei, nomeado pela própria cidade, também foi chamado de deus se tornando uma figura cultuada em culturas de outros povos. Muitos contaram e cantaram sobre o gigante poderoso que devorava pessoas e conquistava reinos

A notícia do "grande homem" com força sobre-humana correu por tantos lugares que logo ele descobriu a existência de outras criaturas exatamente como ele.

Os góins se juntaram formando sua própria cidade. Eles eram homens e mulheres de alta estatura, grande força, insaciável fome e de aparência exótica. Os humanos os descreviam com tanto terror que se sentiam como gafanhotos quando estavam perto deles. Eram conhecidos como seres impiedosos, traiçoeiros, cobiçosos, de grande desejo por prazeres carnais e de extrema ambição. Para piorar a situação, começaram a casar entre si e proliferaram por todos os cantos Terra.

Por causa de sua fama, se acharam no direito de exigir sacrifícios humanos para se alimentarem e as pessoas comuns, com medo, ofereciam aqueles marginalizados em sua sociedade, crianças malformadas no ventre, mulheres inférteis e homens de alguma forma inválidos. Os góins dominaram por séculos uma grande extensão do mundo mortal e causaram o maior desequilíbrio espiritual e físico conhecido até os dias atuais. Embora sua existência tenha se tornado meramente um conto de fadas para os mortais, que nasceriam milênios depois da extinção dessas criaturas, sua passagem pela Terra deixou um rastro de crueldade, egocentrismo e canibalismo entre os humanos que os idolatravam.

Ogue foi o nome dado pelo humanos quando se tornou rei, já seu nome de batismo foi lançado ao esquecimento para que ninguém se lembrasse de engrandecer a criatura perversa que esse góin foi. Não era o maior dos góins, mas media quatro metros de altura e foi temido por muitas gerações, já que eles viviam muitos mais do que os humanos. Ele, sozinho, afundou cidades inteiras em nome de sua guerra por território. Espalhou sua semente de maneira cruel e abusiva em mulheres comuns e "mulheres góin".

Além das Flores - CONCLUÍDO ( 44 de 46)Onde histórias criam vida. Descubra agora