Alfonso caminhava pelos corredores do hospital, o som dos seus passos ecoando suavemente no piso de linóleo. O ambiente estava repleto do conhecido frenesi: médicos e enfermeiros movimentando-se de um lado para o outro, pacientes em macas sendo levados para exames, o intermitente bip das máquinas de monitoramento misturando-se às conversas baixas e urgentes. Era um dia típico, afinal.
Como cirurgião cardiotorácico, Alfonso estava acostumado a essa rotina. Passou pelo posto de enfermagem, acenando brevemente para alguns colegas antes de se dirigir à unidade de terapia intensiva, onde faria uma ronda nos pacientes pós-operatórios. O cheiro esterilizado de antissépticos e o ar condicionado gelado davam uma sensação de limpeza clínica ao ambiente.
Entrou na UTI e cumprimentou os enfermeiros que cuidavam dos pacientes. Ao lado de uma das camas, examinou um prontuário, verificando as notas sobre a recuperação de um paciente recente de uma cirurgia de revascularização do miocárdio.
— Saturação de oxigênio está estável em 98%, boa recuperação — murmurou para si mesmo, anotando suas observações no prontuário.
— Dr. Herrera? — uma voz familiar chamou sua atenção. Ele levantou os olhos e viu Maite aproximando-se.
— Ei você. Quanta formalidade. — Alfonso respondeu, forçando um sorriso. Maite sorriu de volta, mas havia algo de inquisitivo em seus olhos. — O que faz aqui?
— Preciso falar com você. — ela respondeu. Alfonso reprimiu um suspiro. Já sabia onde aquilo ia dar.
— Claro, mas pode ser depois da minha ronda? Estou verificando os pacientes pós-operatórios agora. — ele tentou, mas Maite não se deixou abater. Ela sabia ser persistente quando queria.
— Vamos andando então. Posso acompanhá-lo enquanto você faz a ronda.
Alfonso assentiu, resignado. Os dois começaram a andar juntos, parando brevemente em cada leito enquanto ele verificava prontuários e conversava rapidamente com os enfermeiros. Maite esperou pacientemente, sabendo que a oportunidade de falar viria eventualmente.
— Então, sobre aquele encontro com Anahí — começou Maite assim que viram uma brecha.
— Ah, sim. O encontro — Alfonso respondeu evasivamente, mantendo os olhos no prontuário à sua frente.
— Alfonso, não adianta tentar desconversar. Você sabe o quanto me esforcei para que vocês dois tivessem uma chance de conversar. E depois ela foi embora sem mais nem menos. Ela não está respondendo as minhas mensagens, logo, me resta saber de você. O que aconteceu?
— Maite, não tem muito o que dizer. — Ele suspirou, finalmente olhando para ela. — Ela foi embora antes mesmo que pudéssemos realmente conversar. Acho que não estava no clima.
— Não é só isso. — Maite estreitou os olhos, claramente não convencida. — Eu conheço Anahí. Algo aconteceu naquele encontro que a fez sair daquele jeito. Não dá para simplesmente ignorar isso.
— Maite, eu juro que não houve nada demais. — Alfonso se recostou contra a parede, cruzando os braços. — Talvez tenha sido um erro tentar forçar um encontro logo agora. Ela está passando por muita coisa, não é?
— É… complicado. — Maite balançou a cabeça, suspirando.
— Imaginei… Quando você vai realmente contar o que aconteceu? Ela parecia distante, insegura. É tão sério assim?
Maite assentiu, suavizando um pouco o tom.
— O problema não foi você. Não necessariamente. Quer dizer, conhecendo Anahí como eu bem conheço, ela deveria estar se sentindo deslocada com toda a situação. — Alfonso sorriu, sentindo um pouco do peso sair de seus ombros. — Eu vou dar um jeito, ok? Vocês vão ter outras oportunidades.
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𝙈𝙮 𝙏𝙪𝙧𝙣𝙞𝙣𝙜 𝙋𝙖𝙜𝙚
FanfictionImagine uma mulher com uma vida estagnada, cuja motivação antes eram os livros que escrevia, permitindo-se mergulhar em histórias de vidas diferentes da própria para encontrar algum tipo de combustão. No entanto, ela perde aos poucos o sentido nas c...