Levou um tempo considerável até que os ânimos estivessem finalmente mais calmos.
Alfonso ficou abraçado com Evelyn por um bom tempo, sentindo as tensões dela começarem a se dissolver e determinado a ficar até que estivesse finalmente dormindo. Ele sabia que, por mais difícil que fosse lidar com a personalidade forte dela, era crucial oferecer apoio e compreensão.
Enquanto velava o sono da filha, Alfonso pensou em como a personalidade de Evelyn influenciava suas ações e atitudes. Sempre fora uma menina intensa, com emoções à flor da pele, ele a conhecia perfeitamente bem para entender cada uma de suas reações. Havia momentos em que sua determinação e vontade própria eram admiráveis, mas também momentos em que sua impetuosidade a colocava em conflito com todos ao seu redor, incluindo a própria mãe, e era justamente quando as coisas começavam a ficar difíceis.
Ele lembrou de algumas situações recentes. Evelyn havia discutido com uma professora na escola por discordar de uma nota, mostrando um nível de independência e coragem que ele sabia que poderia ser benéfico no futuro, mas que, no presente, gerava dificuldades. Alfonso também se recordou de uma vez em que ela brigou com um amigo por causa de uma opinião diferente sobre um projeto escolar, mostrando sua incapacidade de lidar com opiniões contrárias. E a mais recente discussão da garota com a mãe também o fez refletir bastante.
Essas características desafiadoras eram parte do que tornava Evelyn única, mas também eram um lembrete constante de que ela precisava de orientação e paciência. Alfonso sabia que, como pais, ele e Jessica precisavam encontrar um equilíbrio entre apoiar a individualidade da filha e guiá-la para que aprendesse a controlar melhor suas emoções. A grande questão era como ele conseguiria convencer a filha a permitir que a mãe estivesse mais próxima dela, inteirada de suas necessidades. Nos últimos tempos a garota tentava manter a relação com a mãe envolvida em atritos, criando uma distância preocupante. Ele precisava analisar e criar uma maneira de solucionar aquela situação.
Finalmente, ele percebeu que Evelyn havia adormecido totalmente, o rosto tranquilo agora, livre da tensão que antes dominava suas feições. Alfonso a observou por um momento, o coração apertado de amor e preocupação. Depois de um beijo suave em sua testa, ele levantou-se devagar, para não acordá-la, e saiu do quarto.
Seguiu através do corredor em direção ao quarto de hóspedes, onde sabia que Jessica estaria tentando se recompor. A culpa e a dor nos olhos dela mais cedo estavam gravadas em sua mente, e ele sabia que precisavam enfrentar aquela situação juntos.
Ele a encontrou sentada na beira da cama, a cabeça baixa e os ombros ainda pesados com o peso da culpa. Então decidiu entrar no quarto e fechou a porta atrás de si, aproximando-se devagar.
— Jess, eu falei com a Evelyn. — ele começou, sentando-se ao lado dela. — Acho que conseguimos dar um passo importante. Ela se acalmou e está dormindo agora.
— O que ela disse? — Jessica levantou os olhos ainda úmidos das lágrimas recentes.
— Não disse muito, mas o pouco que falou me fez compreender o que está acontecendo. Ela está se sentindo muito pressionada, especialmente com os projetos da escola e suas notas. Sente que você não entende o quanto está sendo difícil para ela. — Alfonso segurou a mão de Jessica, transmitindo conforto. — Mas ela também sabe que errou ao gritar com você.
— Sinto que estou falhando com ela, Alfonso. — Jessica admitiu, os olhos ainda brilhando com lágrimas não derramadas. — Estou tão sobrecarregada com meu trabalho, tão intensamente focada com o programa e minhas responsabilidades, tentando estar presente para as crianças, que parece que estou falhando em ambas as frentes.
— Você não está falhando, Jess. — Alfonso apertou a mão dela, os olhos fixos nos dela. — Estamos todos tentando fazer o nosso melhor. E precisamos nos lembrar de que não estamos sozinhos nisso. Precisamos nos apoiar e encontrar maneiras de lidar com esses desafios juntos. Como sempre fizemos.
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𝙈𝙮 𝙏𝙪𝙧𝙣𝙞𝙣𝙜 𝙋𝙖𝙜𝙚
FanfictionImagine uma mulher com uma vida estagnada, cuja motivação antes eram os livros que escrevia, permitindo-se mergulhar em histórias de vidas diferentes da própria para encontrar algum tipo de combustão. No entanto, ela perde aos poucos o sentido nas c...