quebra de vista.-volsher.

thirteen.

Arthur B.

sentir a brisa fresquinha da manhã me traz paz, me faz refletir, pensar em tudo que já me ocorreu ao decorrer do tempo, até as ruins que querendo ou não serviram como lição. Gosto de acordar de manhã, me faz me sentir mais vivo. Já Gabriel não tem o mesmo pensamento, porque o mesmo já acorda reclamando.

mano, as vezes eu penso seriamente em te internar por me fazer acordar 5:45 pra ir trabalhar.- bak diz com cara de sono.

não é loucura acordar cedo pra ir trabalhar, Gabriel.-digo e pego o pó do café.

realmente, é pecado!-o garoto diz e sai, deduzo que pra se arrumar.

coloco o pó na cafeteira juntamente com a água, fico escutando o barulhinho do café passando.

quando era menor, meu pai sempre acordava eu e meus irmãos pra tomar café na rua, na brisa geladinha. Isso havia virado rotina, até o dia que sobrou somente eu e meu pai.

sinto falta do meu pai. Ele pode ser a pior pessoa pra qualquer um, mas pra mim ele sempre foi o melhor do mundo.

sério que só nós vai ir trabalhar essa hora?- Gabriel volta a cozinha, dessa vez arrumado, mas reclamando novamente.

por que tu sempre tá reclamando?- pergunto servindo meu café.

Gabriel também se serve, o silêncio se instala por um determinado tempo, o que é estranho, Gabriel não cala a boca. Olho para meu primo e ele parece pensar.

cê tá bem? Ficou quieto sem ninguém te obrigar.-o garoto agora volta sua atenção a mim.

tava pensando.- ele diz e toma um gole do café.

e tu pensa?-digo com sarcasmo.

haha.-o garoto ri falsamente.- cê tem receio de encontrar a Carol novamente ou saber como ela tá?

por que acha isso?- pergunto.

ontem tu ficou estranho quando falaram dela.-ele diz olhando pra mim.

não sei, acho que é medo de expectativas serem quebradas.-digo.

o menino apenas faz sinal com a cabeça e pega seu celular pra fazer algo, parece estar digitando, suponho que esteja conversando com a tal garota.

tá falando com a tal menina?-pergunto a Gabriel.

tô, ela mandou mensagem dizendo que não tava conseguindo dormir.- ele diz.

hum. Lá é uma e pouca né?-digo e logo sinto um flash na minha cara.-que porra tu ta fazendo?

tô mostrando pra ela quem é o culpado de eu estar acordado 6:30 em um domingo.-ele fala.

do jeito que tu fala ela vai pensar que sou louco.-falo.

e tu é, nem a dona mada acordou ainda.-ele diz, até que bem sério pro estilo Gabriel.- inclusive, café forte do caralho, porra.

taco nele a primeira coisa que vejo enquanto ele começa a rir. Gabriel sempre foi assim, procura sempre algo pra reclamar em coisas que eu faço, mesmo sendo brincadeira, eu acho.

termino meu café e olho a hora, percebendo que temos que sair daqui a pouco. Vou saindo pela porta, até que Gabriel me chama.

irmão.-me viro e faço sinal pra ele falar.-eu te amo, velho.

eu também te amo, pirralho!-digo com sinceridade, Gabriel era com certeza uma das pessoas mais importantes da minha vida.