EPÍLOGO

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Peter sentava-se na escuridão de seu escritório, a luz suave de um abajur criando sombras dançantes nas paredes. Em suas mãos, ele segurava um diário antigo, as páginas amareladas pelo tempo. Era o diário de sua mãe, um registro detalhado dos abusos e sofrimentos que ela suportou nas mãos de seu pai. Era um espelho sombrio de sua própria vida e da vida de Sophie.

Peter nasceu em 15 de junho de 1971, em uma família aparentemente perfeita, uma dinastia de advogados, empresários, e banqueiros da bolsa de valores, mas por trás das portas fechadas, havia um abismo de terror. Seu pai era um homem respeitado na comunidade, um empresário de sucesso, mas dentro de casa, ele era um tirano. Sua mãe, uma mulher frágil e submissa, era o principal alvo de sua crueldade.

Desde muito jovem, Peter testemunhou o abuso diário. Ele via os hematomas no corpo de sua mãe, ouvia seus gritos abafados durante a noite e sentia a constante atmosfera de medo que permeava sua casa. Essas experiências moldaram sua visão de mundo e plantaram as sementes de uma psicopatia que floresceria com o tempo.

Quando Peter tinha dez anos, sua mãe finalmente tentou fugir, mas foi encontrada e trazida de volta por seu pai, que a castigou severamente. Ela não sobreviveu àquela noite. A morte dela foi o catalisador para a transformação completa de Peter. Ele jurou que nunca seria vulnerável como ela, que nunca permitiria que alguém tivesse poder sobre ele. Seu pai morreu logo depois, o deixando aos 30 anos como o único herdeiro Woldford vivo.

Ele começou a estudar psicologia criminal na faculdade, fascinado pela mente humana e pela escuridão que nela residia. Foi lá que ele viu Sophie pela primeira vez, na biblioteca, mastigando chiclete e lendo Virginia Woolf. Algo na fragilidade dela, na sua aparente vulnerabilidade, o atraiu de uma maneira que ele não conseguia explicar. Ela era uma obra-prima danificada, e ele se sentiu compelido a possuí-la.

Ao longo dos anos, Peter desenvolveu um gosto refinado pela dor e pela dominação. Ele aprendeu a manipular e a controlar, a quebrar e a moldar. Sophie era a culminação de seus desejos mais profundos, uma criatura feita sob medida para seus apetites sombrios. Mas, ao mesmo tempo, havia algo nela que o desafiava, que o obrigava a confrontar sua própria humanidade distorcida.

Ele a observava, estudava seus movimentos, seus hábitos, até que estivesse pronto para trazê-la para seu mundo. Quando finalmente a sequestrou, não era apenas uma ação de dominação, mas uma tentativa de se conectar com alguém que compreendia, em um nível visceral, a dor que ele carregava.

Com o tempo, a relação entre Peter e Sophie evoluiu. Ele se tornou mais do que apenas seu mestre; ele se tornou seu confidente, seu terapeuta macabro, alguém que a ajudava a navegar pelas águas turbulentas de seu próprio passado. Em troca, ela oferecia a ele uma janela para a redenção, por mais distorcida que fosse.

Sophie trouxe à tona sentimentos em Peter que ele não sabia que possuía. Havia momentos de ternura, momentos em que ele quase podia imaginar um futuro diferente, um em que a dor não fosse a única constante. Mas esses momentos eram fugazes, sempre substituídos pela realidade de quem ele era e do que precisava.

No final, Peter sabia que nunca poderia mudar completamente. Ele era um produto de seu ambiente, de sua criação, de seus traumas. Mas com Sophie ao seu lado, ele encontrou um propósito, uma razão para continuar explorando os limites de sua própria existência.

Enquanto ele fechava o diário de sua mãe e olhava para a pequena janela do porão onde Sophie dormia, ele sentiu uma estranha paz. Eles eram duas almas danificadas, unidas pela dor e pela escuridão, mas juntos, de alguma forma, faziam sentido.

E assim, Peter e Sophie continuaram sua jornada, explorando os limites do prazer e da dor, cada um encontrando uma forma de redenção na submissão e na dominação, na escuridão que os envolvia e na conexão que compartilhavam. Para eles, o amor era uma coisa distorcida e perigosa, mas ainda assim, era amor. Não uma história de amor.

Eles não tinham ilusões de um final feliz tradicional, mas encontraram algo mais valioso: uma aceitação mútua, uma coexistência na escuridão que os definia.

E isso, para ambos, era o suficiente.

FIM?

Babygirl XXXWhere stories live. Discover now