Capítulo 01

4.3K 203 42
                                    


O amor é como a gravidade, puxa duas pessoas para viverem juntas, para construírem uma família. O amor é como o sol, tudo órbita e existe por causa dele, mas quando não é o suficiente, o que faz o espaço entre duas pessoas desaparecer? O que faz o sistema solar de uma família permanecer vivo se a gravidade que os unia não existe mais? Luiza e Valentina se amam, mas só o amor não é o suficiente quando as coisas acontecem, quando em um golpe do universo seu sistema solar se desintegra.



2014

Valentina


Observei o copo de whisky na minha frente, o líquido dourado transparente é minha única companhia nas últimas semanas. Pensar em como minha vida chegou depois de tudo o que eu passei, depois de tudo o que eu vivi parece uma piada do universo. Esse pensamento me fez sorrir de forma sarcástica para mim mesma já que estudar o universo é a minha vida, é o que me fez ser o que eu sou, conquistar o que eu conquistei, amar e dar a luz a coisa mais importante da minha vida e perder tudo isso.

Tomei um gole da minha bebida, sentindo o líquido queimar minha garganta, isso faz com que eu me sinta viva por alguns segundos. Segurei o copo na minha mão vendo uma gota escorrer e se perder entre os meus dedos. É assim que eu me sinto, como se minha vida tivesse escorrido e se perdido, não só naquela gota como no espaço infinito do universo que eu tento desvendar minha vida inteira.

Não consigo mais chorar, eu me sinto anestesiada a maior parte do tempo desde que Peter se foi. Desde então, tudo é um borrão de acontecimentos na minha vida que culminou no dia de hoje, o dia da descoberta mais importante da minha vida e o dia que coloca um fim ao que parecia ser a minha vida.

Boa noite. — Levantei a cabeça ao ouvir uma voz desconhecida.

Encontrei um par de olhos verdes e uma linda mulher na minha frente. Eu já tinha visto ela antes, mas nunca nos falamos. Seu cabelo castanho preso no alto da sua cabeça com uma touca para quem cozinha, ela tem pele clara e segura um prato nas mãos.

Boa noite. — Falei confusa. Ela colocou o prato na minha mesa, tinha um pedaço de carne com algum molho e um cheiro bom.

Obrigada, mas não quero comer. — Falei tentando ser educada. A mulher na minha frente deu um pequeno sorriso.

Assim você me ofende. — Fala colocando a mão no peito.

Por quê? — Pergunto confusa.

Você senta aqui todas as noites, bebe e quando pede algo para comer, nem toca no prato. Eu sou a chef da cozinha, dona deste restaurante e estou ficando ofendida. — Disse me fazendo sorrir um pouco.

A comida é muito boa, eu só não estou com muito apetite ultimamente.

— Como sabe que é boa se nunca provou? — Ela questiona.

— Eu já comi, diversas vezes... — Ela ergue a sobrancelha discordando de mim.

Prova, estou tentando uma redução de vinho com esse cordeiro marroquino. — Disse com um sorriso bonito no rosto.

Eu realmente não estou com fome. — Falei fazendo ela suspirar.

Não precisa comer muito, seja minha cobaia, você me deve isso. — Disse levantando a sobrancelha. — Por favor...

Tá bom... — Falei pegando o talher que estava no prato. Comi um pedaço do cordeiro com redução de vinho enquanto ela me olhava com expectativas. — Está muito bom, parabéns, pode colocar no cardápio do seu restaurante. — Falei fazendo ela sorrir.

O ESPAÇO ENTRE NÓS Onde histórias criam vida. Descubra agora