Segunda Chances - Romance Gay

Capítulo 1 - Lorenzo

Em poucos segundos, meus livros estavam espalhados pelo chão, resultado de mais um trote de um dos garotos mais populares do colégio. Essa moda de humilhação pegou nas escolas da cidade, e eu, assim como muitos outros alunos, me tornei um alvo constante.

— Muito legal, Dick. — Resmunguei, abaixando-me para recolher meus pertences.

— Essa mosquinha fala? — Ele se posicionou à minha frente, fazendo-me engolir seco. Dick era o segundo garoto mais famoso do time de basquete. Sua pele morena brilhava sob a luz do ginásio, e o corte militar destacava suas feições marcantes. Ele usava pequenos brincos nas orelhas, e sua regata amarela, encharcada de suor, delineava seu corpo que traço definido, mostrando os gomos de seu abdômen.

— Não. — Respondi, desviando o olhar. Antes que eu pudesse reagir, ele arrancou minha mochila dos meus braços e a jogou em direção a uma das cestas de basquete, onde ficou presa.

— De primeira. — Ele se exibia, com um sorriso confiante. — Foi mal, baixinho.

— Tudo bem. — Murmurei, dirigindo-me à sala de limpeza para pegar uma vassoura. Talvez, batendo com ela, a mochila caísse.

— Ele fez de novo, não foi? — Mia apareceu, visivelmente abismada. Ajustou seus óculos antes de me ajudar a tirar a mochila lá de cima. — Por que eles pegam tanto no seu pé?

— Não faço ideia. — Sorri, aliviado, quando a mochila finalmente caiu no chão.

— Você está precisando de um sorvete. Vem! — Ela segurou minha mão e me puxou apressadamente. Ela tinha essa capacidade de estar sempre correndo contra o tempo, nunca ficando parda, relaxar não era muito o seu forte.

— Me empresta seu livro de matemática? O meu está...

Desde o ano passado, quando Dick colocou imagens comprometedoras na minha mochila, escreveu nos meus livros que eu gostava dele e me acusou na frente da professora, ele não parou de me atormentar. Aquilo quase me custou a bolsa de estudos por carregar "material impróprio" no colégio. Claro que não esperava que ele me tirasse do armário assim, apesar de todos já suspeitarem.

— Meu irmão prometeu que vai falar com ele desta vez.

— Não, Mia, não envolve ele. — O medo de Meth se meter nisso me dava calafrios. Dick acabaria comigo. Meth era o tipo de garoto que adorava uma confusão, apesar de só buscá-la para defender quem ele gostava, seus fones de ouvidos já era sua marca, já até me acostumei a conversar com ele repetindo tudo que foi dito, era aéreo e a música não ajudava

— Mas ele passou dos limites! — Mia bateu as mãos na mesa, indignada.

— Vou conversar com ele. — Sussurrei.

— Você?

— Sim...

— Estão falando sobre mim? — Dick chegou sem perceber e se sentou ao meu lado, fazendo Mia se afastar, não sem antes expressar seu desprezo. — Lolo. — Ele brincou com meus cabelos. — Estamos no mesmo trabalho de história.

— Não estamos, não. Vou fazer o trabalho com a Mia, e você já estragou dois dos meus livros.

— Não foi para tanto. E, além disso, posso te comprar livros novos.

— Dick, você colocou um monte de camisinhas na minha bolsa e derramou três tubos de lubrificante. Por que não faz o trabalho com algum dos meninos do time?

— Ah, está chateado com isso? — Ele segurou meus pulsos com força. — O diretor chamou meu pai. Ele disse que se eu não passar neste bimestre, vai cortar minha mesada e me tirar do time. — Ele fala baixo, seu olhar estava quase transbordando, o basquete e ele eram um só, não seria tão mal se ele saísse do time.