Já havia passado uma semana, Lorenzo disse que iria conversar com Michaela sobre o jogo que iria acontecer, mas ainda estava aguardando uma resposta.
A ansiedade me consumia, misturada a uma expectativa que eu mal sabia explicar, a cada dia, a esperança de que ele traria boas notícias se tornava mais palpável, estava ansioso, pois seria a primeira vez que ele me veria jogar.
Sinto que as brincadeiras agora eram intencionadas para mim, principalmente depois de eu implicar tanto com Lorenzo.
Era compreensível, mas incomodava um pouco, essa atenção que antes era divertida agora parecia uma pressão, como se todos esperassem algo de mim, uma reação ou um posicionamento que eu ainda não estava pronto para dar, apesar de dizer que estávamos juntos.
Marcos seguia com sua repercussão, jogando discursos sobre como eu era o vilão da história.
O engraçado é que mesmo que ele tentasse, ninguém mais parecia prestar atenção, sua insistência em ser o centro das atenções apenas o deixava mais isolado e de certa forma, eu achava um alívio, se ele estava falando sozinho, era melhor para mim.
Mas, ao mesmo tempo, Lorenzo estava distante...
Ele parecia mais quieto do que o comum, como se estivesse em um mundo à parte, os sustos que tinha ao me ver foram diminuindo um pouco, o que era um alívio também, mas também me deixava preocupado.
Não entendo por que sinto tanta falta de conversar com ele e das levezas de nossos diálogos que de certa forma ele sempre conseguia me fazer esquecer dos problemas.
Mia também não entregava nada, se mantendo em seu canto com uma expressão pensativa.
Jackson comentou que o primeiro encontro deles foi legal, acredito que ela tenha escolhido ir a um museu ou algo assim, algo que a deixasse confortável, mas Jackson parecia realmente feliz.
Ele falava sobre fósseis com um brilho nos olhos, como se tivesse encontrado algo extraordinário em meio a todas aquelas pedras, quem sabe ele encontrou o amor.
Que primeiro encontro, rodeado de fósseis, essa ideia me fazia rir por dentro.
Era quase irônico como o ambiente poderia ser tão oposto ao que eu estava vivendo, enquanto eles descobriam novos mundos, eu lutava com o meu próprio labirinto de emoções.
Finalmente, decidi que precisava puxar conversa com Lorenzo, se a comunicação estava escassa, talvez fosse minha responsabilidade quebrar o silêncio e depois de tantas inseguranças, era hora de agir, afinal, o que poderia ser mais difícil do que enfrentar meus próprios medos?
A hora do intervalo chegou e com um impulso, fui em direção a ele.
— Oi, tudo bem? Você não falou mais sobre o jogo. — A pergunta saiu de forma mais hesitante do que eu gostaria, mas era um começo, até porque eu só esperava que essa conversa pudesse abrir as portas para algo mais.
— Eu não esqueci, Dick. — Ele continuou a comer um pequeno pedaço de torta, a expressão no rosto dele não revelava muito.
— Você está bem? — Sentei ao seu lado e lhe dei um abraço, ele não parou de mastigar, o silêncio entre nós estava pesando.
— Só cansado. — Seus olhos brilhavam de lágrimas, havia algo neles que parecia esconder mais do que revelava, eu queria que ele dissesse e que abrisse o coração, mas sei que nesse momento ele não se abrira comigo.
— Estou animado com o jogo, sabia? — Tentei puxar conversa forçando um sorriso. — Serei seu mais novo número 1.
— Legal, Dick. — A resposta seca dele me deixou sufocado, a indiferença era como um balde de água fria.
— Pode conversar comigo, Lorenzo. — Eu precisava que ele olhasse em meus olhos e também que sentisse a sinceridade na minha voz. — Estou aqui, estamos juntos, não é? Seus problemas são meus problemas.
— Ainda não me acostumei com essa ideia, há pouco tempo, você era o problema. — A frieza nas palavras dele me cortou e um desconforto me subiu a espinha, mas eu não queria desistir.
— Eu sei. — Tentei manter a calma, mas não consegui esconder a chateação. — Mas... eu estou aqui agora para o que precisar. — Deitei a cabeça dele em meu colo e percebi que ele estava chorando, mas aquela cena que antes era comum, agora me deixava comovido e pesava em meu peito. — Eu... — Sequei suas lágrimas, sentia a dor dele refletindo na minha alma. — Eu... amo você, pequeno. — Ele me olhou surpreso como se as palavras fossem um soco no estômago.
— Dick... só podemos ficar em silêncio?
— Você me ama? — O silêncio se arrastou e meus olhos se encheram de lágrimas, claro que era um momento de fragilidade, um abismo entre o que queríamos e o que não conseguimos dizer, o sinal toca e ele se levanta.
— Eu... vou te ver jogar, ok? — O tom dele era cauteloso, como se quisesse evitar a profundidade do que estava em jogo.
— Jura? — Perguntei com esperança e dúvida em minha voz.
Se ele me ver jogar, seria um passo a mais, uma forma de validar tudo que estava construindo.
Lorenzo olhou para mim e eu pude sentir a intensidade do momento, aquela era a oportunidade de fortalecer esse relacionamento e construir algo mais profundo.
A verdade estava ali entre nós, eu só precisava que ele decidisse se abrir melhor comigo, claro que não seria uma tarefa fácil, mas não impossível, a final ele aceitou o meu pedido não é?
— Vamos pra aula? — Ele guarda suas coisas ainda parecendo estar longe.
— Depois do jogo, Jackson, Mia, você e eu, vamos ir comemorar comendo fora. — Dizia animado.
— Já está contando com a vitória no jogo?
— Não, ganhando ou não, a vitória é você ir me ver jogar. — Beijo suas mãos, não contendo a felicidade, ter essa conversa com ele me fez tomar uma decisão.
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> Precisamos conversar.
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Segunda Chances - Romance Gay
RomanceDepois de anos sendo atormentado por Dick, Lorenzo finalmente vê uma reviravolta quando Dick confessa seus sentimentos. No entanto, um novo aluno, Marcos, entra em cena e começa a conquistar o coração de Lorenzo com sua gentileza e compreensão. Divi...