Como ele poderia fazer isso comigo? Aquilo não faz sentido, nenhum.
Cada palavra que Lorenzo disse antes de sair correndo ecoava na minha cabeça e o vazio que ele deixou para trás parecia maior a cada segundo.
Corri para as quadras, minha mente girando sem parar e embora eu quisesse ir atrás dele, alguma coisa me disse que ele precisava de espaço, mas e eu?
Peguei a bola de basquete e comecei a arremessar, com uma força maior do que deveria.
Cada vez que a bola batia no aro, minha raiva crescia, tudo o que eu queria era entender o que eu tinha feito de errado desta vez, no que eu estava errando? Era como se por mais que eu tentasse acertar, eu continuasse falhando miseravelmente.
O som da bola ecoavam pela quadra vazia, era só eu, a bola e meus pensamentos.
A adrenalina subia, a preocupação esmagava meu peito e o ódio queimava dentro de mim, será que ele estava pensando certo? Desde o enterro, Lorenzo estava diferente, mas agora ele parecia uma pessoa que eu mal reconhecia.
De repente, tudo veio à tona de uma vez... As memórias do cheiro do cabelo dele, o jeito que ele me olhou... eu senti que estava perdendo ele.
Cada jogada minha parecia falhar tanto quanto eu estava falhando com ele e eu não sabia como renovar isso, como salvar o que nós tínhamos e a única coisa que eu sabia era que eu não podia simplesmente desistir.
As lágrimas vieram do nada.
Estava tão imerso na minha frustração que nem percebi quando comecei a chorar e eu que sempre tentava ser forte estava ali, em uma quadra vazia, chorando como uma criança, tentando segurar a dor que parecia transbordar.
Foi quando ouvi Jackson me chamando, ele deveria ter me seguido, ele tinha esse jeito todo preocupado.
Eu não consegui responder, a dor era tanta que só corri até ele e o abracei com força.
— O que aconteceu, cara? — ele disse com a voz calma, mas cheia de preocupação.
Eu não consigo dizer, só eu agarrei a ele, tentando encontrar algum conforto, alguma forma de entender o caos que Lorenzo deixou para trás.
Tudo estava errado e eu não fazia ideia de como voltar, caminhamos ate a sala, pego meu celular para perguntar a ele o que ocorreu, mas recebo uma chuva de mensagens de... Mia?
[...]
Aquela sensação de traição e raiva me consumiu no segundo em que Mia contou o que estava acontecendo, eu não consigo acreditar nisso tudo o que Lorenzo estava passando e por minha causa... por causa desse desgraçado do Marcos.
Sem pensar soquei o armário com tanta força que ele afundou, a dor que senti na mão era nada comparada ao fogo que queimava dentro de mim.
— Aquele filho da puta... — rosnei entre dentes.
— Dick, espere! — Jackson veio atrás de mim, tentando me segurar, mas eu já estava decidido.
Marcos estava vagando pelos corredores com aquele ar de quem não tem medo de nada, como se o mundo fosse dele.
Eu o vi de longe e meu corpo reagiu antes mesmo que minha mente processasse, peguei sua cabeça com uma força que nem sabia que tinha e no impulso da raiva, empurrei-a contra a porta de um dos armários, o som seco do impacto ecoou no corredor vazio.
— Caralho! — Jackson falou atrás de mim, tentando me parar, mas eu não estava pronto para ouvir.
A cabeça de Marcos bateu com um estrondo, o armário tremeu com a força do impacto e a dor explodiu no meu punho, não era o suficiente.
— Quanto vale um armário, Jackson? — gritei por cima do ombro, enquanto afundava o rosto dele contra o metal mais uma vez.
Marcos estava desorientado, seu rosto já coberto de sangue, pingando no chão, ele tentou falar, mas estava visivelmente atordoado.
— Bora, desembuchá! — gritei em sua cara, segurando-o pela gola, puxando-o para perto, a raiva era um incêndio dentro de mim, provoca uma explosão por vez.
— Pelo menos você sentindo... — ele falou com dificuldade, cuspindo sangue e palavras misturadas. — Um pouco do que eu senti... moleque arrogante.
Eu o virei de frente para mim, seus olhos meio perdidos, ainda lutando para se manter de pé, mas eu não tinha pena, tudo o que ele tinha feito com o Lorenzo, a manipulação, a chantagem... ele merecia muito mais do que isso.
— Porque você fez isso com ele, seu desgraçado? — gritei sentindo meu punho tremendo, querendo socá-lo de novo, mas Jackson estava logo atrás de mim, puxando meu braço com força.
— Dick, pará! — Jackson tentou me conter, uma voz desesperada. — Isso vai dar merda, cara!
Olhei para o rosto de Marcos, coberto de sangue, seus olhos sem foco, eu queria acabar com ele, mas naquele momento, as palavras de Jackson finalmente me alcançaram.
Respirei fundo, ainda tremendo e soltei Marcos que caiu contra o armário, meio desmoronado.
— Isso não acaba aqui, Marcos — falei com a voz compartilhada de ódio, ele me olhou com medo pela primeira vez, mas não disse nada.
Ele sabia que tinha perdido o controle e eu sabia que Lorenzo precisava de mim mais do que nunca.
Jackson me afastou para longe e eu deixei que ele me levasse, tentando controlar a raiva que ainda fervia dentro de mim, mas uma coisa era certa, Marcos nunca mais tocaria no Lorenzo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda Chances - Romance Gay
RomansaDepois de anos sendo atormentado por Dick, Lorenzo finalmente vê uma reviravolta quando Dick confessa seus sentimentos. No entanto, um novo aluno, Marcos, entra em cena e começa a conquistar o coração de Lorenzo com sua gentileza e compreensão. Divi...