Dick fecha a porta do banheiro um pouco cabisbaixo, estava com medo dele aprontar algo, claro que essa coberta não iria me proteger.
Reparo na camisa que ele me emprestou, ficando envergonhado, seu quarto era incrível, ao mesmo tempo que algumas coisas estavam no lugar, também tinham as que estavam largadas de qualquer maneira.
Sua janela tinha uma vista para uma praça linda, as árvores eram volumosas e a lua refletia no pequeno lago que havia alí, se eu morasse aqui não sairia desta janela.
Ele puxou assunto a noite toda, mas não sei como devo reagir a isso, mando mensagem para a Mia que manda eu dormir com um olho aberto e um fechado.
Minha mãe me mandou um áudio caloroso de boa noite, o que me conforta. Não importa o que Dick falava para se desculpar, não conseguia perdoá-lo, não assim tão fácil.
Ele sai do banheiro apenas com um samba canção, sinto meu corpo se arrepiar ao ver seu corpo moreno sem camisa, ele possuía alguns pelos abaixo do umbigo que desciam até seu samba canção, a sua entradinha da felicidade estava bem definida e nem preciso dizer do seu físico.
Mudo o olhar quando ele sorri de canto de boca e cochicha: "Sou um bom número dois pra você?", ele se joga na cama, mas antes faz questão que eu o olhe mais uma vez, ficando de pé na minha frente.
— Acho melhor você colocar uma cueca. — Ele pula na cama sem jeito.
— Deu pra ver?
— Não, mas estava me incomodando.
— Lorenzo... — Ele dizia com um certo desconforto. — Como você descobriu que era gay?
— Acho que eu sempre soube, mas foi quando entrei no ensino médio. Eu acabei gostando do meu melhor amigo, besta né? — Rimos sem jeito. — Eu simplesmente não conseguia não reparar nele e quando a gente conversava eu sentia um conforto e uma alegria enorme, mas ele não aceitou bem.
— Nossa, pior que eu entendo, já gostei de uma melhor amiga minha.
— E como foi?
— Ela riu e disse que não me via com maldade, beijou minha bochecha e mudou de assunto.
— Amorosa. — Começo a rir.
— Fiquei mal com isso tá.
— Que peninha. — Debochei, sentindo ele bagunçar meu cabelo novamente.
— Posso? — Sua voz soou quase como um pedido, e eu podia sentir a hesitação em suas mãos.
— Você já está com a mão aí. — Admiti, escondendo minha satisfação ao sentir seus dedos deslizarem pelos fios. — Por que está fazendo isso?
— Seu cabelo é macio. — Sua resposta veio suave, quase como um sussurro.
— Estou achando estranho. — Confessei, minha voz soando incerta.
— Qual foi? — Ele empurrou minha cabeça levemente com uma expressão desafiadora em seu rosto.
— Eita, machucou? — Ele perguntou me olhando sem jeito
— Você liga? — A pergunta saiu rápida e com uma certa emoção contida.
— Cara, chega desse jogo, me fala, o que podemos fazer para começar isso de novo? — Sua voz estava misturada com frustração e esperança.
— E por que você quer começar isso de novo? — Minha voz soou mais séria agora, uma nota de desconfiança presente em cada palavra.
— Eu não sabia da sua situação, não sabia que isso estava ferindo você, nem te prejudicando. — Se explicou em um tom que se tornou um pouco mais urgente.
— Então agora você quer ser meu amigo? — Havia um toque de descrença de minha parte, como se eu duvidasse de suas intenções.
— Eu não posso tentar? — Perguntou sem jeito
— Não posso mentir, não é algo que eu queira. — Minha fala saiu firme, sem espaço para argumentos.
— Então vou mudar isso. — Sua determinação transpareceu em suas palavras, apesar da incerteza que eu sentia, mas não iria me deixar ceder.
— Dick, só me deixa em paz, beleza? Você já não interferiu demais na minha vida? — Minha voz estava cheia de emoção agora, uma mistura de frustração e exaustão.
Ele ficou em silêncio, o que me deixou assustado. Ele se virou para o outro lado da cama e me deu um "boa noite" seco.
— Dorme bem...
[...]
— Bom dia Lorenzo. — Ele me chama abrindo as cortinas. — Vem veste as roupas e vamos tomar café, precisa pegar algo em casa?
— Bom dia, não preciso não. — Me levanto sem jeito dobrando as cobertas.
— Vem lanchar então, minha mãe foi trabalhar já, mas vou levar a gente para o colégio. — Ele também ajeita sua cama e coloca um livro em sua mochila.
— Você está levando livros? — Debocho.
— Não preciso interferir em mais nada, só vou te levar porque fiz você vir até aqui a força, não precisa me ajudar com o restante dos trabalhos, obrigado pela ajuda. — Dava para sentir o peso em suas palavras, ele estava chateado.
— Ei, Dick? — Ele sai do quarto me deixando sozinho. Desço as escadas, sua casa era linda, as cores predominantes eram branco e cinza, trazia um certo luxo e beleza. — Eu não quis dizer aquilo.
— Não te culpo, mas de boas. — Ele me entrega uma xícara de café e prepara um misto quente. — Temos 20 minutos.
— Eu fui inflexível ontem...
— Já disse que não te culpo. — Ele se mantinha seco. — Quem te deve desculpas sou eu, já sou essa pessoa pra você, nada mais importa.
— Isso é importante para você?
— Por que nunca me contou? — Ele fica indignado. — Você abaixava a cabeça e deixava eu destruir tudo que era importante pra você.
— Você não me deixava falar... — Cochicho enquanto ele soca as coisas na pia.
— Porra Lorenzo!
— Ei, relaxa, já passou. — Tento confortá-lo, era pra ser ao contrario, mas ok.
Ele me abraça um pouco sem jeito, me entrega um misto quente quando se afasta.
— Vou colocar nossas mochilas no carro, termina o seu café e vamos, você pode me ajudar a estudar para as outras provas? Eu não queria pedir, mas você sabe, se quiser...
— Eu posso tentar. — Fico desconfortável com a situação.
— As coisas vão melhorar, eu prometo...
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Segunda Chances - Romance Gay
RomanceDepois de anos sendo atormentado por Dick, Lorenzo finalmente vê uma reviravolta quando Dick confessa seus sentimentos. No entanto, um novo aluno, Marcos, entra em cena e começa a conquistar o coração de Lorenzo com sua gentileza e compreensão. Divi...