Capítulo 5 - Lorenzo

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Ótimo, agora ele descobriu onde eu trabalho, tudo que eu precisava.

— Lorenzo, coloca os bolos para assar. — A Michaela gritava pelo balcão. — Lembra de limpar a máquina expresso e de colocar os pães doces na vitrine. — Ela corria para lá e para cá, e novamente me chama. — Presunto e queijo, precisa fatiar, lembrei!

— Pode deixar. — Confirmo. Nesta troca de turno era apenas eu e ela, então deveríamos correr.

— Eu comprei os remédios que você me pediu, posso descontar de hoje? — Michaela não era nada mais, nada menos que a filha do dono.

— Pode sim, obrigado Miih.

— Magina, como o tio está?

— Ah do mesmo jeito, mas não pode ficar sem seus remédios. — fico um pouco chateado com o assunto.

— Entendo, sinto muito. — ela também parece estar bem desapontada.

A tarde havia começado, hora de colocar a mão na massa. Não é que eu não gostava de trabalhar aqui, mas era bastante exaustivo, devido a minha situação no colégio, Miih preferiu me deixar pro lado de trás do balcão, o que é um grande alívio.

Chat on
< Posso te buscar na saída? — O celular em cima da mesa acende, Dick me mandava mensagem, mas ignorava, não poderia respondê-lo agora.

— Miih eu te contei do Dick?

— O babaca? Boa tarde amor, o que vai querer hoje? — Miih conversava comigo enquanto atendia uma das clientes da loja.

— Agora ele quer ser meu amigo.

— Ah fala sério depois de toda aquela cena? — Ela pega um expresso e um doce da padaria dando para a senhora. — Deu 15 reais, amor, só isso hoje? Leva esse brigadeiro, por conta da casa.

— Michaela, Michaela. — A senhora ficava sem jeito.

— Aí dona Arlete para com isso, a senhora é cliente fiel, merece um mimo.

— Sendo assim separa um para você e um para a gracinha do seu amigo apaixonado, o tom de vocês jovens entregam tudo.

As duas sussurram e riem juntos.

— Mas Lorenzo, o que você acha de tudo isso?

— Eu não sei o que achar, ele me deu livros novos e não para de mandar mensagem...

O celular vibra.

— Viu?

< Você deve estar ocupado né? Mas tudo bem, vou ficar aguardando a sua mensagem, só preciso que pense onde quer terminar o trabalho, quer vir para a minha casa novamente?

Ignoro mais uma vez, apenas lendo por cima.

— Vou para a casa dele ou não?

— Isso está um pouco estranho em, tome cuidado.

— Pode deixar.

— Amigo, esqueci de colocar as tortas na vitrine.

— Deixa comigo. — A correria era tanta, mas poder ter a companhia da Michaela valia apena, ficávamos das 13 as 18 juntos e recebíamos 80 reais por diária, seu pai dava uma força pra gente, o que me salvava muito, não poderia reclamar.

Fora os lanchinhos que sempre ganhavamos, eu amava o bolo de limão e a torta de banana com canela, era os doces mais gostosos da loja.

E a gente beliscava os doces e pães que não ficavam tão bonitos para vitrine, era o paraíso.

[...]

— Não vai me responder? — O vidro do carro desceu assim que cheguei na esquina, Dick me encarava sério.

— Desculpa, estava tão cansado. — Minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria, me sentindo desconfortável diante de sua expressão séria.

— Não quero você andando essa hora na rua não. — Ele falou com um tom preocupado, mas também um pouco autoritário.

— Você me fez ir andando até sua casa às 8 da noite e eu sei voltar para casa. — Eu me aproximei do carro, sentindo a tensão entre nós. — Falando assim, parece até meu namorado.

— Foda-se, vamos pra casa? — Ele mudou rapidamente de assunto, impaciente.

— Hoje não posso, preciso levar os remédios para minha mãe. — Olhei para trás, vendo alguns alunos saindo da escola. — Preciso ir. — Eu tentei me afastar, mas ele entendeu o recado quando olhou pelo retrovisor.

— Entra aí, pô, te deixo em casa. — Ele insistiu, parecendo mais suave agora.

— Não precisa. — Eu hesitei por um momento, sentindo-me desconfortável com sua insistência.

— É o mínimo que posso fazer, entra aí, olha os meninos do time estão saindo. — Ele apontou para os colegas saindo da escola, como se fosse uma desculpa para me convencer.

Eu corri para dentro do carro, cedendo à sua persuasão.

— Você pode me deixar na esquina então? — Eu pedi, tentando manter um pouco de independência.

— "Por favor, Dick?" Você esqueceu de dizer — Disse com um sorriso irônico, mas sua expressão amolecida.

— Você que insistiu, quer que eu desça? — Eu fingi abrir a porta do carro, o que ajudava a quebrar o clima tenso.

— Vamos? — Ele acelerou o carro, e eu suspirei.

Ele mantinha os olhos na estrada e me olhava pelo retrovisor, disfarçando, é impressão minha ou estava rolando um clima entre a gente, Mia vai ter náuseas só de saber.

— Você quer comer algo? — Ele corta o silêncio. — Eu posso comprar algum lanche pra gente.

— Não, obrigado, eu já comi. — encosto a cabeça no banco descansando um pouco. Já estávamos perto de casa. — Mãe? — Ele para o carro assim que eu a visto.

— Filho, você conseguiu uma carona?

— É um colega da escola.

— Entra tia, deixo a senhora em casa.

— Muito gentil, querido, obrigada. — "Não, isso não pode estar acontecendo."

— Não sabia que meus filhos tinham colegas tão educados, nem colegas. — Ele se gaba sorrindo para mim, enquanto ela ajeita as sacolas do mercado.

[...]

Minha mãe insistiu para ele entrar, disse que ele merecia um cafe por ser gentil com a gente. Ele conversou com ela, parecia que já havia passados horas.

— Ele tem a cabeça avoada, não sei como ele perde tantos livros, esse colégio deve ser uma loucura né? — Ela entrega para ele mais um pouco de café. — Ele gastou 800 reais de livro uma semana e comprou os remédios do pai, não sei da onde esse menino tira tanto dinheiro.

— Vou ajudar ele com os livros. — Ele engolia o cafe como se fosse algo seco, estava nitidamente constrangido.

— Ele te falou da escola antiga? — E la vai ela, começar a contar todas as histórias, Dick prestava atenção genuína, aquilo foi chocante, seus olhos se encontravam poucas vezes com o meu, enquanto ajudava ela a preparar a janta, na qual ele já havia sido convidado... a noite iria render.

Segunda Chances - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora