Depois da minha conversa com Dick, fiquei um pouco inseguro. Estava cedo demais para dizer se Marcos e eu teríamos algo. Na verdade, eu queria despistá-lo um pouco.
Não é que eu não gostasse de Dick, mas ele começou a ser um pouco do oposto do que era, isso me deixava um pouco receoso, pelo menos agora não gastava todo meu salário para recuperar minhas coisas.
Era claro que ele estava tentando ser encantador, mas com um histórico como aquele, ceder tão facilmente seria um erro. Dick era muito complicado, assim como nossa história.
Marcos já era o oposto. Um jovem assumido, também gostava de esportes, mas não estava envolvido em nenhuma atividade agora. Ele era alto, branco, com cabelos castanhos que ele penteava para trás e seus olhos possuem a mesma cor. Tão bonito quanto Dick, mas com um ar mais tranquilo e seguro.
Chat on
< Você quer ir ao cinema comigo? (Marcos)
< Quer vir em casa depois do serviço? Eu busco você. (Dick)Chat off
Era incrível como, em pouco tempo e sem as implicâncias de Dick, minha vida tinha melhorado 99% no colégio. Ainda me sentia ressentido e amedrontado perto dele. Como ele mudou seu ponto de vista tão rápido? Alguma ficha caiu?
Acabei recusando o convite de Dick e aceitando o de Marcos. Ele prometeu que o filme e a pipoca seriam por sua conta, não podia recusar.
A tarde havia esfriado, e eu esqueci de trazer um agasalho. Despedi-me da Miih enquanto ela abaixava a porta da loja e pedia para eu tomar cuidado.
— Bora, bora? — Marcos buzina na moto. — Corre, caralho, a chuva vai aumentar.
Corri para a moto e peguei o capacete, sentindo a chuva ficar mais fria e o céu cair sobre meus ombros.
— Segura firme, amor. — Marcos disse, com um sorriso provocante. Morri de vergonha com essa fala, mas segurei firme em sua cintura.
— Preparado para pipocas, filme e ação?
— Claro, faz tempo que não me divirto. — Aumentei o tom de voz, tentando lutar contra o vento que começava a soprar com mais força.
Odiava o jeito que o vento vinha violentamente, era como se, por destino, ele desejasse se opor a nós. Teimosos, nós o cortávamos. Era doloroso pensar assim, que talvez Dick fosse o vento que vinha descontroladamente e me jogava para longe. Como posso ver esse mesmo furacão como uma brisa que agora busca me acolher?
Não, não queria pensar nisso agora. Marcos acelerava a moto, fazendo meus pensamentos se concentrarem em segurá-lo.
— Vou empinar a moto, hein? Segura. — Ele provocava, batendo as mãos no acelerador.
— Vai, porra nenhuma. Se controla aí. — Apertei sua barriga, repreendendo-o.
Senti o calor do corpo de Marcos e me permiti sorrir. A sensação das gotas de chuva aumentando em intensidade, misturadas com o vento frio, fazia com que cada momento em sua companhia fosse mais vívido. A cada curva, a cada aceleração, o som da chuva e do motor se misturavam em uma sinfonia caótica e perfeita.
Era bom, pelo menos por um momento, não pensar em Dick e apenas aproveitar o que a noite prometia. Marcos guiava a moto com destreza, e eu me permitia relaxar, confiando que, pelo menos agora, estava seguro.
O vento cortava nosso caminho com fúria, mas Marcos mantinha o controle firme, mostrando que nada iria nos deter. Meu coração batia acelerado, não só pela velocidade, mas pela emoção de estar com ele. Cada gota de chuva que tocava minha pele parecia limpar um pouco das memórias dolorosas que Dick tinha deixado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda Chances - Romance Gay
RomanceDepois de anos sendo atormentado por Dick, Lorenzo finalmente vê uma reviravolta quando Dick confessa seus sentimentos. No entanto, um novo aluno, Marcos, entra em cena e começa a conquistar o coração de Lorenzo com sua gentileza e compreensão. Divi...