✮𝘾𝙐𝙄𝘿𝘼 𝘽𝙀𝙈 𝘿𝙀𝙇𝘼 (𝘼𝘽𝙀𝙇 𝙁𝙀𝙍𝙍𝙀𝙄𝙍𝘼)✮

Capítulo 5

𝐍ã𝐨 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐢𝐠𝐨 𝐨𝐥𝐡𝐚𝐫 𝐧𝐨
𝐅𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐭𝐞𝐮𝐬 𝐨𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐄 𝐞𝐧𝐱𝐞𝐫𝐠𝐚𝐫 𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬
𝐐𝐮𝐞 𝐦𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐦 𝐧𝐨 𝐚𝐫...
De Janeiro a Janeiro
- Nando Reis
e Roberta Campos

Abel Ferreira

Quando Maria Vitória me ligou, noite passada, senti uma dor no peito ao ouvi a sua voz tão desesperada pedindo ajuda.

Eu quase havia viajado com o time para Santa Catarina, mas como estava suspenso acabei não indo, e que sorte!
Ver Maria Vitória sozinha no meio da rua, desamparada, com a mão ferida e chorando, fez acreditar que foi o destino que me fez ficar em São Paulo.

Agora são exatamente 9 horas da manhã, eu acordei antes dela, e quando me levantei, a vi dormindo profundamente então levanto pé por pé, para não acorda-la, saindo do quarto Paçoca me recebe com pulos e alguns latidos que me faz ter que pega-la no colo para conter sua empolgação.

Agora mais calma, ela anda pelos meus pés, enquanto eu preparo um café da manhã para Mavi, panquecas doce, com café, eu não sou nenhum mestre cuca, mas minhas panquecas não são de se jogar fora.
Até pensei em procurar alguma padaria por perto e comprar as coisas prontas, mas fiquei com medo dela acordar e achar que a deixei sozinha.

Eu tenho que confessar... Maria Vitória mexeu demais comigo, estou divorciado há 1 ano e meio, e não estou procurando ninguém, estou satisfeito com meu emprego no Palmeiras, estou satisfeito com a minha família alviverde, e as minhas filhas, que agora moram no Brasil também com a Ana, e sempre vão me visitar. Mesmo divorciados, Ana não quis voltar para Portugal, as meninas estão encantadas pelo Brasil. E assim eu fico feliz, em poder te-las por perto.

Elas ainda não aceitaram muito bem nossa separação, e muitas vezes querem mexer no assunto, dizendo que Ana sente minha falta...
Mas a verdade dura é que mesmo eu ainda sentido algo pela minha ex mulher, nossa relação estava se tornando insustentável, nós não éramos mais as mesmas pessoas do começo do casamento e eu jamais aceitaria que o respeito e admiração que sinto pela mãe das minhas filhas acabasse...

E agora? Agora apareceu essa moça 16 anos mais jovem que eu, mas que em uma simples troca de olhares fez ascender alguma coisa aqui dentro. Maria Vitória é doce, é inteligente, tem uma energia contagiante, um amor imensurável pela família, que é algo que me faz admira-la incansavelmente, além da força de vontade em evoluir profissionalmente.

Mas como se já não fosse um grande empecilho nossa diferença de idade, ela ainda tem um noivo, um noivo que apesar de (segundo as minhas próprias conclusões) não trata-la bem, ela o ama, ele deve ser jovem, e bonito... Não teria cabimento algum um senhor como eu querer disputar ela com ele, mas mesmo assim sempre que ela precisar eu vou me contentar em curar suas feridas, sejam do coração, ou físicas...

Se eles vão se casar, devem estar juntos a muito tempo, e Maria Vitória deve ter certeza do que está fazendo...

- Abel?

Sou tirado dos meus pensamentos com uma voz doce vindo da entrada da cozinha. Quando me viro, vejo ela de pijama ainda, com a cabeça encostada na parede, e os olhos meio inchados, talvez a mistura de tanto choro e uma noite de sono.

- Bom dia Mavi, dormiu bem? - pergunto para ela que forma um sorriso singelo, e caminha até minha direção.

- Bom dia, dormi bem e você? - ela fala olhando para o que eu fazia no fogão.