Capítulo 30

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MARIA VITÓRIA FERREIRA 

Estava na minha sala da construtora mostrando a minha ultrassom para Mathias que olhava as fotos dum jeito engraçado, acho que ele não tava entendendo nada, mas estava dedicado a entender.

— Olha o Vinícius fez um vídeo e da pra ouvir os batimentos. — eu falo alcançando o celular para ele.

— Uau... É muito rápido... Tão pequeno e o coração é tão forte. — ele fala meio emocionado e eu achei muito fofo.

— Então é isso mesmo? 

Aquela voz ecoando na minha sala fez meu corpo gelar.

— Abel? O que você faz aqui? — Eu questiono sentindo meu coração disparado .

— Eu vim tirar minha dúvida, mas nem precisei perguntar nada... Você está grávida Mavi. — ele fala num misto de alegria, tristeza, e não sei mais o que.

— Abel... Eu...

— E todo mundo sabe menos eu? Até ele sabe! — Abel fala apontando para Mathias.

— Eu acho melhor deixar vocês conversarem a sós, se a senhorita precisar de mim é só me chamar.

— Obrigada Mathias...

— É... Obrigado Mathias. — Abel fala com raiva  aparente no tom de voz.

A gente espera Mathias sair e fechar a porta, então Abel se volta para mim, a raiva havia passado, mas ele estava claramente ansioso.

— Quando você pensava em me contar isso?

— No dia que eu vi você e aquela mulher juntos!

— Maria Vitória, aquilo foi um mal entendido, eu não a beijei, ela me beijou.

Ri num misto de amargura e sarcasmo.

— Você queria isso Abel! Você pode até dizer que não, mas seu subconsciente queria.

— Da onde você tá tirando isso Maria Vitória? — ele fala incrédulo. — Eu nunca quis beijar a Ana Júlia.

— Conta outra Abel Ferreira! Na minha opinião esse negócio de "eu não quis fazer isso ela que me agarrou" só cola em novela, primeiro, eu acho que se uma pessoa não quer alguma coisa existem mil maneiras de se esquivar, virar o rosto, se afastar... São inúmeras possibilidades, eu nunca passei por isso, mas eu sei que se um dia alguém querer me "beijar a forçar" eu tenho maneiras de me esquivar.

Ele pisca demoradamente, insatisfeito e frustrado, eu não tava afim de baixar a guarda para ele.

— E outra coisa Abel, eu vi muito bem onde seus braços estavam, não era nem do lado do seu corpo, nem a empurrando... Eu vi!

— Mavi... Por favor. — ele fala tentando manter a calma.

— Eu sempre senti algo ruim entre vocês dois, as ligações fora de hora cheia de risos... Não foi uma vez Abel, foi várias, mesmo você dizendo que iria dar um basta. Ela sabia mais da sua vida do que eu. — eu falo perdendo a paciência gesticulando com os braços — Ela sabia seus horários, ela arrumava as coisas pras suas viagens, até nossa viajem para  Interlagos foi ela quem organizou tudo Abel. Só faltava você a convidar para um cafezinho no nosso apartamento. Agora não me diga que eu estou ficando louca porque, mesmo você dizendo que não queria a beijar, você deve ter dado liberdade para ela se sentir confiante para tomar essa iniciativa. Vocês dividem a mesma sala minúscula todos os dias...

— Ela não é mais a minha assistente, eu a dispensei.

Ele fala achando que isso amenizaria as coisas, e eu ri sem graça novamente.

— Você me falou que a Leila te obrigou a aceita-la e vem me dizer que agora conseguiu dispensa-la assim?  Tenha dó Abel.

— Mavi, eu vim aqui pra gente acertar as coisas, eu te amo. — ele fala suplicante, por um momento meu coração quase sedeu, mas eu permaneci firme em minha posição.

— Eu também te amo Abel, mas acho que nosso tempo já passou, você não faz ideia do quanto eu esperei que você chegasse por essa porta e dissesse que estava disposto a enfrentar tudo pela gente. Que você me defendesse, que você desse a cara a tapa, mas você nunca fez isso. Você nunca se pronunciou pra me defender, pra defender nosso amor. Você foi fraco.

Nesse ponto da discussão nós dois já estávamos chorando, mas mesmo com as lágrimas rolando eu conseguia ser firme em cada palavra, andando de um lado pro outro da sala, enquanto ele estava sentando na cadeira, segurando a cabeça com as mãos, e os cotovelos na mesa, apenas me ouvindo...

— Você nunca se pronúncia, nem pra se defender e nem pra me defender. Eu saí de lá, desisti do nosso relacionamento, porque eu estava cansada, e você? Você só aceitou, você não lutou por nós.

— Me perdoa Mavi. Me perdoa... Você tá certa eu... Não soube lutar por nós dois, mas agora eu estou disposto a lutar por nós três.

— Esse filho é seu Abel, e eu nunca vou impedir você de ser pai, de você o visitar de ver ele crescer... Você é um pai incrível para as meninas, e eu tenho certeza que será para ele... Ou ela. — falo passando a mão na minha barriga. — mas não vai passar disso. Eu sempre fugi das coisas, fugi de enxergar o traste que o Guilherme era, fugi de enfrentar ele antes do casamento e dizer que não queria mais aquilo.... Fugi do ódio gratuito que jogaram em cima de mim por tua causa. Mas agora eu não vou fugir da minha decisão, como eu já te falei, o nosso tempo acabou Abel.

Ele não disse nada, ficou ali parado, soluçando chorando sem parar, eu estava muito estressada e não dei atenção a dor que sentia na barriga, até que aquilo se intensificou, e eu coloco minha mão na barriga me agachando no chão.

— Maria Vitória... O que você tem? — sinto as mãos de Abel me segurar, — tá tudo bem? ALGUÉM ME AJUDA! 

NOTAS DA AUTORA:

• A Mavi está irredutível na decisão, e o Abel não conseguiu nem se defender.

• Eu não tô chorando, vocês que tão!

• Dois capítulos no dia! Valorizem eu viu? 🥹

•Continuo? Votem e comentem muito pra eu saber! 

Volto em breve 💚🐝

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