Capítulo 22

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ABEL FERREIRA

Maria Vitória aparece na sala pela manhã com os olhos inchados e o nariz vermelho.
Engulo seco e respiro fundo.

Eu não imaginei que isso seria tão difícil, para mim não é, eu não ligo pro que essa mídia comprada fala a meu respeito, mas o que estão fazendo com a Maria Vitória é covardia.

E como se não bastasse, o time não conseguiu ganhar dois jogos que aos olhos da torcida eram dados como ganhos, o que está gerando mais comentários negativos, e agora envolvendo até ela.

- Meu amor você precisa parar de ler essas coisas que aparecem na internet! - eu falo tirando o celular da mão dela.

- Eu não aguento mais isso Abel, estão me culpando pelos jogos perdidos, estão dizendo que você está mais preocupado com a tua garotinha, do que com o Palmeiras.

Ela me olhava com lágrimas nos olhos.

Eu estava revoltado, irado, pois a culpa era só minha, eu que fiz as escolhas erradas.

- Isso vai passar meu amor!

Eu falo sentando do lado dela fazendo um carinho em seu rosto.

- Eu não sou acostumada a receber tanto ódio gratuito desse jeito, não aguento mais isso.

Ela fala se levantando.

- Onde você vai? - eu falo me levantando também.

- Pra construtora, eu preciso trabalhar, não quero que comecem a dizer que eu estou usurpando seu dinheiro.

Ela pega a bolsa e sai batendo a porta, eu me encosto no sofá fechando os olhos.
Que ideia estúpida que eu tive de aparecer com ela assim...

Depois de um tempo, eu também vou em direção ao CT.

Não estava nem um pouco animado, a minha vontade era responder todas as coisas ruins que falavam dela, mas eu nunca fui de sair respondendo a essas matérias tendenciosas.

Quando chego ao campo, os jogadores estavam aquecendo, e João se aproxima.

- E ae, como ela tá? - ele fala parando do meu lado, enquanto observamos os rapazes.

- Mal. - eu falo amargo. - eu nunca imaginei que isso fosse afetá-la tanto.

- É normal, ela era uma anônima até pouco tempo.

- Eu a amo demais pra ver ela sofrendo assim, eu não queria que nosso amor fizesse mal pra ela. - desabafo.

- Eu sei. - ele fala pondo a mão em meu ombro.

- Eu queria ser o refúgio dos problemas dela, e não a causa deles, sabe, agora que as coisas estavam dando certo pra ela, ela se livrou daquele ex, herdou uma herança boa, tem uma empresa própria, talvez nem precise mais exercer a advocacia, a vida dela podia estar perfeita se não fosse eu.

- Hei calma aí, você não a obrigou ficar com você. - ele fala erguendo as mãos. - ela tá com você porque te ama, e amar é isso mesmo, é arriscar tudo.

Eu sei que ele tem razão, mas estava sendo horrível ouvir ela chorar de noite escondida, achando que eu não estou vendo.

- Vamos treinar, relaxa um pouco, vai ficar tudo bem! - ele fala me empurrando para sair do lugar.

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